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Estado de Minas CASO HENRY

Advogados do pai de Henry esperam condenação máxima para mãe e Jairinho

Em entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, advogados de Leniel Borel, pai de Henry Borel, contam detalhes sobre o caso


16/04/2021 07:09 - atualizado 16/04/2021 07:51

(foto: Instagram/ reprodução)
(foto: Instagram/ reprodução)
O desfecho da investigação sobre a morte de Henry Borel, de 4 anos, no Rio de Janeiro, segue indefinido. Os advogados criminalistas contratados pelo pai do menino, Leniel Borel, conversaram com exclusividade com o Correio e explicaram detalhes do caso.

"A conclusão do relatório está acontecendo e, para esse homicídio duplamente qualificado, pela tortura e sem possibilidade de a vítima prover a sua própria defesa, esperamos a pena máxima e com todo e total rigor da lei para os dois, Dr. Jairinho e a mãe (de Henry), Monique", afirma o especialista em direito criminal Ailton Barros. O também advogado criminalista Leonardo Barreto auxilia a acusação no caso.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista com os advogados:

Além da fala da criança, dizendo que "o tio abraça forte", tiveram outras suspeitas de que o menino sofria agressão?

Leonardo Barreto - Na verdade, neste momento e no período desse relato, o que nós tínhamos é que o menino dizia que o “tio abraçava forte” e que isso incomodava a criança. Quanto ao episódio que foi relatado agora que ele ficava mancando e tinha caído, na verdade, tudo que se reportava à mãe, ela justificava dizendo que ele tinha caído. Todo machucado que aparecia no garoto e o pai reportava à mãe ela falava que ele tinha se machucado brincando ou algo do tipo. Vamos combinar, que é muito normal uma criança de 4 anos se machucar enquanto brinca de bola ou outras brincadeiras. Até então não havia machucados que denotavam uma agressão.

Há registros de primeiros socorros que foram realizados?

LB - Eles falaram que não houve primeiros socorros da parte do Dr. Jairinho, que ele não fez, quem me parece que tentou fazer alguma coisa foi a Monique, mãe do garoto.

Uma atendente de um salão de beleza disse que ouviu uma ligação da mãe do menino, na qual ele pedia que Monique voltasse imediatamente para casa, pois estava sendo vítima de Jairinho. A mesma moça disse que ela ligou para o marido e gritou com ele. Há indícios disso?

LB - Foi um depoimento em que realmente essa pessoa relatou este episódio. Temos que saber quantos dias esse fenômeno ocorreu antes da morte do menino. Porque não é natural. Se você é mãe e te ligam dizendo que seu filho está apanhando ou sendo agredido, você vai sair do salão e ir ver seu filho, você vai parar o que você está fazendo e ir atrás dele. Isso é um comportamento natural de um ser humano comum, ela não fez isso e continuou no salão de beleza. Poderia estar gritando e esperneando, mas ela não abriu mão da beleza dela. Isso é bem estranho.

Como era a relação do Henry com as duas famílias, do pai e da mãe?

Ailton Barros - A relação do casal e da família, Leniel e Monique, sempre foi uma relação muito boa. A Monique, que é a mãe da criança, até antes de eles se separarem, ela tinha uma determinada conduta e um determinado procedimento. Eles estavam casados há quase 10 anos e é natural nesse tempo terem um desgaste na relação, mas nada que afetasse a relação deles com a criança. O fato é que quando a mãe (Monique) se separou do pai, ela mudou o comportamento, tanto em relação ao pai quanto ao filho. Por relatos do pai, no tempo em que eles estavam casados, ela sempre teve uma relação afetuosa com a criança. Depois que ela saiu de casa e começou a se relacionar com o Dr. Jairinho, o comportamento dela mudou em relação ao pai (Leniel) e hoje nós estamos vivendo esse caso.

Como o pai ficou sabendo da morte de Henry?

AB - Ele ficou sabendo do que aconteceu por meio de uma ligação que a Monique fez. Estava na residência dele na hora que recebeu a ligação. Ele tinha passado o final de semana com a criança. No domingo, a entregou para mãe em perfeitas condições, e voltou para casa, pois no dia seguinte ele iria viajar para trabalhar. Na madrugada, ele recebeu uma ligação da mãe, em determinado momento, ela falou: “Vem para cá, que nosso filho está passando mal”. Nesse momento, o Dr. Jairinho pegou o telefone da mão dela e disse: “Vem para cá que a gente acredita que ele teve uma parada cardíaca". Ele foi para o hospital e já viu vários médicos ao redor do filho, se ajoelhou rezando para que Deus não levasse a vida do filho dele. Assim, ele ficou durante todo tempo no hospital, até que fosse confirmada a morte do filho, visto que ele já chegou lá sem vida.

Dr. Jairinho prestou primeiros socorros à criança?

AB - Dr. Jairinho é conhecido no Rio de Janeiro como médico, ele é formado. Quando o Leniel chegou ao hospital, viu toda a cena, com o filho rodeado pelos médicos e o Dr. Jairinho, acreditou que ele estava ajudando os médicos a salvar a vida do filho. Porém, não era isso. O Dr. Jairinho estava fazendo um tipo de lobby para pressionar os médicos a liberarem o corpo da criança, sem que ele passasse pelo IML. Quando a criança foi levada ao hospital, tinha sido levada com roupas de mangas compridas para tentar encobrir as marcas das agressões e hematomas e também criar a versão de que teria tido um infarto.

O que aconteceu quando o pai chegou ao hospital? Como ocorreu a questão do atestado de óbito?

AB - Chegando lá, os médicos tiraram a roupa da criança e a viram cheia de hematomas. Logo depois de todo procedimento, o pai foi orientado a iniciar uma investigação policial. Nesse momento, o padrasto fez de tudo para que os médicos liberassem o corpo, sem passar pelo IML, direto para ser enterrado. O médico, após ver os hematomas, não concordou com a situação e não liberou sem que o corpo passasse pelo IML. A pressão foi tão grande que ele quase conseguiu, os médicos acharam que era algo pequeno, até verem os hematomas de fato no corpo do menino.

Não só isso como a mãe de Jairinho fez pressão em Leniel para que ele pudesse agilizar os procedimentos do enterro do menino, para que tudo pudesse ocorrer de maneira mais rápida. Ela não estava preocupada que alguém estivesse sofrendo, ela queria logo que o enterro acontecesse para não passar ao ponto de uma perícia que verificasse o que nós já vimos, que são 23 lesões.

Acredita que a Monique defendia o marido, Dr. Jairinho?

AB - Eu não acredito que a Monique defendeu o Dr. Jairinho. O perfil dele é de se aproximar de mulheres humildes, pobres, que tenham um filho de 4 a 5 anos de idade. Ele se aproxima dessas mulheres, pratica uma política assistencialista, dá empregos para as meninas, paga colégio para as crianças, emprega toda a família e, após esse tempo de envolvimento, ele começa a sair com as crianças sozinho, vai em shopping e outros locais. Nesse momento acontecem algumas agressões, como aconteceu com Henry.

Qual o sentimento do pai diante de tudo o que houve?

AB - Quando o filho faleceu ele já vinha sofrendo bastante com isso e se culpando muito, que poderia ter feito mais. O pai não podia fazer nada, porque a mãe sempre o ameaçava falando em tomar a guarda do filho. Qualquer coisa que o pai fizesse sem provar, a mãe falava em tirar a guarda do filho. O pai tinha poucas informações do filho, ele (Henry) só falava que (Jairinho) "abraçava forte".

O pai não tinha visão das agressões, uma vez que toda a família negava, dizendo que era apenas fruto da imaginação da criança. O pai nunca imaginou e nunca poderia imaginar que isso fosse acontecer com o filho. Ficou mais abalado com o depoimento da babá, pois isso confirmava as hipóteses dele, que as outras pessoas da família de Monique sempre omitiram ou mentiram para ele. Diante disso, o mundo dele caiu. Leniel sempre compartilha as fotos do filho nas redes sociais, como o Instagram, como forma de manter a memória do filho viva.

Que desfecho esperam para o caso?

AB - Toda essa investigação nós entendemos que não foi apenas para colocar a Monique e o Dr. Jairinho na cadeia, mas observamos que existem outros casos em que há agressão familiar. Nesta última quarta-feira (14/4) foi protocolado um projeto de lei que o deputado federal Hélio Lopes (PSL) intitulou de “Henry Borel”. Com ajuda do Dr. Henrique Barreto, elaboramos esse PL com artigos, e buscamos uma forma de ajudar outras famílias que passam por isso.

* Estagiárias sob supervisão de Mariana Niederauer


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