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Estado de Minas PANDEMIA

Federação de Ginecologia e Obstetrícia se opõe a AstraZeneca para grávidas

Febrasgo orienta gestantes e puérperas que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca a tomarem a segunda dose da Pfizer e, se não houver, da CoronaVac


05/07/2021 20:40 - atualizado 05/07/2021 21:35

Médica destaca que, apesar do preconceito com a CoronaVac no Brasil, ela é uma das indicadas para grávidas e puérperas, pela segurança(foto: Pixabay/Reprodução)
Médica destaca que, apesar do preconceito com a CoronaVac no Brasil, ela é uma das indicadas para grávidas e puérperas, pela segurança (foto: Pixabay/Reprodução)

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) publicou, nesta segunda-feira (5/7), uma recomendação orientando as gestantes e puérperas, incluindo as que não apresentam comorbidades, que receberam a primeira dose da vacina da AstraZeneca/ Fiocruz a tomarem a segunda dose, preferencialmente, com a vacina da Pfizer/Biontech.

Nos locais em que a Pfizer não estiver disponível, a opção deve ser a CoronaVac, segundo a nota da federação. O grupo também pode optar por aguardar o término do período da gestação e puerpério para a administração da segunda dose da AstraZeneca.
 
A recomendação foi elaborada após reunião desta segunda, do Programa Nacional de Imunização (PNI).

“A Febrasgo procura estar alinhada com outros posicionamentos tanto a Associação Médica Brasileira e também com o Programa Nacional de Imunização. A Febrasgo levou essa demanda para a reunião com essa preocupação do que fazer com aquelas gestantes que foram vacinadas antes da legislação, ou seja, não sabiam e depois ficaram grávidas, aguardando a segunda dose da vacina ou que foram vacinadas com a dose da AstraZeneca/Oxford”, informou o presidente da Febrasgo, Agnaldo Lopes da Silva Filho. 
 
Segundo o especialista, a principal motivação para a medida se deve à morte de uma grávida no Rio de Janeiro associada à vacinação com dose da AstraZeneca.

“A AstraZeneca/Oxford a Anvisa e o próprio Ministério da Saúde suspenderam a vacinação de gestantes com essa vacina que é de vetor viral porque a morte de uma mãe e seu bebê no Rio de Janeiro foi associada a um efeito adverso grave de uma trombose com trombocitopenia dessa vacina”, disse.
 
Paula Fettback, ginecologista doutora pela Faculdade de Medicina da USP, destaca que, devido a esse caso do Rio de Janeiro, desde de maio a Anvisa já havia suspendido a vacina para gestantes em razão da suspeita de as questões estarem interligadas.

“Estávamos aguardando a investigação para averiguar se realmente houve uma causa consequência. E hoje, depois dessa decisão, a Febrasgo optou por suspender a vacina da AstraZeneca para as gestantes em todo o país. No dia seguinte desse episódio no Brasil não estava mais aplicando essa vacina em grávidas”, disse.

A médica ainda relata que, em decorrência de terem o mesmo princípio viral, há possibilidade de a Anvisa também suspender o uso da vacina Janssen em grávidas.

“Hoje saiu uma nota nova que provavelmente a Anvisa também vai cancelar a da Janssen porque as duas vacinas são fabricadas com o mesmo princípio ativo. Não houve ainda nenhum episódio de efeito colateral com a Janssen, mas faz pouco tempo que ela está em circulação", explica.

Paula Fettback complementa: "Da AstraZeneca, existe uma suspeita de trombocitopenia, que é uma alteração na coagulação e do risco aumentado de trombose. Ainda não foi divulgado, mas provavelmente as únicas vacinas que serão liberadas para gestantes no Brasil vão ser a CoronaVac e a Pfizer”. 
 
 

A vantagem da CoronaVac 

 
A Febrasgo também recomenda que as gestantes e puérperas, incluindo as que não apresentam fatores de risco, que já tenham recebido a primeira dose de outra vacina contra a COVID-19 que não contenha vetor viral, ou seja, CoronaVac ou Pfizer, deverão completar o esquema com a mesma vacina nos intervalos habituais.

“As gestantes com e sem comorbidades devem ser vacinadas com as vacinas que não tenham vetor viral, então CoronaVac e Pfizer. A recomendação anterior do PNI era que as gestantes vacinassem 45 dias após o parto. Hoje, o que recomendamos é que as gestantes podem ser vacinadas 45 dias após o parto com a própria AstraZeneca ou aquelas que optarem por tomar a vacina durante a gravidez, que seja, preferencialmente da Pfizer. E, se não tiver Pfizer, avaliar a possibilidade da CoronaVac”, explicou Agnaldo Lopes.
 
Conforme o imunologista Agnaldo Lopes, a CoronaVac é baseada em vírus inativado, modelo de vacina muito comum, sendo o mesmo da vacina contra a gripe e a antitetânica. Já a Pfizer tem o modelo RNA mensageiro.

Paula Fettback afirma que a CoronaVac apresenta uma grande segurança para as gestantes por ser produzida da mesma maneira que a vacina de influenza (H1N1): “No Brasil, a gente sabe com certeza que é considerada mais adequada para gestantes a CoronaVac, porque ela é feita da mesma maneira que a nossa vacina da gripe. Para o grupos de gestantes, a gente ainda prefere a CoronaVac, apesar do preconceito que alguns grupos têm com ela”. 
 
A médica ainda completa que não há nenhum estudo que comprove a segurança máxima de uma vacina devido ao fato de a doença ainda ser muito recente.

“Existem estudos que já mostraram que os bebês nasceram com anticorpos e existe um seguimento dessas pacientes em que algumas já ganharam bebê. Mas a maioria ainda está grávida, porque a gente ainda não tem um tempo muito grande de vacinação no mundo no seguimento de gestantes. Então, ainda não há uma segurança 100%”, ressalta a médida.

Mesmo sendo estudos preliminares, por meio das experiências e do que foi observado até o momento, há “várias grávidas, inclusive no Brasil, vacinadas com a taxa de efeitos adversos muito pequena e um padrão de segurança muito aceitável das vacinas. Nos Estados Unidos, várias grávidas foram vacinadas com a Moderna e com a Pfizer e não houve complicações”, declara Agnaldo Lopes.

Mortalidade

 
A Febrasgo também reforça que a síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por COVID-19 em gestantes e puérperas está associada a risco elevado de morbidade e mortalidade materna, além do maior risco de prematuridade e óbito fetal.

Segundo o imunologista, isso ocorre porque “a grávida já tem algumas peculiaridades da gestação, por exemplo se você precisar ventilar uma grávida é diferente de um não grávido”.

Paula Fettback acrescenta que todos os fatores de risco que a população geral tem, associada ao novo coronavírus, tem um risco ainda maior nas grávidas. Por isso, elas devem redobrar os cuidados.

“A gravidez isoladamente já é um fator de risco porque muda todo o sistema imunológico, a função pulmonar, a função cardíaca e a grávida tem uma tendência muito trombogênica, ou seja, qualquer gestante e puérpera, principalmente pelas mudanças no sistema de circulação da gestação, já é pré-trombótica”, comenta. 

Outra questão apresentada por Agnaldo Lopes como importante é que a Febrasgo alertou que para a vacinação contra COVID-19 as grávidas precisam apresentar somente o cartão de pr-e-natal ou o teste de gravidez.
"Não precisa de um encaminhamento médico para isso”, destaca o médico.

“Também é importante reforçar a necessidade de vacinação nas grávidas, gestantes e puérperas. Vacinem-se! É muito importante”, concluiu.
 
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina


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