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Estado de Minas CRUZADA IDEOLÓGICA

Conselho de Biblioteconomia repudia retirada de livros da Fundação Palmares

Fundação pretende retirar do acervo obras de escritores como Caio Prado Jr., Celso Furtado, Eric Hobsbawm, Karl Marx, Max Weber e Machado de Assis


17/06/2021 11:03 - atualizado 17/06/2021 13:32

Presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, anunciou a retirada de mais de 5 mil livros do acervo do órgão(foto: Reprodução/Twitter)
Presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, anunciou a retirada de mais de 5 mil livros do acervo do órgão (foto: Reprodução/Twitter)

Depois do anúncio feito pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, para a retirada de mais de 5 mil livros do acervo do órgão, o Conselho Federal de Biblioteconomia publicou nota em repúdio à decisão. Segundo a nota, o órgão ignora os critérios técnicos e científicos da biblioteconomia e os princípios que regem a administração pública.
 
A fundação publicou,  em 11 de junho, relatório que informa que no acervo constam 9.565 exemplares, sendo 46% de temática negra (4.400 títulos) e 54% de temática alheia à negra (5.165). A fundação pretende retirar do acervo obras de Caio Prado Jr., Celso Furtado, Eric Hobsbawm, Karl Marx, Max Weber e Machado de Assis.
 
Conselho de Biblioteconomia aponta a ausência da participação de bibliotecários e da comunidade atendida na elaboração do relatório(foto: Reprodução)
Conselho de Biblioteconomia aponta a ausência da participação de bibliotecários e da comunidade atendida na elaboração do relatório (foto: Reprodução)
 
A medida, no entanto, foi vista como mais uma ação ideológica de Sérgio Camargo. "Embora valendo-se do intitulado 'Retrato do Acervo: três décadas de dominação marxista na Fundação Cultural Palmares', tal documento não se caracteriza como uma política de desenvolvimento de coleções, o que seria esperado de qualquer biblioteca, particularmente se vinculada a um ente federativo", escreve o conselho.
 
O Conselho de Biblioteconomia ainda aponta a ausência da participação de bibliotecários e da comunidade atendida na elaboração do relatório. "O documento supracitado estabelece critérios pessoais, insólitos e descabidos, o que pode gerar lesividade ao patrimônio bibliográfico do país."
 
O relatório foi elaborado por uma equipe comandada por Marco Frenette, coordenador-geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC).

"Este levantamento temático, conduzido pelo CNIRC, sob minha direção e com trabalho árduo e dedicado de minha equipe, é mais um passo nessa adequação fundamental iniciada em 2019."

Frenette foi nomeado para CNIRC pelo ex-assessor de Roberto Alvim, demitido do cargo de secretário da Cultura depois de aparecer em vídeo que fazia apologia ao nazismo.
 
O Conselho de Biblioteconomia destaca que a ação, diferentemente do que diz Frenette, tem caráter ideológico. "Ao pretender justificar a eliminação do acervo construído pelas gestões anteriores valendo-se de uma linguagem depreciativa e infundada, a Fundação Palmares expõe a ingerência ideológica numa atividade que deveria primar pela técnica."

Os bibliotecários ressalam que a medida é ainda mais danosa  por se tratar de uma biblioteca financiada com dinheiro público. A nota lembra que as ações da fundação deveriam ser regidas por princípios da indisponibilidade do interesse público pelos administradores do Estado, bem como o da impessoalidade, que devem afastar de seu seio afinidades ou animosidades políticas ou ideológicas. 
 
A retirada dos livros do acervo dá sequência às ações polêmicas de Sérgio Camargo à frente da fundação. 
Ele determinou a mudança do logotipo do órgão.  
Também retirou homenagem a personalidades negras agraciadas pela Palmares, como as ex-ministras Benedita da Silva e Marina Silva.


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