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Estado de Minas

O fogo purificador

Hoje em dia, talvez seja o momento oportuno para que o fogo purificador seja resgatado


postado em 12/11/2019 04:00

João Dewet Moreira de Carvalho
Engenheiro-agrônomo
 
 
Eram quase duas horas da madrugada do último domingo, quando acordei ao ouvir barulhos estranhos vindos da antiga casa vazia ao lado. Saí correndo para a rua a fim de verificar o que se passava. Logo fui avisado por um motorista, que estava observando parado na rua, que a casa vizinha começava a pegar fogo. Ao constatar o fato, saí correndo, liguei a forte água da torneira que vinha da rua e, com uma mangueira comprida, subi para a varanda do segundo andar da minha casa e passei a molhar o telhado da casa ao lado. Onde o fogo começava a se espalhar, consumindo tudo. Fiquei de prontidão, na luta contra as labaredas, até as cinco da manhã. Quando, finalmente, consegui debelar o fogo, evitando que ele passasse para a minha casa e, em sequência, se propagasse por todo o quarteirão.

No início da manhã, só restavam da casa ao lado os escombros do que, nas décadas de 50 e 60, havia sido a famosa Pensão Popular. Ela fora construída pelo pai do grande jornalista e cronista mineiro, cria do jornal Estado de Minas, Arnaldo Vianna. Isso numa época em que Nanuque, despontando em Minas como um lugar promissor, atraía empreendedores de outras regiões. Mas que ao passar do tempo perdeu o ímpeto. Tudo por falta de visão dos incompetentes políticos da região. Aliás, alguns dos quais só pensavam em se locupletar. Por isso, Nanuque passou a marcar passo, deixando de ser um lugar atrativo para novos forasteiros, sempre em busca de boas oportunidades de se fazer na vida; além de ter reduzido os horizontes para os que haviam aqui se estabelecido e desejavam crescer, mas que, diante da infeliz falta de liderança regional, só passaram a ver limitações por todos os lados. Entre eles estava o pai do Arnaldo, que, desiludido, levou sua família para Belo Horizonte, abandonando seu antigo sonho, a Pensão Popular. Que eu havia visto, naquela madrugada, com meus olhos cheios de fumaça, sua velha carcaça desaparecer consumida pelas chamas impiedosas.

O fogo é assim. Tem efeito devastador. Destrói em minutos trabalho de décadas. E dá novos rumos às muitas vidas cujos sonhos acalentados durantes anos foram desfeitos. São tragédias de forte impacto no equilíbrio mental dos que sofreram seu furor. No entanto, nem tudo que o fogo provoca é deletério. Ao contrário. Em muitos casos, o benefício por ele trazido é de enorme valia. Pois, para isso, basta relembrar o uso do fogo, desde tempos milenares, como purificador de elementos valiosos. Vide o caso do seu uso no refino do ouro. A destreza do ourives em manipular o valioso elemento, sob temperaturas elevadíssimas, promove a eliminação de todas as impurezas que antes o depreciavam.

Hoje em dia, talvez seja o momento oportuno para que o fogo purificador seja resgatado e passe a ser usado na assepsia de nações, cujo histórico recente de impurezas morais transformaram o que antes era tratado como escândalos nacionais, mas, que, infelizmente, tornou-se parte aceitável do procedimento cotidiano. E com esse modo amoral de se viver, as sociedades desses países entraram em um processo de desagregação social totalmente inimaginável, tempos atrás. Modo de vida no qual o crime organizado tem deixado de agir por baixo dos panos, como sempre foi o seu modo de ação, e, em vez disso, passou a afrontar explicitamente todas essas nações ao agir às claras. Demonstrando com esse atrevido procedimento criminoso que detém o verdadeiro poder, pois já se encontra enraizado em toda a vida institucionalizada dessas nações. E, como consequência, todos devem se curvar perante seu senhorio. Pois, para isso, tem fiéis comparsas em postos- chave. Fruto do enraizamento na sociedade do seu operante modo criminoso de controle.

No entanto, qualquer que seja a nação, é ao seu povo que ela pertence. E jamais será de propriedade do crime organizado.  Por mais poder que ele possa deter. Pois as funções primordiais de uma nação são alimentar, abrigar e contribuir para o viver sadio de sua população. E dessa tarefa nenhum país, que tenha o mínimo de dignidade para ser chamado de terra amada, pode se escusar. Ressaltando, inclusive, a oportunidade dos seus filhos se fazerem na vida.

Por tudo isso, a sabedoria milenar nunca deve ser desprezada. Basta, para isso, relembrar antiga prática milenar usada para eliminar as serpentes venenosas e os ratos transmissores de doenças que habitavam áreas pedregosas e cheias de locas. Onde era impossível serem feitos tratos manuais comuns aos outros lugares. Então, só restava um único tratamento disponível. Qual? O fogo purificador. Portanto, urge que a sabedoria milenar se manifeste, nesses dias tão infelizes, para tantas nações que se encontram subjugadas pelas ações do crime organizado arruinando seu presente e destruindo o futuro das próximas gerações. Inclusive, no Brasil. Para que ao final do ardente processo, o país volte a ter valor semelhante ao ouro depurado. O real valor de terra amada por todos os brasileiros. 


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