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Estado de Minas artigo

Existe democracia na saúde?


10/06/2022 04:00





Everton Cruz
CEO da Mooh!Tech


É consenso que o acesso à saúde é um dos maiores problemas do país. Que atire a primeira pedra quem nunca foi ao hospital e não conseguiu ser atendido, seja por fila, falta de profissionais ou medicamentos. A combinação problemática de falta de estrutura e informação causa um sentimento de desamparo quando falamos do bem-estar da população. Embora a saúde seja um direito universal previsto pela Constituição Federal, será que todos os brasileiros conseguem ter o mesmo acesso a consultas e exames laboratoriais?

A resposta é “não”. Para se ter uma ideia, três em cada 10 brasileiros nunca foram atendidos por um médico. O cenário fica ainda mais complicado quando levamos em consideração que mais de 90% dos centros de exames do país são privados, como apontam dados do IBGE. Essa defasagem compromete o tratamento adequado das doenças, já que a maioria das decisões médicas levam em conta o diagnóstico de exames laboratoriais. Também dificulta o acompanhamento de doenças crônicas, como colesterol ou diabetes, maiores fatores de risco à saúde no Brasil.

Além disso, o acesso à saúde pode ser ainda mais limitado quando analisamos as regiões do país. Enquanto Sul e Sudeste têm mais apoio e infraestrutura, as demais regiões sofrem de um acesso precário que resulta no declínio na qualidade de vida da população. Como prova disso, Roraima (53,1%) e Amapá (51%) apresentam o menor índice de vacinados com duas doses contra a COVID-19 no Brasil. No geral, estados do Norte registram reforço abaixo de 30%, de acordo com o Ministério da Saúde.

E por falar nela, a pandemia também agravou o quadro de desigualdade em todas as esferas. Uma pesquisa publicada em abril pela Fiocruz apontou que 11,8% dos brasileiros deixaram de procurar a rede de saúde pública durante a crise sanitária do coronavírus. O desgaste com o sistema, suas burocracias e, em alguns casos, o alto custo dos medicamentos afastaram a população das clínicas e hospitais.

Como reflexo desse afastamento, a automedicação cresceu significativamente no Brasil no último ano. No Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, em 5 de maio, o Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ) apontou que o número de pessoas que tomam remédios por conta própria passou de 76%, em 2014, para 89%, em 2022. A verdade é que hoje em dia a maioria das pessoas – para não dizer todas – que sentem uma dor de cabeça, dor de barriga ou mal-estar se dirige à farmácia e se automedica.

Mas a população não pode ir pelo caminho mais fácil, que, aliás, também é o mais perigoso. Antes de qualquer coisa, é necessário procurar atendimento especializado. A boa notícia é que muitos testes essenciais, como os de diabetes, pressão e HPV, para citar alguns exemplos, estão disponíveis em farmácias. Ou seja, é possível ter cuidados primários fora das clínicas ou laboratórios, considerados elitizados. A ideia é que as farmácias auxiliem nessa triagem, para posteriormente encaminhar o paciente para um posto de saúde ou hospital particular, dependendo do seu quadro clínico.

Assim, se evidencia a necessidade de políticas voltadas para a saúde e para a implementação de tecnologias, como forma de facilitar a democratização de uma saúde de qualidade e acessível para todos. Graças ao desenvolvimento de novas soluções no mercado, está sendo possível fazer o controle profilático de doenças. Como exemplo, temos o passaporte digital da vacina e apps integradores de prontuário médico entre farmácias, hospitais, clínicas e laboratórios.

Nessa jornada, organizações públicas e privadas devem avançar juntas na inovação, para aumentar o acesso não só aos exames, mas à saúde de forma geral em nosso país. Certamente, a verdadeira democratização da saúde apenas acontecerá quando cada cidadão tenha a possibilidade de usufruir de um sistema de qualidade sempre que necessário. Afinal, a saúde é um bem básico.


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