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Estado de Minas IMPUNIDADE

Dom Phillips e Bruno Pereira: relembre casos de assassinatos na Amazônia

Homicídios na região onde o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira foram mortos subiram 507% em três anos


16/06/2022 15:54 - atualizado 16/06/2022 16:35
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Dorothy Stang
A morte da missionária Dorothy Steng, em 2005, repercutiu em todo o mundo (foto: Flickr)

Os homicídios na região sudoeste do Amazonas aumentaram de 14 em 2019 para 85 em 2021, um crescimento de 507%, de acordo com relatórios anuais da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas.

Esta é a região do estado onde, segundo confissão à Polícia Federal, o suspeito Amarildo Oliveira da Costa teria assassinado o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira.
De acordo com relatório da ONG internacional Global Witness, na região da Amazônia brasileira e peruana, mais de 70% dos assassinatos estão relacionados à defesa do meio ambiente e da terra ou ligados à exploração de recursos naturais como extração madeireira, mineração e agronegócio em grande escala, garimpo ilegal, barragens hidrelétricas e outras infraestruturas.

Reginaldo Alves Barros e Maria da Luz Benício de Sousa

O casal de trabalhadores rurais, Reginaldo Alves Barros e Maria da Luz Benício de Sousa, foi encontrado morto no dia 18 de junho de 2021, na Gleba Campina, conhecida como comunidade Vilela, no município de Junco do Maranhão (MA).

Maria da Luz era ativa em movimentos sociais em defesa do direito à terra e era suplente da direção do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) da região.

Leia também: Dom Phillips e Bruno Pereira: confirmada prisão de terceiro suspeito

Na época, a Polícia Civil do Maranhão realizou uma operação intitulada de "Terra Vermelha", que deu cumprimento a dois mandados de prisão e três de busca e apreensão na zona rural do município de Junco do Maranhão. Segundo os agentes, os mandantes do crime ameaçavam trabalhadores para tomar as terras.

Além das prisões, foram apreendidas duas espingardas, três revólveres calibre 38, e outros itens usados pelos criminosos para fazer ataques na região.

Ari Uru-Eu-Wau-Wau, de 34 anos

Em de 17 de abril de 2020, o indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau, de 34 anos, foi encontrado morto no distrito de Jaru (RO). O corpo apresentava lesão na região do pescoço, que ocasionou hemorragia aguda.

Ele denunciava extrações ilegais de madeira dentro da aldeia de povo indígena. A esposa e filhos, dois anos depois, ainda não receberam informações das autoridades sobre autores ou motivação do crime.

Original Yanomami, de 24 anos, e Marcos Arokona

Também em 2020 os indígenas Original Yanomami, de 24 anos, e Marcos Arokona da mesma idade, foram mortos em conflito com garimpeiros na região do rio Parima, na Terra Yanomami em Alto Alegre (RO). No mesmo ano, o trabalhador rural Raimundo Nonato, foi morto na região de Junco, no Maranhão.

Leia tambémFamília de Dom Phillips pede 'paz e privacidade' após PF recolher corpos

Maxciel Pereira dos Santos

O colaborador da Fundação Nacional do Índio (Funai) Maxciel Pereira dos Santos, que atuava em defesa dos indígenas da Terra Indígena do Vale do Javari, na Amazônia, foi morto em 2019.

A Polícia Militar informou que Maxciel morreu com dois tiros na nuca quando andava de moto com a esposa e a enteada na cidade de Tabatinga. As duas sobreviveram, mas ele faleceu no local.

O crime segue impune. Viúva disse que não recebeu informações sobre investigação por parte da Polícia Federal. Desde 2018 até a data do crime, a base da Funai no Vale do Javari já havia sido atacada quatro vezes.

Paulo Paulino Guajajara

Paulo Paulino Guajajara, conhecido como Lobo Mau, foi assassinado a tiros em 1º de novembro de 2019, na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Paulino era um guardião da floresta, responsável por fiscalizar e denunciar invasões na mata.

Ele estava acompanhado de Laércio Guajajara, liderança da região, que conseguiu fugir do ataque, apesar de ter sido alvejado com tiros no braço e nas costas, e outros de raspão. Ambos voltavam de um dia de caça, quando se depararam com uma emboscada, homens armados que podem ser caçadores ou madeireiros.

Os criminosos, Raimundo Nonato Ferreira de Sousa e Antônio Wesley Nascimento, foram indiciados em 10 de janeiro de 2020 pela morte do indígena. A dupla foi condenada por homicídio doloso - quando há intenção de matar - e por porte ilegal de arma de fogo e caça ilegal.

O delegado da Polícia Federal responsável pelo caso, Nathan Vasconcelos, afirmou que as investigações apontam que os dois estavam na região praticando atividades de caça.

Emyra Wajãpi

Indígenas da etnia Wajãpi denunciaram no dia 25 de julho de 2019 que um grupo de garimpeiros assassinou o cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos.

A morte foi o início de um ataque à aldeia Mariry, que se concretizou com a invasão de 50 garimpeiros no local, localizado no oeste do Amapá.

Segundo relatos, o cacique foi esfaqueado no meio da mata no momento em que se deslocava até sua aldeia, depois de ter ido visitar a filha.

O inquérito que investigava a morte do cacique foi arquivado em dezembro pelo Ministério Público Federal (MPF). A entidade alegou que a investigação da Polícia Federal (PF) constatou morte acidental e sem indícios de invasão de garimpeiros.

Segundo a polícia, dois fatores dão indícios que a morte do cacique foi acidental: a ausência de hemorragia ou traumatismo craniano, mesmo com lesões superficiais na cabeça, e o fato da passagem pelo córrego onde o corpo foi encontrado ser feita por meio de um tronco, o que pode ter provocado a queda de Emyra. As informações foram divulgadas pelo G1.

Dorothy Steng

Em 2005 a notícia do assassinato da ambientalista e missionária norte-americana Dorothy Steng correu o mundo. Ela intermediava conflitos agrários na região de Anapu, no Pará. Nascida em 1931 nos Estados Unidos, Steng se dedicou ao trabalho missionário no final dos anos 60.

Desde então, Stang atuava em defesa dos trabalhadores rurais sem terra no estado. O fazendeiro Regivaldo Galvão, conhecido como Taradão, foi condenado a 30 anos de reclusão no dia 30 de abril de 2010, como mandante do assassinato de Dorothy Stang.

A condenação foi mantida em segunda instância, e a pena chegou a ser reduzida para 25 anos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a prisão em 2017.

Chico Mendes

Na noite de 22 de dezembro de 1988, o ecologista Chico Mendes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, no Acre, foi morto a tiros de espingarda, no quintal de sua casa, por Darcy Alves da Silva, a mando de seu pai, o fazendeiro Darly Alves da Silva.

Em dezembro de 1990, depois de um julgamento que durou quatro dias, os assassinos foram condenados a 19 anos de prisão.

Genocídio

De 1974 a 1983, grandes obras na Amazônia serviram de pretexto para genocídio cometido pela ditadura militar, por meio de bombardeios, chacinas e destruição de locais sagrados. A Comissão Nacional da Verdade estima que ao menos 8.350 índios foram assassinados entre 1946 e 1988.

As investigações apontam dois períodos distintos em se tratando de violações aos povos indígenas. Antes de dezembro de 1968, os massacres se davam mais pela omissão do Estado. Após o Ato Institucional 5 (AI-5), com a criação da Fundação Nacional do Índio (Funai), o maior responsável pelos homicídios foi o regime militar, que durou de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985.


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