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Artes cênicas perdem um dramaturgo


postado em 16/07/2019 04:08

Foi enterrado no Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, o corpo do meu amigo Carlos Alberto Ratton, roteirista e dramaturgo dos mais talentosos do país, mineiro nascido em Divinópolis, mas com raízes da família Ratton em São João del-Rei.

Ratton começou sua carreira nas artes cênicas em 1966, nos primórdios do Teatro Experimental, quando Jonas Bloch e eu, com o objetivo de formar novos atores para o nosso grupo teatral, decidimos criar um curso intensivo de preparação de atores. Desse curso, dois dos alunos permaneceram no Teatro Experimental: José Maria Amorim, para sempre; Carlos Alberto Ratton, por um bom tempo, até decidir-se pela arte cinematográfica e pela dramaturgia e teledramaturgia. E logo conquistou sua primeira façanha, em 1972, ao receber o Prêmio Molière, de dramaturgia e de envergadura nacional, pela sua peça Doroteia vai à guerra, encenada no Rio de Janeiro, numa encenação dirigida por Paulo José e protagonizada por Ítalo Rossi e Dina Sfat. Ratton foi o único dramaturgo mineiro agraciado com o Prêmio Molière, que não existe mais.

Em 1967, quando o Teatro Experimental encenou Oh!Oh!Oh! Minas Gerais, sucesso por dois anos, até ser a primeira peça teatral a ser proibida pela censura do regime militar, em13 de dezembro de 1968, justamente no dia em que entrou em vigor o Ato Institucional Número 5 (AI5), Carlos Alberto Raton foi o assistente de direção do espetáculo dirigido por Jonas Bloch e por mim.

A carreira de Carlos Alberto, vitoriosa, culminou com sua novela Mandacaru, em 1997, um dos maiores sucessos da extinta TV Manchete. A novela tinha como pano de fundo a época dos cangaceiros, só que era ambientada após a morte do casal Lampião e Maria Bonita. O cenário era a fictícia cidade de Jatobá. Mandacaru foi uma novela bastante longa, com 259 capítulos. Dez anos depois do lançamento da novela, a Bandeirantes adquiriu os direitos e realizou uma nova exibição da obra-prima de Ratton.

Mas o mineiro Carlos Alberto não ficou só no Brasil como roteirista de cinema, dramaturgo e teledramaturgo: foi também o autor de uma novela especial para a TV portuguesa.

No cinema, seu roteiro mais conhecido é o que escreveu para o filme Amor e cia., dirigido por seu irmão, Helvécio Ratton, e que foi filmado em São João del-Rei, em 1998, e estrelado por Marco Nanini e Patrícia Pillar.

Com seu inegável talento, Carlos Alberto Ratton ainda escreveu episódios de Você decide, da TV Globo, e Brava Gente do SBT.

Amigos de sempre, nunca deixei de manter contato com Ratton, seja por e-mail, seja pelos encontros noturnos no restaurante e bar do Minas Tênis Clube, na Rua da Bahia, em Belo Horizonte, onde púnhamos o papo em dia discutindo sobre nosso assunto de preferência, as artes cênicas.

A perda de Carlos Alberto Ratton, numa trágica descoberta de um câncer de pulmão silencioso e perverso, trouxe-me dias amargos. É muito triste a perda de amigos de longa data. Minas perdeu um dos seus mais talentosos dramaturgos e roteiristas, perda que é também do Brasil.


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