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Diplomacia ambiental e o setor privado

A iniciativa privada pode tomar a dianteira para requalificar o desenvolvimento econômico do país, tendo como norte a sustentabilidade


postado em 28/11/2019 04:00



Henrique Pereira
CEO da WayCarbon

Historicamente, o Brasil é protagonista nas discussões e ações globais referentes à pauta ambiental. Basta lembrarmos das principais ratificações, como a Conferência da ONU para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, a Rio-92, quando 179 países firmaram compromissos para lidar com temas fundamentais como a biodiversidade, a mudança do clima e a desertificação. Também estivemos no centro da      construção da agenda climática que culminou, em 1997, no Protocolo de Quito.

Outro resultado importante da Rio-92 foi o estabelecimento da Agenda 21, um marco na relação entre meio ambiente e desenvolvimento e que estabeleceu um plano global de ação estratégica, com o objetivo de promover um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. É neste momento que novos agentes são formalmente integrados à agenda da diplomacia ambiental. A Agenda 21 foi um plano de ação que reconheceu que as ações não podem ser unicamente de governos nacionais, mas também demandam envolvimento e integração dos governos locais, das organizações não governamentais, da sociedade civil e do setor privado. A Rio-92 impulsionou o crescimento mundial de coope- rações multilaterais. 

O setor privado passou a ser um pilar fundamental da transformação econômica e ambiental. Ao alinhar suas estratégias aos objetivos do desenvolvimento sustentável, as empresas assumem lugar de relevância. No relatório Better Business, Better Worl 2017, a Bussiness and Sustainable Development Commision aponta que modelos de negócios sustentáveis podem gerar oportunidades no valor de US$ 12 trilhões e criar 380 milhões de novos postos de trabalho até 2030.  Para a comissão, ao incorporar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentá- vel em suas estratégias, as companhias podem de- sencadear uma mudança radical no processo de produção e criar um boom de investimentos em       infraestrutura e tecnologias sustentáveis.

O interesse do setor privado na Agenda 2030 também é reflexo de um novo agente: o setor financeiro. Em 2018, mais de 90% dos investidores globais levaram em consideração fatores ambientais, sociais e de governança (ESG, sigla em inglês) no processo de investimento, segundo estudo da consultoria EY. Em 2017, o número de profissionais que usavam informações ESG era de 68%. Cada vez mais, os investidores têm a perspectiva e a compreensão sobre os riscos e oportunidades para os negócios e ativos nos quais estão investindo, principalmente em períodos de desaceleração da economia.

Pode-se notar que este é um movimento sem volta, no qual a  sustentabilidade deixa de ser um conceito e passa a permear os negócios, gerando maior segurança, aumento de receitas e maior geração de valor.

A urgência de lidarmos com o desafio da mudança do clima reflete o pouco tempo para ação, o fato de os compromissos nacionais (NDCs) estarem desalinhados dos compromissos do Acordo de Paris e de o clima afetar, e ser afetado, de maneira transversal por outros objetivos.

Podemos notar que cerca de 70% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) são geradas por aproximadamente 100 empresas. Este fato nos permite entender a força da iniciativa privada para a pauta ambiental e como mobilizar essas compa- nhias é crucial para toda a Agenda 2030, e não apenas para a agenda climática. O engajamento e ação do setor privado pode ser observado fora e dentro do Brasil.

No Brasil, felizmente, estamos observando uma mobilização positiva e proativa do setor privado. Grandes empresas estão encabeçando compromissos e solicitando do governo federal clareza e segurança regulatória para a mitigação de gases de efeito estufa. Em ecossistemas cada vez mais interdependentes e interligados, os riscos e oportunidades da sustentabilidade se distribuem pelas cadeias de va- lor e as companhias sabem que isso se reflete em competitividade. Um bom exemplo no Brasil é o setor agropecuário de alta tecnologia, que conhece seu potencial de contribuição e tem se posicionado firmemente sobre a importância da adoção de políticas ambientais. 

O afastamento do país de sua posição de lide- rança e protagonismo abre brechas que vêm sendo ocupadas por competidores internacionais. A China vem se tornando líder em geração de energia re- novável e está desbravando a locomoção elétrica em escala. A Índia, com uma economia de serviços vibrante, também se esforça em reduzir a dependência do carvão. Nos EUA, o afastamento do governo federal culminou na iniciativa We are still in (Ainda estamos dentro), na qual lideranças políticas, da sociedade civil e privada se mobilizaram para ampliar ações e ambições de maneira unilateral e voluntária. Por aqui, temos uma oportunidade sobre a mesa. A iniciativa privada pode tomar a dianteira para requalificar o desenvolvimento econômico do país, tendo como norte a sustentabilidade e a economia de baixo carbono.


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