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Estado de Minas

Por que EUA e Otan acreditam que Rússia ainda busca pretexto para invadir a Ucrânia

Relatos de bombardeios nesta quinta (17/02), que tiveram entre os alvos uma escola infantil no leste da Ucrânia, apresentam versões conflitantes. Secretário da Otan fala em tentativa de encenar operação.


17/02/2022 15:28 - atualizado 17/02/2022 15:51

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira (17/02) temer que a Rússia esteja buscando pretextos falsos para invadir a Ucrânia nos próximos dias.

A ideia de que o governo de Vladimir Putin possa criar uma situação favorável para justificar a ofensiva também foi levantada por outros líderes ocidentais, entre eles o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg.

Em declaração à imprensa nos jardins da Casa Branca, Biden afirmou que a ameaça de invasão à Ucrânia é "muito alta" e que a ofensiva pode acontecer já "nos próximos dias". Segundo ele, o envio de novas tropas russas à fronteira está entre as principais evidências para sustentar sua posição.

O presidente americano disse ainda que seu governo acredita que a Rússia possa forjar um incidente para ter uma desculpa para invadir.

O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, levantou a mesma possibilidade em discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas também nesta quinta.

Segundo o chanceler, os Estados Unidos ainda não têm certeza sobre como a Rússia pretende usar o que chamam de "false flag" - um pretexto fabricado, na expressão em inglês.

Washington, porém, crê que o Kremlin poderia forjar um ataque terrorista em território russo, mentir sobre mortes ou realizar um ataque com armas químicas falsas ou reais para culpar a Ucrânia.


O presidente norte-americano Joe Biden fala à imprensa na Casa Branca
O presidente americano Joe Biden fala à imprensa na Casa Branca sobre as possibilidades de uma invasão russa (foto: Alex Wong/Getty Images)

De acordo com Blinken, assim que qualquer um desses incidentes acontecer, o governo russo "convocará teatralmente" uma reunião de emergência.

Logo depois lançará mísseis e bombas contra alvos ucranianos, ao mesmo tempo em que implementa um bloqueio de comunicações e ataques cibernéticos no país vizinho.

"Depois disso, tanques e soldados russos avançarão sobre alvos-chave que já foram identificados", acrescentou o secretário.

O que está por trás das acusações?

Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos alertam sobre a possibilidade da criação de uma encenação para justificar a invasão. O Pentágono já havia levantado essa possibilidade em janeiro, quando disse que Moscou preparava uma operação para atacar rebeldes pró-Rússia, atribuir ao outro lado e assim ter motivos para retaliações.

Embora Washington tenha oferecido diversos detalhes sobre o plano de Moscou, não forneceu nenhuma evidência para sua teoria.

Nesta quinta, porém, as alegações se tornaram mais acentuadas por conta de relatos de bombardeios na região de Donbas, no leste da Ucrânia, onde rebeldes apoiados pela Rússia lutam contra tropas ucranianas desde 2014.

Até agora há poucas informações sobre o que exatamente aconteceu e os dois lados do conflito divulgam versões conflitantes sobre o ataque. Mas uma das informações divulgadas dá conta de que uma escola infantil com crianças em seu interior teria sido atingida pelo bombardeio.

A aparente escalada na violência levou os EUA, o Reino Unido e a Otan a afirmarem que a Rússia pode estar preparando o terreno para uma invasão iminente.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, chegou a dizer abertamente que o bombardeio relatado foi um "projetado para criar um pretexto" para atacar.

Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que a aliança ocidental viu nos relatos de bombardeio "tentativas" da Rússia de encenar uma operação falsa na Ucrânia.

"Estamos preocupados que a Rússia esteja tentando encenar um pretexto para um ataque armado contra a Ucrânia", disse Stoltenberg em entrevista coletiva nesta quinta. "Ainda não há clareza, nenhuma certeza sobre as intenções da Rússia", acrescentou.

A crise

A Rússia nega repetidamente qualquer plano de invadir a Ucrânia, apesar de reunir mais de 100 mil soldados perto da fronteira.

Na noite de terça-feira (15/02), o governo de Vladimir Putin anunciou a retirada de algumas das tropas, mas os Estados Unidos afirmam duvidar que isso esteja de fato acontecendo.

Segundo o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, Moscou está na verdade aproximando ainda mais seus soldados da divisa com a Ucrânia.

Em uma coletiva de imprensa em Bruxelas, Austin disse que os EUA também identificaram um movimento da Rússia para estocar bolsas de sangue, além de voos "em mais aeronaves de combate e apoio".

"Eu mesmo fui um soldado não muito tempo atrás e sei que você não faz esse tipo de coisa sem motivo", disse. "E você certamente não faz isso se estiver se preparando as malas para voltar para casa."

Ao mesmo tempo, um representante da ONU disse no Conselho de Segurança do órgão que as tensões ao redor e na Ucrânia estão mais elevadas do que em qualquer outro momento desde 2014.

"Especulação e acusações em torno de um potencial conflito militar são abundantes", advertiu a chefe de assuntos políticos da ONU, Rosemary DiCarlo.

Ele acrescentou que "o que quer que se acredite sobre a perspectiva de tal confronto, a realidade é que a situação atual é extremamente perigosa".

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