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Estado de Minas covid-19

Políticos reagem às 500 mil mortes

Ministro da Saúde, ex-ministros, presidente do Senado e integrantes da CPI da COVID lamentam a marca de meio milhão de vidas perdidas na pandemia


20/06/2021 04:00

Marcelo Queiroga vacina homem no Rio: em mensagem, ministro destacou esforço para imunizar brasileiros (foto: Twitter/Reprodução )
Marcelo Queiroga vacina homem no Rio: em mensagem, ministro destacou esforço para imunizar brasileiros (foto: Twitter/Reprodução )


A marca de 500 mil mortes pela COVID-19 no Brasil, no cenário de vacinação lenta, baixa adesão às medidas de isolamento social e sem políticas nacionais de testagem em massa, gerou reação de autoridades e políticos ontem. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, manifestou, no Twitter, sua solidariedade às mais de 500 mil pessoas que morreram pela COVID-19 no Brasil. O Brasil alcançou a triste marca de 500.022 mortes ontem. “500 mil vidas perdidas pela pandemia que afeta o nosso Brasil e todo o mundo. Trabalho incansavelmente para vacinar todos os brasileiros no menor tempo possível e mudar esse cenário que nos assola há mais de um ano”, afirmou o ministro em sua rede social.

"Presto minha solidariedade a cada pai, mãe, amigos e parentes, que perderam seus entes queridos", completou Queiroga, que é o quarto ministro da Saúde do país desde o começo da pandemia. Já passaram pela cadeira Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e o general Eduardo Pazuello. Seus antecessores também se manifestaram sobre marca nefasta. “Meio milhão de mortos. É dor demais. A ausência de liderança não apenas provocou uma tragédia muito maior do que deveria ser, como já prepara a ressaca futura. Deveríamos estar planejando o pós-vacina e a reparação da sociedade em todas as áreas atingidas. Mas seguimos à deriva," escreveu Mandetta.

Já Nelson Teich escreveu nas redes sociais: “Deixo aqui uma mensagem de carinho e respeito para as famílias dos mais de 500 mil brasileiros que morreram pela Covid-19. Esse número retrata o quanto precisamos melhorar a eficiência do combate à Covid-19 e do sistema de saúde como um todo." Até as 20h, o presidente Jair Bolsonaro ainda não havia se pronunciado sobre as 500 mil mortes. Bolsonaro passou a manhã no Rio e voltou a Brasília no início da tarde.

No Senado, onde a CPI da COVID investiga acusação de omissão do governo federal no combate à pandemia e irregularidades no repasse de verbas a estados e municípios, o presidente Rodrigo Pacheco (DEM-MG) manifestou seu pesar pelas vítimas. “Meus sinceros sentimentos às 500 mil famílias brasileiras que perderam alguém para a Covid- 19. Uma enorme tristeza nacional. Vamos manter o foco na prevenção e na vacina para todos”, disse Pacheco. “O presidente Bolsonaro idealizou a sua mais ousada e infame rachadinha: dividir o país entre cloroquina e vacina. A rachadinha do negacionismo é aposta que gerou resultado: meio milhão de mortos. Até agora. #VacinaParaTodos.”, escreveu Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI.

Para o vice-presidente CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), “alcançamos hoje a trágica marca de 500 mil perdas p/a COVID-19, entre esses, milhares de amapaenses. São nomes, rostos, olhares, sorrisos que deixaram saudades e vazios imensos. Se hoje lutamos por vacina na CPI, é para que nosso povo não chore mais mortes. O luto não tem fim!”. Aliado do governo Bolsonaro na CPI da COVID, o senador Marcos Rogério lamentou a triste marca. “500 mil vidas. 500 mil histórias interrompidas. Não há palavras suficientes para lamentar essa terrível tragédia. Minha solidariedade àqueles que perderam familiares e amigos. Estou com vocês em oração, para que Deus conforte e nos dê força para enfrentar esse momento.”

Adversário político do presidente, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), expressou sua tristeza nas redes sociais. “Meio milhão de famílias devastadas. É a mais triste marca da história do nosso país. Um sentimento de vazio e indignação invade meu coração. É inadmissível perdermos pessoas para um vírus sabendo que já havia uma vacina. Morreram pelo descaso. [...] Tem gente que pode até negar que a terra seja redonda, mas eles não podem negar que a vacina é a solução. Temos pressa. O Brasil tem pressa”, disse o governador. “O único caminho para que mais famílias não chorem perdas e para voltarmos a trabalhar com tranquilidade é vacinar", acrescentou.

Aliado de Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PT), manifestou “solidariedade a cada uma das famílias dos 500 mil brasileiros mortos pela COVID-19. Estamos vivendo uma grande batalha contra esse vírus. A vacina é nossa esperança e seguirei firme para imunizarmos toda a população do Rio de Janeiro”. Já o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que “não é só um número, trata-se de seres humanos, são pessoas com histórias, são artistas, profissionais urbanos, rurais, homens, mulheres, daqueles que ficaram aqui, abalados com a perda de seus entes queridos. Esposas, esposos, filhos, filhas, netos, amigas, fãs... É disso que se trata.”

Entre vacinas e máscaras

Está em andamento no Ministério da Saúde a criação de um plano de ação para vetar o uso da CoronaVac no Brasil. O ministro Marcelo Queiroga acredita que o imunizante tem eficácia baixa e alega a interlocutores que existem muitos casos de pessoas que tomaram o imunizante e foram infectados mesmo após as duas doses. De acordo com fontes no governo, Queiroga pretende encerrar contratos de compra da vacina produzida pelo Butantan em parceria com a chinesa Sinovac. A intenção seria adquirir apenas as doses que já foram contratadas, e reforçar aquisições das vacinas da AstraZeneca e da Pfizer.

No entanto, o governo esbarra na dificuldade em adquirir mais doses. Uma outra solução pode ser a Butanvac, imunizante brasileiro que está sendo testado e pode ser aprovado no segundo semestre. O que incomoda Queiroga é a baixa proteção em idosos. Um estudo denominado ‘Vaccine effectiveness in Brazil against COVID-19’ apontou que a eficácia geral para quem tem mais de 80 anos está em torno de 28%. Durante a semana, o ministro colocou em dúvida a segurança das vacinas para agradar ao presidente Jair Bolsonaro. Ele disse que o presidente tem razão quando fala que “não se tem ainda todas as evidências científicas” dos imunizantes. No entanto, todos os imunizantes em aplicação no Brasil passaram por testes e foram aprovados.

E não são apenas as vacinas que estão entre o ministro e o presidente Jair Bolsonaro. A pressão do presidente para desobrigar ao uso de máscaras para quem já foi vacinado ou já se infectou pelo vírus gera uma crise no Ministério da Saúde. O titular da pasta entende que não existem bases científicas que justifiquem a medida e teme um avanço acelerado da COVID-19 no país.

O presidente afirmou que o Ministério da Saúde vai publicar um parecer desobrigando ao uso da proteção facial. No entanto, ao comentar o caso, Queiroga afirmou que estão sendo feitos estudos em relação a quem já foi vacinado, e não citou quem já se recuperou da doença. Já é conceito na comunidade científica que mesmo quem já pegou coronavírus pode se reinfectar.

Fontes ligadas ao governo disseram que Queiroga tem reclamado da pressão, e também está incomodado com o fato de ser investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID. Ele teme que qualquer ação que dê força à disseminação da doença sirva para incriminá-lo. No Planalto, Bolsonaro também diz para interlocutores estar descontente com os posicionamentos do ministro, e com a resistência em acatar seus pedidos. Não se descarta uma substituição na pasta nas próximas semanas.

Tratamento 
Para aumentar a polêmica, Queiroga sugeriu à Organização Mundial da Saúde (OMS) um diálogo sobre o tratamento precoce, método defendido por Bolsonaro mas sem eficácia comprovada contra a COVID-19. 
     
  A oferta de "convergência" em torno do tema foi citada por Queiroga em reunião em 3 de abril com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, por teleconferência, conforme documento enviado pelo Itamaraty à CPI da Covid. Na mesma conversa, o chefe da pasta apresentou Bolsonaro como o “principal ativo” para o Brasil avançar no combate à pandemia. (Renato Souza)


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