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Estado de Minas CHUVAS HISTÓRICAS

Mortes no litoral de SP chegam a 44 e buscas por sobreviventes continuam

São Sebastião, cidade mais atingida pela chuva histórica, tem 43 mortos. A outra morte foi em Ubatuba; no total, são 2, 5 mil fora de casa e 40 desaparecidos


21/02/2023 12:24 - atualizado 21/02/2023 14:46

Escombros das chuvas enlamados pela rua.
Os números ainda devem aumentar, já que há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de estruturas que cederam. (foto: NELSON ALMEIDA)
O número de mortos chegou a 44 em decorrência das chuvas históricas que atingiram o litoral norte paulista no último final de semana (18 e 19), sendo 43 em São Sebastião e um em Ubatuba.

 

O total foi atualizado na manhã desta terça-feira (21). Sete corpos (dois homens adultos, duas mulheres adultas e três crianças) já foram identificados e liberados para sepultamento, segundo o governo do estado.


O total de pessoas fora de casa, desabrigadas ou desalojadas, chega a 2.500. Os desaparecidos somam 40, mas os números ainda devem aumentar, já que há relatos de que pessoas estariam sob os escombros de estruturas que cederam.

 

Mulher tira lama de dentro de casa com um rodo.
O recorde de chuva que atingiu o litoral norte de São Paulo desde sábado deixou também um rastro de destruição, com dezenas de casas que solaparam. (foto: NELSON ALMEIDA)
 

 

Um velório coletivo organizado pela Prefeitura de São Sebastião está programado para começar ainda hoje, em uma tenda montada no centro histórico do município.

 

Trânsito

A rodovia Rio-Santos (SP-055) teve o tráfego liberado parcialmente pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) em diversos pontos que antes estavam totalmente obstruídos, entre São Sebastião e Ubatuba.


O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), em entrevista ao "Bom dia, SP", da TV Globo, fez um apelo para que os turistas aproveitem as liberações e o tempo firme, e deixem as cidades do litoral norte.


"Quanto mais gente sair, melhor, porque alivia a pressão na região. Quem puder se deslocar até a capital e outros pontos, que o faça", disse.


Na segunda-feira (20), a orientação do governador tinha sido diferente. Na ocasião, com muitos bloqueios ainda nas estradas, ele havia pedido que turistas não antecipassem a volta.


A Rio-Santos e a Tamoios são as vias disponíveis para a saída dos turistas.

 

Ação conjunta

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve nesta segunda com o governador em São Sebastião, acompanhados do prefeito Felipe Augusto (PSDB).

 

Lula pediu que não sejam mais construídas casas em encostas de morros, a fim de evitar novas tragédias, e ressaltou a importância da parceria entre os governos — federal, estadual e municipal —, independentemente de questões partidárias.

 

Lula com o prefeito de São Sebastião.
O presidente pediu que a Prefeitura de São Sebastião indique um terreno seguro para construir moradias e transferir os moradores que têm casas em área de risco. (foto: NELSON ALMEIDA)
 


"Nós estamos juntos. Ele [Tarcísio] tem obrigação de governar o estado de São Paulo, este aqui [prefeito de São Sebastião] tem obrigação de governar a cidade, e eu tenho obrigação de governar o país. Se cada um ficar trabalhando sozinho, nossa capacidade de rendimento é muito menor. E é por isso que precisamos estar juntos, compartilhar as coisas boas e as coisas ruins. Juntos seremos muito mais fortes", disse o presidente.


O presidente pediu que a Prefeitura de São Sebastião indique um terreno seguro para construir moradias e transferir os moradores que têm casas em área de risco.

 

Resgate

As equipes de socorro, compostas por diversos órgãos, estão no terceiro dia de buscas por sobreviventes e desaparecidos. No domingo, uma das resgatadas em São Sebastião foi uma mulher em trabalho de parto — ela e o bebê passam bem.

 

Pessoas ficam alojadas em acampamento provisório em São Sebastião.
De acordo com a Defesa Civil do estado, além das mortes já confirmadas, o número de desalojados subiu para 1.730, e o de desabrigados, para 766. (foto: NELSON ALMEIDA)
 


O trabalho de resgate é feito por uma força-tarefa com mais de 500 agentes, entre servidores das forças de segurança e equipes do governo estadual, das Forças Armadas, da Polícia Federal e da Prefeitura de São Sebastião, além de voluntários. Todos seguem empenhados para localização, resgate, salvamento e identificação das vítimas.

 

Atendimento médico

Os esforços no atendimento às vítimas começaram no domingo e seguem de forma ininterrupta, com o apoio de 53 viaturas do Corpo de Bombeiros, dois cães especializados na busca de pessoas, 31 maquinários, sete helicópteros Águia do Comando de Aviação da Polícia Militar e outras duas aeronaves do Exército. Mais três helicópteros Águia deverão chegar ainda nesta segunda para auxiliar nos trabalhos.

 

Encosta que deslizou com as chuvas.
De acordo com o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. (foto: NELSON ALMEIDA)
  


Segundo o governo do estado, um hospital de campanha da Marinha vai começar a funcionar a partir de quinta-feira (23), após a chegada do Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico a São Sebastião. O objetivo é desafogar os hospitais da região, que estão priorizando casos mais graves.

 

 

"São até 300 leitos de enfermaria, contando ainda com profissionais de saúde de ortopedia, clínica médica, traumatologia e psiquiatra, aliviando a pressão e liberando a capacidade dos hospitais aqui da região", disse o governador.


Outros 180 fuzileiros navais, especializados em resgate e desobstrução de vias, se juntam ao trabalho da Defesa Civil.

 

Infraestrutura danificada

As operadoras de celular confirmaram no domingo, no final do dia, que os sistemas de telefonia e internet nas cidades do litoral norte sofrem com instabilidade porque as redes foram danificadas pelas chuvas, quedas de árvores e deslizamentos, o que prejudica o contato e dificulta ainda mais a situação.


Além da dificuldade de comunicação, a população enfrenta desabastecimento de água. Os técnicos da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), segundo o governo estadual, trabalham para o restabelecimento dos sistemas de abastecimento de água no litoral norte e Baixada Santista. Em São Sebastião e Ilhabela, 40 caminhões-tanque da companhia realizam o abastecimento emergencial até a regularização total dos sistemas.

 

 

Carro soterrado pela lama.
As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). (foto: NELSON ALMEIDA)
  


Nesta manhã, equipes de operação e de manutenção já estão em Boiçucanga para tentar o reparo do sistema de produção de água. Caminhões-tanque também estão a caminho. A produção de água em Maresias já foi retomada e mais de 8 mil imóveis já estão com o abastecimento em recuperação (Maresias e Barra do Una).


Em Caraguatatuba, e Ubatuba, os sistemas de abastecimento continuam em processo de recuperação. Ao todo, 104 técnicos da companhia estão empenhados nesse trabalho, com o apoio de caminhões de hidrojateamento e alto vácuo, seis retroescavadeiras e outros veículos.


A Defesa Civil estadual orientou a população a não se deslocar para o litoral norte até que a situação esteja controlada.

 

Rastro de destruição

recorde de chuva que atingiu o litoral norte de São Paulo desde sábado deixou também um rastro de destruição, com dezenas de casas que solaparam, muita lama e vias intransitáveis, o que atrapalha as ações de resgate. De acordo com a Defesa Civil do estado, além das mortes já confirmadas, o número de desalojados subiu para 1.730, e o de desabrigados, para 766.


Entre os mortos há uma criança de 7 anos, vítima de um deslizamento de terra em Ubatuba. Os outros mortos são de São Sebastião, a cidade mais afetada pelo temporal — a maioria na Barra do Sahy, além de Juquehy, Camburi, e Boiçucanga.


De acordo com o governo do estado, em menos de 24 horas o acumulado de chuva ultrapassou os 600 mm em alguns pontos do litoral. As áreas mais atingidas estão entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Tais índices pluviométricos são dos maiores já registrados no país em curto período e em situação não decorrente de ciclone tropical.


A Polícia Civil e a Superintendência da Polícia Técnico Científica reforçaram os efetivos na região para dar mais celeridade aos trabalhos de polícia Judiciária e de identificação das vítimas.


Uma equipe com 40 servidores entre peritos e auxiliares atuará no IML (Instituto Médico Legal) de Caraguatatuba. Outros 12 papiloscopistas do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt trabalharão em apoio aos profissionais no IML de Caraguatatuba e no Serviço de Verificação de Óbitos de Ubatuba.

 

Vista áerea da região mais atingida.
Os esforços no atendimento às vítimas começaram no domingo e seguem de forma ininterrupta. (foto: NELSON ALMEIDA)
 

 


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