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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Irmandade de barbudos tenta desmistificar imagem de homem mau

Bearded Villains une pessoas pela barba e que tem como pilares a caridade, a família, o respeito e a lealdade


17/06/2023 09:59 - atualizado 17/06/2023 10:33
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Zilson Magalhães Júnior, 35, sócio da barbearia Barbudos, salão de beleza voltado para homens, localizada na zona norte de São Paulo (SP)
Zilson Magalhães Júnior, 35, sócio da barbearia Barbudos, salão de beleza voltado para homens, localizada na zona norte de São Paulo (SP) (foto: Adriano Vizoni/Folhapress)
Entre marmanjos barbudos, BV está longe da definição de adolescente para "boca virgem". Para eles, a sigla se refere a Bearded Villains, uma espécie de irmandade do bem unida pela barba e que, além dos pelos no rosto, tem como pilares a caridade, a família, o respeito e a lealdade.

No site, o grupo é descrito como uma comunidade de "homens barbudos de todas as culturas, raças, crenças e sexualidade em uma irmandade dedicada à lealdade, honra e respeito para com todas as pessoas".

Criado em 2014 em Los Angeles, o Bearded Villains tem como líder o americano Frederick Von Knox e surgiu com o objetivo de "desmistificar que todo homem barbudo é do mal" e mostrar que cultivar uma barba é, na verdade, um estilo de vida.

Advogado e membro da BV, Eric Mazoni, 40, diz que as pessoas procuram pelo grupo principalmente, pela identificação do estilo de vida não convencional, que está longe do "homem da barba feita, do clássico homem moderno". Para ele, os participantes são aqueles que têm o estilo mais rústico, curtem o mesmo estilo de música (rock), e têm tatuagem. "São pessoas mais extravagantes."

Desde o surgimento, o grupo já se espalhou por diferentes países por meio de "chapters", algo semelhante a delegações. São três no país atualmente: uma em São Paulo, outra no Centro-Oeste e uma terceira que representa o Brasil todo.

Lá fora, há chapters que se concentram em atividades como pesca e caça, ou que são compostas exclusivamente por veteranos de guerra. Em solo brasileiro, a principal atividade é o voluntariado.

O candidato que quer entrar no grupo precisa passar por uma seleção. Quando entra, a pessoa se torna um supporter, uma espécie de estagiário. Depois, se bem avaliado, pode virar um villain (um vilão). Além disso, cada delegação tem o seu capitão (cargo máximo), que responde para a sede americana.

Caso um irmão descumpra regras, pode ter sua conduta levada para o conselho. A depender da gravidade, pode ser convidado a sair do grupo e, se recusar, será desligado da irmandade.

No Brasil, são 70 membros atualmente. Para entrar, é preciso preencher um cadastro com dados pessoais e ter ao menos quatro centímetros de barba --há exceções por motivo de saúde ou por causa de trabalho.

O pré-requisito fez com que o técnico de informática Jeovany Borges, 28, buscasse um tratamento para entrar no grupo. Ele queria ser um irmão da BV, mas tinha a barba rala. Decidiu fazer um tratamento com minoxidil e quando enfim alcançou os quatro centímetros, conseguiu entrar para o grupo.

Em São Paulo, o grupo costuma se encontrar para ações sociais ou para um churrasco. Quando reunidos, é comum que sejam confundidos com um grupo de motoqueiros. William de Andrade, capitão do chapter de São Paulo, diz que já viu a irmandade ser chamada de gangue ou de "maçonaria de barba".

Apesar do incômodo com os comentários, ele diz que o grupo virou motivo de orgulho até para a família. O pai de William, inclusive, pretende entrar para o grupo --para isso, hoje tem uma barba maior que a do filho.

 

Além da barba, o maior motivo de orgulho entre eles é o trabalho social. Em São Paulo, por exemplo, eles decidiram criar uma conta para que possam fazer doações ou ajudar um irmão no caso de necessidade.

Integrante da delegação do Brasil, Fabio Paz, que trabalha na comunicação do grupo, diz que a barba é a desculpa para a caridade. Já Raphael Lima, que é o cocapitão, vai além: "é uma forma de filtrar a sociedade homens que sabem o que é um compromisso".

Lima, que já acumula quase 30 centímetros de barba, diz que é comum que as pessoas achem que é questão de tempo para que os pelos do rosto ganhem volume e tamanho. Porém, não é bem assim.

"É como uma planta, tem que regar. Com a barba, é preciso hidratar. Não pode deixar de qualquer jeito. Tem um compromisso ", diz ele que admite que sua barba mudou de vez quando ele ganhou da mulher um xampu especial para os pelos do rosto --isso, claro, depois de usar os produtos dela.

Em pouco tempo, notou a diferença. "Era como se eu estivesse regando minha planta com guaraná, por isso não crescia."


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