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A oncologia na pandemia


15/01/2021 04:00

Ramon Andrade de Mello
Médico oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Uninove e da
Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal)


O isolamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus trouxe reflexos diretos para o diagnóstico e o tratamento de diversos males que afetam a população. Os pacientes oncológicos estão no grupo que postergou os cuidados com a doença, com reflexos diretos tanto no sistema público quanto no privado. Hospitais e clínicas registram até 70% de adiamento das cirurgias nos momentos de pico da pandemia.

O fenômeno não foi uma exclusividade brasileira. Em Portugal, por exemplo, estudo do Sistema Nacional de Vigilância de Mortalidade do país revelou que 10.390 pessoas morreram em julho, um número mais alto em um único mês nos últimos 12 anos. A pesquisa fez um comparativo com os dados de 2019 e descobriu um crescimento de 26% no número de óbitos, sendo que apenas 159, ou 1,5%, estavam relacionados com a COVID-19. A Holanda também registrou queda no número de diagnósticos de câncer, assim como outros países.

Os primeiros meses da pandemia foram de aumento da preocupação e busca de alternativas para atender adequadamente todos os pacientes. Passadas as dificuldades iniciais provocadas pelo isolamento social e pelas mudanças no atendimento de saúde, o setor foi se reorganizando para atender a uma demanda reprimida. Hospitais, clínicas e laboratórios adotaram protocolos para separar o atendimento dos pacientes com COVID-19 dos demais. Aprovada em março de 2020 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a telemedicina ampliou os canais de comunicação e atendimento entre os profissionais e seus pacientes. Essa ferramenta tem sido importante para o acompanhamento e avaliação clínica, por exemplo, pós-quimioterapia. São situações em que o médico já tem um bom conhecimento da patologia do paciente. Entretanto, o atendimento por meio digital não atende a todas as demandas de uma consulta clínica, principalmente para aqueles casos que necessitam de uma avaliação minuciosa, que pode ser na primeira consulta, assim como no diagnóstico da doença.

Desde o início da pandemia, os especialistas reforçaram os altos riscos de morte das pessoas com câncer pela COVID-19. Por outro lado, eles dependem do acompanhamento médico, apesar de toda visita a um consultório ou serviço de saúde colocá-los, possivelmente, em exposição ao risco de contrair o vírus. Aos poucos, os pacientes estão retornando às consultas e aos tratamentos oncológicos, até mesmo pela letalidade ser maior pelos tumores oncológicos do que pelo novo coronavírus. Entre 6% e 10% das pessoas diagnosticadas com COVID-19, acima de 80 anos, podem morrer. Já aqueles acometidos por câncer de pulmão enfrentam um cenário mais complicado, já que a letalidade alcança 99% em qualquer idade, caso não seja diagnosticado e tratado adequadamente.

Os adiamentos de diagnóstico e tratamento das doenças oncológicas já trazem reflexos diretos para o sistema de saúde, que registra grande procura, principalmente pelas cirurgias eletivas, que em alguns casos se transformaram em emergência devido à longa espera. Alguns hospitais, inclusive, já registram dias com mais de 100% da capacidade de atendimento para dar conta de uma demanda represada. Pelos próximos meses, ainda teremos reflexos diretos para o atendimento dos pacientes oncológicos.

A preocupação com o novo coronavírus é altamente justificável, principalmente entre as pessoas com câncer. Porém, não pode ser um impeditivo para o tratamento. Na oncologia, quanto mais cedo o paciente procurar tratamento, melhores serão as chances de cura. A saúde deve vir em primeiro lugar.


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