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A morte da ciranda financeira


postado em 17/12/2019 04:00

Gilson E. Fonseca
Sócio e diretor da Soluções em Engenharia Geotécnica Ltda (Soegeo)

No passado recente, sobretudo nas décadas de 1980/90, os ganhos com aplicações financeiras foram uma verdadeira farra. O país, para rolar sua dívida interna, pagava generosos juros, muito além da inflação. Quem tinha dinheiro deitou e rolou, e também os bancos brasileiros se agigantaram. Aproveitando-se da inflação alta, disfarçavam seus altos ganhos nos empréstimos. Falta de infraestrutura e déficit habitacional, até hoje, longe de ser resolvidos, têm muito a ver com essa situação, pois os especuladores não colocavam seus recursos na produção. Surgiu, então, na época, a expressão ciranda financeira, que ainda continuou nos anos 2000, com maior fôlego na era petista.

  Todos os outros segmentos econômicos, como o industrial, foram afetados pela falta de investimentos. O Tesouro Direto vendia títulos de longo prazo e, quando havia queda na taxa Selic, o governo era obrigado a honrar os papéis, com grandes perdas para o erário. Os mais afortunados resgatavam os títulos somente nas datas de vencimento, abocanhando ganhos reais de mais de 1% ao mês. Tal situação aumentou a distância entre ricos e pobres, já que pobre não tem dinheiro para aplicar, porque mal consegue cuidar da subsistência. Essas particularidades de país em desenvolvimento (ou subdesenvolvido) geram grandes contrastes monetários. Em vários países da Europa, Inglaterra por exemplo, com inflação de cerca de 2% ao ano, chega-se a perder 0,5% nas aplicações financeiras. A ideia não é ganhar, mas apenas proteger o capital e também pagar uma taxa para os bancos "tomarem conta" do dinheiro.

  A inflação oficial acumulada, nos últimos 12 meses (IPCA), até outubro de 2019, fechou em 2,54%. É bom observar que a inflação é diferente para cada categoria socioeconômica. Na verdade, ninguém sabe, exatamente, a qual inflação está sujeito. A classe média é mais atingida com aumentos de mensalidades escolares, de clubes recreativos, planos de saúde etc. O pobre, é claro, sente mais com aumentos na alimentação, transporte e aluguel. Já os ricos, com a inflação aos níveis de hoje, nas despesas pessoais, nem tomam conhecimento, somente nos seus negócios e ganhos. Para o aplicador, fica difícil saber se está logrando algum ganho real. Hoje, aplicações conservadoras, como caderneta de poupança, apenas protegem o capital e, em alguns momentos, nem isso.

  Quanto menor a inflação, os pobres terão maior proteção e menor a possibilidade de especulação. Muitas aplicações não são especulativas, como bolsa de valores, que gera produção, mas não é uma aplicação para todos devido ao risco: é difícil saber quando entrar e mais difícil ainda quando sair. Quando se está perdendo, pode-se perder mais pela demora em sair; quando se está ganhando, pode-se perder o ganho pela demora em realizar o lucro.

  É preciso que todos tomem consciência de que a tendência, daqui pra frente, é não ganhar dinheiro com dinheiro. Como têm apregoado o presidente eleito Bolsonaro e sua equipe econômica, ciranda financeira é inconcebível, pois todas as ações devem convergir para a produção, na geração de emprego e renda. Entretanto, ter reservas financeiras é indispensável para eventuais problemas de saúde e para proteção da velhice.  


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