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Estado de Minas artigo

Trajetória de um grande jornalista

Desde cedo, Deusdedith abraçou o jornalismo como profissão de fé.


29/10/2022 04:00






Teodomiro Braga, 
Danilo Andrade e José Edward Lima
Jornalistas

Cidades, estados e países se constroem com o somatório das contribuições e realizações do seu povo – de todos e de cada um. Na última semana, Belo Horizonte,  Minas e o Brasil perderam um cidadão que dedicou sua vida ao campo da comunicação, atuando como jornalista em veículos de imprensa, em órgãos públicos e instituições privadas. Adicionalmente, de forma bissexta, atuou também como professor e conferencista, compartilhando suas experiências de vida e de profissão.  Nos referimos a Deusdedith Righi de Aquino, que nos deixou, inesperadamente, na última semana, aos 71 anos de uma vida bem vivida.
 
 
 
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Desde cedo, Deusdedith abraçou o jornalismo como profissão de fé. No curso de exatos 50 anos de lida jornalística, ele foi múltiplo, com passagens exitosas na imprensa escrita, no rádio e na televisão. Política e economia foram sempre suas áreas preferidas, e por essas editorias, com rara desenvoltura, circulou como repórter, editor e articulista perspicaz. Quando necessário, sua pena era ferina, embora tivesse pendor prioritário para a paz e a conciliação.

Foi também como jornalista que Deusdedith chegou ao serviço público, inicialmente como assessor da Secretaria da Fazenda de Minas Gerais. Teve, assim, a ímpar oportunidade de participar do espetacular “boom” de industrialização do estado, cujo maior ícone, ainda hoje, é a Fiat Automóveis. A instalação da montadora italiana, em Betim, foi um emblemático divisor de águas entre a indústria vigente no estado até o final dos anos 60 e o moderno parque industrial que seria construído a partir da década de 70 – moderno, diversificado e com real agregação de valor ao ferro e a outros minérios vastamente extraídos das Minas Gerais.

Como dizia o chefe de Deusdedith à época, o secretário da Fazenda João Camilo Penna, Minas Gerais ainda era um estado exportador de minérios e de mineiros. Cumprindo essa sina, foram juntos para Brasília, a convite do então presidente Ernesto Geisel – Camilo Penna como Ministro da Indústria e Comércio, e ele como seu chefe de gabinete. Ali, vivenciou bem de perto a fase final do “milagre brasileiro”, período em que a economia nacional cresceu a taxas excepcionais e inéditas.

Deusdedith não se esquecia de Minas, embora fosse paulista de nascimento. Apesar de não ser mineiro de nascença, ele o era de alma e coração. Torcedor abnegado do América, transferiu sua paixão pelo Coelho aos filhos Rodrigo e Flávia, e à neta Fernanda. 

Encerrado seu primeiro ciclo em Brasília, ele retornou a Belo Horizonte, onde, durante três anos, cuidou do marketing do Bemge, trabalhando no estiloso prédio projetado por Oscar Niemeyer no coração da Praça Sete, de onde podia ver o Pirulito e o antigo Cine Brasil, joia da arquitetura dos primeiros anos da capital mineira. 

Voltaria logo a Brasília, para integrar o governo do presidente Tancredo Neves, que, como todos sabemos, não chegaria a tomar posse. Ele, no entanto, permaneceria por lá, como chefe de gabinete do mineiro Ronaldo Costa Couto, primeiramente no Ministério do Interior e, depois, na Casa Civil, no governo de José Sarney. Viria a ter ainda outra passagem pela capital federal, atuando como diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais, a convite de Paulo Cabral, então presidente dos Diários Associados e dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas.

Após retornar às suas “raízes mineiras”, trabalhou na Fiat, em Betim, que vira nascer, e na Fundação Dom Cabral, a convite de outro grande amigo, Emerson Almeida. Em 2002, passou a trabalhar como chefe de gabinete da Fiemg, nas gestões de Robson Andrade. Em 2010, quando Robson deixou a Fiemg para assumir a presidência da CNI, ele continuou por um período no mesmo posto, agora na gestão de outro amigo, Olavo Machado. Nessa condição, organizou um relevante livro, intitulado “O discurso da indústria – 1983-2013”, com análises dos discursos proferidos pelos sucessivos presidentes da entidade durante o período, nos eventos comemorativos do Dia da Indústria.

Quem conviveu com Deusdedith é testemunha de uma história de simplicidade, discrição, compromisso, entusiasmo e amor à verdade. Além de ser apaixonado pela profissão, amava profundamente a família e tinha como principal hobby prosear com os amigos. No domingo cedo, quando chegou a notícia de sua morte, os amigos teimavam em não acreditar. No entanto, tivemos todos de nos render à verdade verdadeira de uma de suas frases preferidas: “Não dá para brigar com a notícia”. Era verdade. Vá com Deus, Deusdedith!


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