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Recessão e capital disponível coexistem?

O que o país precisa é de renovar e desenvolver seu capitalismo de mercado


postado em 09/04/2020 04:00 / atualizado em 08/04/2020 20:43


João Dewet Moreira de Carvalho
Engenheiro-agrônomo

O século 21 tem sido testemunha da ocorrência de vários casos macabros perpetrados por vítimas do nefasto bullying. No entanto, isso já era comum, há mais de 2.600 anos. Pelo menos é o que conta Aristóteles sobre a história de um ilustre sábio, cuja vingança foi realizada através de um caso de especulação financeira.

Assim escreveu o grande filósofo no seu livro A política: "Há uma anedota acerca de Tales de Mileto. Todos o censuravam e faziam zombaria por sua pobreza, provavelmente para mostrar que sua filosofia era inútil. De acordo com a história, o conhecimento que ele tinha dos astros permitiu-lhe prever que haveria uma excelente colheita de olivas. Juntando todo o dinheiro que conseguiu, ele arrendou a bom preço (pois não havia concorrente), ainda no inverno, todas as prensas de óleo de Quios e Mileto. Quando chegou o tempo da colheita, muitos vieram ao mesmo tempo para conseguir as prensas; então, Tales as alugou pelo preço que bem entendeu, amealhando com isso uma soma considerável".

Tanto naquele tempo antigo, quanto hoje em dia, o que a vida mais necessita é de pessoas racionais, equilibradas e capazes. Afinal, os desafios da modernidade crescem e se acumulam. Escancarando todas as fragilidades da vida humana frente às inúmeras adversidades. Inclusive, no presente aumento exponencial da população, com seus aglomeramentos, tornando-se o meio perfeito para o surgimento e propagação de inúmeras doenças. Além de ser um crescente desafio a fim de ser alimentado.

Fatos evidenciados por essa atual pandemia do coronavírus e as futuras consequências econômicas que dela advirão. Que, se não tratadas com estratégias adequadas, provocarão danos profundos, inclusive, no Brasil. No entanto, a solução econômica reside, justamente, onde se dará uma enorme confusão que o futuro próximo vai explicitar. Qual? Na futura coexistência entre a profunda recessão econômica mundial com um enorme acúmulo de capital disponível no mercado.

Por isso, cabem ser feitas algumas considerações sobre a extrema importância de se distinguir que a prognosticada recessão não ocorrerá por ausência de capital disponível para investimentos. Mas devido a uma necessária reacomodação do ponto de equilíbrio entre a oferta de produtos e a menor demanda futura esperada. Ou seja, os produtores serão obrigados a diminuir a produção. Caso contrário, haverá sobra dos seus produtos devido à falta de liquidez do excedente, que no cenário pré-crise do coronavírus era absorvido pelo mercado. Portanto, o indutor da futura recessão será o aumento da restrição de consumo pelas famílias. Pois prevalecerá na mente das pessoas expectativas negativas em relação ao futuro.

No entanto, quanto ao capital disponível, ele sempre existirá. Pois é fruto de parte da imensa riqueza acumulada até hoje, em todo o mundo. Afinal, o predomínio do capitalismo nos últimos 300 anos gerou, distribuiu e acumulou imensa riqueza decorrente do empreendedorismo humano e da sua engenhosidade criativa, associada ao progresso constante das ciências. Hoje em dia, essa imensa riqueza é evidenciada no enorme acúmulo de capital de posse de milhares de indivíduos, ativos investidores, distribuídos por todos os cantos.

Onde se encontra esse imenso capital disponível? Encontra-se alocado em diversos ativos. A maioria de baixo risco e diminutos retornos. Portos seguros nos momentos de crise. Por isso, passadas as turbulências, ele estará sempre pronto para seguir em busca de novos projetos com boas perspectivas de longo prazo e melhores taxas de retorno. Afinal, o lema de qualquer investidor é a busca pela maior eficiência financeira, expressa na otimização constante dos lucros. Portanto, cabe tão somente ao Brasil aproveitar com sabedoria as oportunidades disponíveis.

No entanto, existe uma nuvem negra de imenso engano econômico se formando no horizonte brasileiro. Qual? O ressurgimento de uma ideia econômica insustentável. A da ação do Estado como indutor do reaquecimento e crescimento da economia. Falsa solução que nunca resolveu nada. Ao contrário. Só resultou, até hoje, em ineficiência econômica de difícil equalização futura. Aliás, uma das poucas coisas realmente verdadeiras ditas pelo economista John M. Keynes foi que é mais difícil esquecer os velhos hábitos do que se adquirirem novos. Então, que essa máxima de Keynes seja aplicada às suas próprias ideias econômicas. Pois é do conhecimento geral que muitas ideias irresponsáveis, normalmente, são implementadas a despeito dos grandes malefícios finais que elas produzem, desde que no curto prazo amenize certos problemas.

Portanto, que tudo isso sirva de alerta ao Brasil. Pois o que o país precisa é de renovar e desenvolver seu capitalismo de mercado. Melhorando-o bastante. Então, que o atual momento de crise possa ser o ponto de partida para adoção antecipada de sábias estratégias vencedoras que atraiam esses capitais disponíveis. E possibilitando, com esses investimentos e capacidade administrativa, o surgimento de uma nação mais eficiente e, ao mesmo tempo, mais consciente de sua imensa responsabilidade social. Afinal, a verdadeira sabedoria nunca desvaloriza a vida, pois sabe que toda vida é de incomparável valor.


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