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Três dígitos, três doses: uma reflexão sobre vacina e obesidade


14/09/2021 04:00

Cid Pitombo
Médico Ph.D. em obesidade e cirurgia bariátrica
 
Uma das maiores felicidades que vivenciamos em um consultório que trata pessoas com obesidade é quando elas saem dos três dígitos, ou seja, já não pesam mais de 100 quilos. Nestes tempos difíceis, a expectativa agora ronda outro número três, o da terceira dose da vacina para COVID-19 nessa população.

Ao longo de quase dois anos diante da nova doença, diversos foram os estudos científicos que demonstraram a suscetibilidade maior do portador de obesidade em se contaminar, bem como ter um quadro mais grave em comparação com quem tem o peso dito normal. Assim, a obesidade é uma doença crônica associada ao maior risco de contaminação, progressão e morte pelo coronavírus.

Observamos que adultos obesos e com menos de 60 anos apresentam um percentual bem maior de internação em unidades de tratamento intensivo (UTI), intubação e utilização de ventiladores mecânicos (respiradores) em relação à população que está dentro do peso adequado.

As consequências para o sistema de saúde são óbvias: maior número de pacientes com evolução grave, internações e tratamentos mais comple- xos e enorme custo para o sistema.

A grande discussão do momento é sobre a efetividade da vacina, seu tempo de proteção e o número de doses necessárias. Quanto à efetividade em si, até o momento não temos pesquisas suficientes mostrando que o imunizante para COVID-19 seja menos efetivo em pessoas com obesidade, embora saibamos que vacinas para gripe e hepatite, por exemplo, sejam menos eficientes nesse grupo.


Em fevereiro deste ano, saiu um dos primeiros estudos, publicado no periódico médico The New England Journal of Medicine, sinalizando, após análise de quase 600 mil pessoas vacinadas contra o coronavírus, uma provável menor efetividade entre obesos com comorbidades (diabetes, hipertensão, etc.).

A Associação Europeia para Estudo da Obesidade (Easo), a Coalizão Europeia de Pessoas que Vivem com Obesidade (ECPO) e a Sociedade Americana de Obesidade publicaram seus posicionamentos defendendo, de modo unânime, a recomendação de que todo obeso seja vacinado prioritariamente, devido à maior propensão à contaminação e piora pela doença. Também postulam a necessidade de estudos de eficiência da vacina especialmente voltados a essa população.

O tempo de proteção ainda é objeto de discussão. Em entrevista recente, o CEO da Pfizer, Albert Boula, deixou clara sua preocupação da provável necessidade de uma terceira dose. Da mesma forma, o CEO da Johnson & Johnson, Alex Gorsky, chegou a mencionar uma possível vacinação anual, como acontece com a gripe.

O prazo de mutação do vírus tem sido mais rápido do que o esperado e esse é um dos fatores que mais preocupam em relação à formação e à manutenção da imunidade após a vacina. A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, já tem visto seus casos crescerem de forma alarmante com a nova variante Delta.

E é nesse ponto que entra uma questão extremamente importante: pessoas com obesidade têm uma resposta imunológica mais fraca, têm menos reserva pulmonar e correm maior risco de parar num leito de UTI e morrer pela COVID-19, com todas as repercussões para o sistema de saúde. Então, não seriam elas um grupo prio- ritário para uma terceira dose da vacina?

A FDA, agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, divulgou, em agosto, re- solução que autoriza pacientes com baixa imunidade, como transplantados e portadores de certas doenças, a tomarem uma terceira dose, partindo do pressuposto de que, pelos dados atuais, há uma boa chance de que imunodeprimidos em geral necessitem de um reforço.

Sabemos da necessidade de o mais rápido possível vacinarmos o maior número de brasileiros, mas não podemos nos esquecer daqueles que precisarão de uma picada extra para ficar realmente mais protegidos. Está mais do que na hora de superarmos o dilema entre o custo de tratar e enterrar cidadãos com obesidade e poder prevenir situações assim com a vacinação. 


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