(none) || (none)
UAI

Continue lendo os seus conteúdos favoritos.

Assine o Estado de Minas.

price

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Assine agora o Estado de Minas por R$ 9,90/mês. ASSINE AGORA >>

Publicidade

Estado de Minas

Educação e prazer

A educação exige disciplina, horas de dedicação, vontade, zelo, renúncia, privação e prazer


postado em 03/07/2019 04:08

Frequentemente, ouvimos que o processo educacional deve ser algo prazeroso, que o ato de aprender deve acontecer em sintonia perfeita com o prazer. Com isso, passamos a acreditar e defender que as aulas devem ser movidas, primeiramente, pela sensação do bem-estar, do prazer.

 

Assim, pelo que se manifesta nos corredores das escolas, entre as famílias e a sociedade é que só se torna válido e aceito se as práticas didático-pedagógicas alcançarem a plenitude da satisfação que só o prazer consegue proporcionar. Mas seria justo e coerente pensar e agir dessa forma? O que na vida funciona assim? Pensemos numa festa, numa comemoração de fim de ano, aniversário ou qualquer outro tipo de encontro entre amigos. Para ficar bacana e agradável, primeiramente devemos nos dar ao trabalho de preparar tudo com muito zelo e carinho, o que nem sempre é prazeroso. O pós-festa requer mais trabalho, que geralmente resume-se na faxina, que também não é nada prazerosa.

Todavia, a alegria e o prazer que a festa proporciona superam seus percalços e trabalhos. Até mesmo o almoço de domingo em família, depois da bonança, das conversas e gargalhadas, das discussões políticas, na maioria das vezes acaloradas, sempre sobram os afazeres da cozinha, a limpeza e demais trabalhos ao anfitrião. A prática de qualquer esporte também se encaixa nesta reflexão. Geralmente, o corpo fica dolorido por algumas horas ou até mesmo dias, às vezes esgotado fisicamente, mas mesmo assim, para quem, gosta vale a pena. Fazer o que gostamos é algo sensacional, que bom seria se tudo aquilo que fizéssemos fosse movido pela sensação do prazer. Seria maravilhoso, mas sabemos que não é assim que funciona na realidade.

Como tudo na vida, para alcançar o que queremos, às vezes, é preciso fazer o necessário; e o necessário nem sempre é prazeroso num primeiro momento. O que é necessário, portanto, o que precisa ser feito em muitos casos é o que causa o prazer. Enquanto a educação viver envolta dessa falácia, nossos estudantes nunca vão querer fazer o que é preciso, mas sim, ficar se escondendo na busca do inatingível prazer. É preciso ter em mente que a educação, como qualquer outra atividade humana, também se baseia em práticas que proporcionam prazer, mas da mesma forma envolvem práticas que são necessárias e precisas e que não devemos por isso menosprezá-las e tampouco fugir delas.

O ato de aprender não significa fazer somente aquilo que se quer, da forma que se quer, do jeito que se quer. A educação exige disciplina, horas de dedicação, vontade, zelo, renúncia, privação e prazer. Temos que acreditar que fazer o necessário caminha junto com momentos de prazer. Um não substitui o outro. O prazer não pode ser uma busca cega e imprudente. Como diria o filósofo Epicuro, até mesmo o prazer deve ser almejado de forma racional. Caso contrário, pode causar dor e sofrimento. Talvez, aí esteja um dos motivos do insucesso da nossa educação.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)