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Estado de Minas artigo

Amor familiar: dom maior

O caminho da espiritualidade, contribui para enfrentar as adversidades que ameaçam famílias, a exemplo do individualismo exagerado


24/06/2022 04:00



Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte 
Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
 
Igreja Católica, por zelo e convicção de que o amor familiar é dom maior, celebra com o papa Francisco o 10º Encontro Mundial com as Famílias, em Roma, de 22 a 26 de junho de 2022. No amor familiar inscreve-se um dom maior, por se tratar de vocação e caminho de santidade. A família é a primeira escola para inigualáveis experiências na aprendizagem do amor, onde todos são, igualmente, aprendizes e agentes na missão de ensinar: aprende-se ensinando, ensina-se aprendendo. Essas dinâmicas que se alicerçam no amor precisam ser sempre, e cada vez mais, expressas e partilhadas pelas famílias cristãs, permeando o coração do mundo e a vida da Igreja com a fidelidade incondicional à vida, dom sagrado e inviolável, em todas as suas etapas, desde a primeira, na concepção, até a última, no declínio com a morte natural.

O amor familiar carrega a semente vocacional a ser plantada e cultivada no coração de cada pessoa, fecundando vidas, dando sentido ao caminhar, iluminando horizontes, mantendo a cadência dos passos sem perder o rumo, mesmo que o percurso tenha seus “altos e baixos”, conquistas e quedas. A vocação semeada na vida familiar é fundamento para buscar o bem maior, a proximidade com Deus, na experiência do seguimento de Jesus Cristo. Compreende-se a urgência de se projetarem luzes na importante e inegociável experiência de se viver em família, especialmente quando são considerados os desafios humanos, com incidências de vicissitudes da contemporaneidade. A vivência em família garante, entre limites e possibilidades, uma modelagem singular indispensável para se avançar no caminho da santidade de vida, isto é, do bem e do gosto pela justiça, encharcando de solidariedade fraterna cada gesto. O contexto familiar inspira o ser humano a corresponder à vocação de ser sempre bom e fazer o bem, dedicando-se cotidianamente à transformação célere do mundo em um lugar de amor. 
 
 
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Na família se experimenta singularmente a alegria do amor, mesmo quando são muitos os limites e percalços. Trata-se de uma experiência alicerçada nos vínculos construídos, heranças que constituem o ser humano em toda a sua trajetória. É, pois, tarefa investir na alegria do amor em família, dom maior que possibilita ouvir o chamado à vida, ao seguimento de Cristo Mestre, definindo parâmetros ético-morais que balizem a conduta humana. É incontestável a convicção de que o bem da família é decisivo para o futuro do mundo e da Igreja. Por isso, é importante priorizar a atenção à realidade das famílias na contemporaneidade, impactadas por mudanças socioantropológicas que, por vezes, são destrutivas. Não se pode desanimar ou desistir da vida familiar. Ao invés disso, o caminho da espiritualidade, entre outras importantes experiências, contribui para enfrentar as adversidades que ameaçam famílias, a exemplo do individualismo exagerado, que desgasta laços familiares, ilha pessoas, alimenta a ilusão de que o ser humano pode construir a sua vida movido simplesmente por suas vontades imediatas. 

A família sofre com muitos impactos, a exemplo do contínuo ataque à vivência genuína do matrimônio, em razão de conveniências, contingências ou por simples falta de sensibilidade. Por isso, os cristãos têm a tarefa missionária de testemunhar o verdadeiro sentido do matrimônio na sua dimensão sacramental, vínculo de amor sério e sincero. 

Um gesto missionário que favorece a superação das concepções que inferiorizam o matrimônio, descalabros humanos e morais. Quando se contribui para adequada compreensão a respeito do matrimônio, promovem-se experiências que favorecem o relacionamento humano nos parâmetros da fé cristã, do compromisso com a justiça e com o inegociável sentido da sacralidade da vida. 

O 10º Encontro Mundial das Famílias é forte interpelação para que se reconheça e se invista na identidade cristã de contextos familiares, tornando-os, ainda mais, lugares do amor. Imprescindível na missionária tarefa de qualificar, fecundar e apoiar o amor familiar é o anúncio do Evangelho. Assim, cada família se torna o primeiro lugar onde se aprende a fixar o olhar em Jesus Cristo, único Senhor e Salvador. Pela força do Evangelho de Jesus Cristo, proclamado e testemunhado na família, a Igreja – família de famílias – se fortalece. 

E as famílias, quando vivem o amor de Deus, tornam-se Igreja doméstica. Cada contexto familiar, pela oração e pela caridade, pode se revestir sempre, e cada vez mais, de amor, fortalecendo-se na missão de anunciar o Reino de Deus, para levar à sociedade os valores e princípios inegociáveis do Evangelho, para que a vida se alicerce no amor, vocação à santidade. 


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