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Estado de Minas artigo

A história da Black Friday


22/11/2021 04:00

Victor Missiato
Doutor em história, professor do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília e membro do grupo Intelectuais e Política nas Américas


A sexta-feira costuma ser um dia de muitas alegrias para os brasileiros. “Sextou” tornou-se um verbo em homenagem ao fim do expediente e à expectativa do final de semana. Todavia, nem sempre a sexta-feira teve esse mesmo sentido. Tradicionalmente, possui um sentido ligado à tristeza ou ao infortúnio. A sexta-feira mais conhecida da história remete à morte de Jesus Cristo, único dia do ano em que missas e cultos não se realizam.

Na mitologia nórdica, há a história de um banquete em que Loki, ao não ser convidado para um jantar organizado por Odim, matou um dos convidados. No século XIV, o rei Felipe IV entrou em conflito com a Igreja Católica e tentou adentrar a ordem religiosa dos Cavaleiros Templários, sendo negada sua admissão.

Descontente com tal decisão, o rei teria ordenado a perseguição dos templários em uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307. De lá pra cá, a sexta-feira 13 ganhou maior notoriedade nas telas de cinema, quando o assassino Jason aterrorizou diversas pessoas em suas várias edições.

No caso da chamada Black Friday, a primeira vez em que o termo apareceu foi em setembro de 1869, quando Jay Gould e James Fisk, dois especuladores, ludibriaram o sistema financeiro norte-americano ao especularem em torno da compra e venda da distribuição do ouro, então principal fonte de lastro. Quando o governo descobriu a engenharia trapaceira, interveio na correção da especulação, aumentando a quantidade de ouro no mercado, o que fez com que os preços caíssem e muitos investidores perdessem investimentos.

Embora passível de discussões, o sentido contemporâneo da Black Friday surgiu por meio da Factory Management and Maintenance – uma newsletter voltada para informações relativas ao mercado de trabalho. De acordo com Bonnie Taylor-Blake, pesquisador da Universidade da Carolina do Norte, em 1951, uma circular fez rodar uma notícia que afirmava haver uma síndrome da sexta-feira pós-Dia de Ação de Graças, quando muitos trabalhadores alegavam sentir diversos tipos de enfermidades ao terem que trabalhar nessa data específica.

Nas décadas de 1950 e 1960, quando a cultura do consumo espraiou-se pelos EUA, sua população começou a encher ruas e avenidas em busca das melhores ofertas. Porém, nesse período, o termo Black Friday ficou conhecido apenas na região da Filadélfia, atravessando algumas outras regiões em menor escala. Foi nos anos 1990, com a explosão do neoliberalismo e o fim do comunismo enquanto sistema alternativo à modernidade, é que a expressão Black Friday ganhou maior notoriedade e relevância. A partir do barateamento mundial das mercadorias, quando diversas fábricas e empresas migraram para países com baixo custo de produção, além do desenvolvimento financeiro do sistema de crédito, a data passou a compor o calendário de compras da sociedade norte-americana e de várias outras nações.

No Brasil, a primeira Black Friday teve início no ano de 2010, quando o governo Lula estimulou os consumidores a saírem de casa e consumirem à vontade, como uma forma de conter os danos causados pela Crise de 2008. Como o sistema de crediário recebeu grande suporte governamental, as empresas brasileiras resolveram adotar a data como uma forma de aquecer o consumo antes do Natal, criando praticamente dois Natais em três meses. Em uma década, a Black Friday tornou-se uma data oficial da cultura do consumo nacional, sendo aguardada por muitos e aprimorada ano após ano com a modernização das compras online.


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