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Estado de Minas OBJETIVO

Sem oportunidades, profissionais qualificados planejam deixar o país

Mais de 80% das pessoas que gostariam de sair do Brasil tem entre 30 e 55 anos, casados e com filhos; profissionais altamente capacitados fazem parte do grupo


08/09/2021 14:59 - atualizado 08/09/2021 15:42

Trabalhar no exterior se tornou uma opção esperançosa para profissionais altamente qualificados.
Trabalhar no exterior se tornou uma opção esperançosa para profissionais altamente qualificados. (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press )
Deixar o país em busca de uma nova vida, com mais oportunidades, tem sido o desejo de grande parte dos brasileiros. Frente aos obstáculos do mundo profissional, devido a crescente desvalorização da educação e da ciência pelos líderes de governo, trabalhar no exterior se tornou uma opção esperançosa para profissionais altamente qualificados. 

De acordo com o Departamento de Estado, os vistos EB-2 emitidos em 2020 para estes profissionais tiveram um salto de 36%, em comparação a 2019. A categoria autoriza a residência permanente do imigrante nos Estados Unidos (EUA), baseada no emprego.  

No mesmo período, também foi registrado um aumento de 50% nas buscas pelos vistos EB-1, para trabalhadores considerados prioritários, e EB-2.  O levantamento foi realizado pela Bicalho Consultoria Legal, empresa especializada em imigração e internacionalização de negócios. 

Segundo a empresa, sediada na capital mineira, a expectativa é que os números cresçam ainda mais com o avanço da vacinação e a reabertura das fronteiras.

Quem são os brasileiros com desejo de sair do país? 


Profissionais adultos, altamente qualificados, entre 30 e 55 anos são os que mais anseiam pela mudança. O grupo responde a 85% das pessoas que desejam deixar o Brasil. O levantamento aponta, ainda, que a maioria é casada e tem filhos. 

“Todos possuem carreira estável no Brasil e normalmente saem das grandes capitais”, comenta Vinicius Bicalho, mestre em direito no Brasil e EUA e especializado em Negócios Internacionais. 

Diferente da realidade brasileira, os profissionais considerados com habilidades especiais são, em boa parte dos casos, requisitados e bem vistos em outros países. A distinção se baseia entre as habilidades extraordinárias, onde os imigrantes estão no topo da sua área de atuação e são referências em seus segmentos. 

Vinícius observa que perfis de destaques profissionais, ou que comprovam alguma maneira de agregar valor ao país, podem ser recebidos sem que haja um empregador, baseado no interesse local, como costuma acontecer nos EUA. 

“Enquanto a pandemia gerou uma redução de 48% na emissão de vistos para os EUA no ano de 2020, o volume de profissionais qualificados que deixaram o Brasil rumo a esse país aumentou 36% nesse mesmo período e vem crescendo ao longo do tempo”, finaliza. 


Saudade é palavra brasileira 


O tamanho dos sonhos desses brasileiros pode ser medido pelos quilômetros que os separam da terra natal. Assim como a saudade que permeia o cotidiano dessas pessoas e torna difícil a adaptação à nova vida. 

De um lado, a felicidade das oportunidades e as portas que se abrem, de outro a distância de casa. É o que afirma a brasileira Paula Sgromo Veiga, de 32 anos, que deixou o país rumo aos Estados Unidos há três anos: “Definitivamente, o mais difícil é a saudade”. 

Paula é formada em administração de empresas, com ênfase em comércio exterior e MBA em gestão estratégica de negócios. Casada e sem filhos, tinha uma posição confortável e reconhecida na empresa em que trabalhava no Brasil. No entanto, decidiu embarcar para Orlando, no centro da Flórida, e começar o próprio negócio. 

“Sempre tive um espírito empreendedor que me motivava a buscar um caminho de ter meu próprio negócio”, comenta. Em 2018, ela abriu uma franquia da Sodie Doces, de bolos artesanais, com o objetivo de internacionalizar a marca que, à época, não possuía lojas fora do país. 

"Definitivamente o mais difícil é a saudade"

Paula Sgromo Veiga, brasileira residente nos EUA



A administradora conta que a adaptação não foi fácil. “A realidade nos EUA é muito diferente do Brasil em vários sentidos, mas não quer dizer que a vida é fácil. Temos desafios e dificuldades diariamente”. Ela alerta sobre a alta carga de trabalho, as diferenças culturais e possíveis empecilhos financeiros, caso não haja bom planejamento, nos primeiros meses. 

Quanto ao visto, ela afirma ser trabalhoso e burocrático, “mas sendo legítimo e justificável, não haverá problemas com o processo”.  

A brasileira avalia, ainda, que a maior motivação para deixar o país é a busca por qualidade de vida. “Se é possível ter segurança, conforto e acesso, as pessoas vão buscar isto”, finaliza, garantindo que não tem planos de retornar ao Brasil. 


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