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Estado de Minas REPRESENTATIVIDADE

Padre Júlio Lancellotti sobre Jesus negro: 'Não adianta menino Jesus loiro'

Religioso foi alvo de críticas após publicar foto nas redes sociais segurando uma escultura do filho de Deus negro


27/12/2022 00:29 - atualizado 27/12/2022 01:30
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Padre Júlio Lancellotti durante missa na Universidade São Judas (unidade Mooca), em São Paulo
Padre Júlio Lancellotti durante missa na Universidade São Judas (unidade Mooca), em São Paulo (foto: OArcanjoNoAr/YouTube/Reprodução )
Durante uma celebração religiosa no domingo de Natal, o padre Júlio Lancellotti justificou a importância da representação negra do menino Jesus. No sábado (24/12), o religioso publicou uma foto na qual segurava uma escultura do filho de Deus que foge do imaginário coletivo de um Jesus branco. A publicação dividiu opiniões nas redes sociais. 
 
“A maioria da população brasileira é afrodescendente. Não adianta fazer o menino Jesus loirinho, branquinho e com cabelinho lisinho. É preciso que ele seja semelhante à maioria do nosso povo. O Brasil é afro-ameríndio. Somos descendentes dos povos africanos e das nações indígenas. Menino Jesus negro é o retrato do povo brasileiro, que precisa de vida, com justiça, renda básica e libertação”, declarou durante celebração religiosa na Universidade São Judas (unidade Mooca), em São Paulo. 
 
O padre havia sido acusado de promover uma “militância” e tentar “mudar a história” após postar uma foto com a escultura do menino Jesus negro nas mãos. Para Lacellotti, os comentários de desprovação podem ser entendidos como “racismo estrutural”.

“Uai, padre! Tá querendo mudar a história? Para poder lacrar? Acho que você precisa de um pouco mais de aula de história e teologismo. Não abdique dos ensinamentos para lacrar”, escreveu um dos internautas. 

Com mais de 1,3 milhão de seguidores apenas no Instagram e vinculado à Arquidiocese de São Paulo, o padre Júlio Lancellotti é conhecido por suas ações sociais que visam atender, especialmente, pessoas em situação de rua. Nas redes, ele divide com os seguidores o trabalho que executa, além de levar palavras de fé às pessoas.
 

Jesus negro ou branco?

 
Parte substancial das igrejas evangélicas no Brasil – principalmente as grandes denominações – tem sido conivente com a violência sofrida por pessoas negras e pobres das periferias de grandes cidades, segundo avalia o teólogo e pesquisador Ronilso Pacheco, de 44 anos, que também é autor do livro Teologia Negra, o sopro antirracista do espírito. 
 
 
“Podemos chamar a Teologia Negra de um movimento teológico que está basicamente direcionado a questões de colonização e opressão das populações negras. Ela envolve os contextos de escravização e de políticas antinegras ao redor do mundo”, pontuou o pesquisador em entrevista à BBC Brasil em março de 2021. 
 
“Não há a discussão se Jesus era negro ou branco, porque em relação a isso não há muito o que discutir: é difícil imaginar uma figura branca na Palestina daquela época”, explicou Pacheco. 
 
Para o teólogo, Cristo branco elimina qualquer possibilidade de identificação teológica e bíblica com a população negra. "Deliberadamente, a presença e o protagonismo do continente africano são apagados, como uma forma de justificar a colonização e a escravização. Além disso, há uma tentativa de apagamento da tradição e religiosidade da África”, avaliou.




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