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Estado de Minas artigo

Programação: a área que perdeu diversidade

Estão se tornando comuns os apelos em redes sociais para que empresas abram vagas para desenvolvedoras nível júnior


18/09/2021 04:00



Miriam Koga
CEO da Dupla Tech

Pode parecer contraintuitivo, mas a quantidade de mulheres na área de tecnologia era alta no passado e foi caindo com os anos até se estabilizar. Na USP, na década de 1970, cerca de 70% dos alunos do curso de ciências da computação eram mulheres; hoje, apenas 15%. Diz-se que a causa desse desaparecimento está relacionada à popularização de jogos em computadores, que ficaram marcados como sendo ‘coisa de menino’ na época.

Com a crescente quantidade de debates e iniciativas acerca do problema, a tendência é que a proporção de mulheres volte a aumentar. Em 2019, por exemplo, tivemos a primeira garota representando o Brasil na Olimpíada Internacional de Informática, competição cuja primeira participação do Brasil se deu em 1999. Startups e empresas também estão criando iniciativas internas de formação de programadoras e de vagas afirmativas para mulheres para minimizar a disparidade.

A demanda em alta por mão de obra feminina gera dificuldades às empresas para preencher vagas, principalmente aquelas de nível pleno e sênior. Posições de Data Science Sênior afirmativas para mulheres estão levando mais de sete meses para serem preenchidas, mesmo com salários altos com relação a outras áreas não tecnológicas. Em meio a esse cenário, estão se tornando comuns os apelos em redes sociais para que empresas abram vagas para desenvolvedoras nível júnior. Somente assim, criando portas às mulheres desde a base, é que daqui a alguns anos poderemos esperar mais mulheres ocupando mais cargos de liderança em tecnologia.

Minha experiência lidando com processos seletivos diz que vieses inconscientes atrapalham as chances de mulheres passarem para as próximas fases, principalmente no que tange à etapa de fit cultural. Sem um jeito puramente racional de conduzir essa etapa, empresas ficam à mercê do julgamento do(a) recrutador(a) sobre se a pessoa se encaixa na empresa. E como já existem poucas mulheres na área, pode ficar difícil de visualizar como encaixá-las na equipe, tão majoritariamente masculina. Assim, apesar de ter a bagagem técnica suficiente, algumas candidatas são barradas desnecessariamente. Empresas precisam ser cautelosas sobre o que querem estabelecer como fit cultural e estar alinhadas com quem faz as entrevistas.

Esperamos que a diversidade na programação volte a ser como era no passado, e que todos sejam incentivados de forma igual a entrar na área. Até lá, iniciativas que apoiam minorias são bem-vindas.


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