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Estado de Minas PANDEMIA

Cidades das fronteiras têm baixa vacinação no Brasil e preocupam

Municípios, principalmente na Região Norte, apresentam número insatisfatório de vacinados contra a COVID, segundo Relatório do Icict/Fiocruz


24/01/2022 09:04 - atualizado 24/01/2022 09:32

A falta de fiscalização sobre a entrada e a saída de viajantes vacinados e à exigência do passaporte sanitário pode agravar a pandemia
A falta de fiscalização sobre a entrada e a saída de viajantes vacinados e à exigência do passaporte sanitário pode agravar a pandemia (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A baixa adesão à vacinação contra a covid-19 nas cidades que fazem fronteira com outros países é motivo de alerta de grupos de estudos científicos que acompanham a imunização no Brasil. O Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), detalhou, no relatório Monitora-Covid 19, que esses dados são piores no Norte do país.

Municípios como Tabatinga, que faz parte da tríplice fronteira entre Amazonas, Peru e Colômbia; Oiapoque, fronteira entre o Amapá e Guiana Francesa; e Uiramutã, tríplice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana, estão abaixo dos 30% da vacinação completa — ao menos duas doses. Já localidades fronteiriças no Sul e no Centro-Oeste aparecem acima dos 50%. É o caso de Bagé, no Rio Grande do Sul, que se delimita com o Uruguai (60%); Corumbá, fronteira entre Mato Grosso do Sul e Bolívia (63,8%); Foz do Iguaçu (no Paraná, que se delimita com Paraguai e Uruguai), com 73,5%.

Christovam Barcellos, pesquisador titular do Laboratório de Informação em Saúde do Icict, que esteve à frente do estudo, disse provocar apreensão a vulnerabilidade nesses locais. De acordo com ele, a falta de fiscalização sobre a entrada e a saída de viajantes vacinados e à exigência do passaporte sanitário pode agravar a pandemia. "Muitas das falhas de vacinação estão acontecendo em áreas de fronteiras, o que é muito preocupante em relação à entrada de novas variantes ou surtos locais que podem se espalhar para o Brasil inteiro", explicou.


Segundo o site Amazônia Latitude, as cidades de Tabatinga (Brasil) e Letícia (Colômbia) somam 50 mil habitantes. O município brasileiro é "o principal centro de convergência de toda uma rede no interior da Amazônia", no entanto, não conta com um sistema de saúde capaz de suportar uma grande quantidade de casos graves de covid-19.

Isso resultaria num alto fluxo de pessoas se deslocando para a capital, Manaus. "Imagina se todo mundo que ficar doente for para Manaus? A capital tem uma taxa de vacinação bastante alta, recebe muitas pessoas não vacinadas e doentes graves vindos do interior. São potenciais para o surgimento de novas variantes", frisou Barcellos.

Questionada pela reportagem sobre a razão da baixa vacinação no interior, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS/AM) explicou, em nota, que "os profissionais de saúde relatam dificuldades no processo (de imunização)". "Entre elas, está o receio de reação após a aplicação da dose da vacina e questões psicossociais'', acrescentou, sem detalhar quais seriam. Além disso, informou haver "dificuldade de conectividade à internet e inserção das informações no sistema oficial do Ministério da Saúde".

O apagão de dados da pasta, por sinal, é outro quesito citado por Barcellos como uma falha séria no Plano Nacional de Imunização (PNI), principalmente no interior do país. "Talvez, a gente não esteja recebendo os dados dessas cidades porque não há internet ou pessoal capacitado para digitar. A pessoa está conectada na internet, inserindo diretamente no sistema, de repente, a rede cai. Vai para o Excel. Aí, às vezes, isso exige nova digitação. Cada secretaria cria um sistema diferente do outro, com linguagens incompatíveis. Se acontece algo com um lote, por exemplo, o Ministério da Saúde precisa dessa informação de forma mais ágil. Atrapalha no balanço nacional", ressaltou.

O Ministério da Saúde reforçou que a parcela da população residente nas fronteiras é "parte importante da estratégia para combater a pandemia da covid-19". Em nota, argumentou que "a pasta presta apoio irrestrito a todos os entes federados no enfrentamento à covid-19, como o reforço na assistência à saúde pública". Porém, não detalhou como está fiscalizando a distribuição ou a diferença da aplicação de doses nas capitais e nos municípios, principalmente os de fronteira.


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