
Brasília – O Ministério da Saúde informou ontem que o número de casos confirmados do novo coronavírus (Sars-COV-2) no Brasil saltou para oito e que já há transmissão local no país. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro confirmou o primeiro caso no estado. No Espírito Santo também houve a primeira confirmação da doença. Já em São Paulo, a soma de infectados subiu para seis. Outro caso de confirmação em um primeiro exame em Brasília ainda depende de contraprova. Até quarta-feira, eram apenas três casos confirmados. De acordo com o ministério, todos os pacientes estão em isolamento domiciliar.
A pasta informou que a transmissão local deve ser contatada em breve pela Organização Mundial da Saúde já que os dois novos casos confirmados de São Paulo pegaram o vírus através do contato com o primeiro paciente confirmado no país, um homem de 61 anos, que viajou para Itália. “Esses dois casos tiveram relação com o caso índice, o primeiro confirmado, significa que nós temos neste contexto transmissão local. Amanhã, a Organização Mundial da Saúde muito provavelmente deve inserir o Brasil na lista de países com transmissão local”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira.
O fato, segundo o ministério, faz com que o Brasil tenha uma transmissão local do Covid-19 já que os dois casos confirmados mais recentes em São Paulo não viajaram para outro país e pegaram o vírus por contato com o primeiro caso confirmado do coronavírus no país. Segundo a pasta, um desses pacientes esteve na reunião familiar com o homem de 61 anos e o outro caso confirmado teve contato com uma pessoa que esteve nessa reunião. No entanto, Wanderson reforçou que o vírus ainda não tem transmissão comunitária no país. Ainda segundo Wanderson, este homem de 61 anos, considerado o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil, continua com sintomas em isolamento domiciliar.
O secretário explicou que a transmissão local do vírus é mais restrita do que a comunitária, chamada também de sustentada. Segundo Wanderson, apenas China, Itália e Coreia tem transmissão sustentada. “A transmissão sustentada ocorre quando eu não consigo mais identificar onde se originou a transmissão do vírus de determinado caso confirmado. Todos os casos confirmados no Brasil têm histórico de viagem para fora ou histórico de contato próximo com um caso confirmado e sabemos como pegaram o vírus”, afirmou.
Os outros casos confirmados, do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, são de pessoas que viajaram para a Itália. O caso do Espírito Santo é de uma mulher de 37 anos com histórico de viagem para o país europeu. Já a paciente confirmada com o Covid-19 do Rio de Janeiro tem 27 anos e viajou para a Itália e a Alemanha. A jovem fez uma viagem entre 9 a 23 de fevereiro e apresentou sintomas, como tosse, coriza e febre, durante a viagem, em 17 de fevereiro. No entanto, a paciente só procurou um hospital na última segunda-feira.
Estados O Ministério da Saúde investiga 636 casos suspeitos e outros 378 foram descartados. Os estados com mais casos investigados são: São Paulo (182), Rio Grande do Sul (104), Minas Gerais (80) e Rio de Janeiro (79). No Distrito Federal, há 20 suspeitos e nove já foram descartados, sendo que há um em investigação porque teve um resultado positivo de um laboratório privado, mas ainda aguarda a contraprova que será feita no LaExboratório Central de Goiás, para confirmar oficialmente. Trata-se de uma mulher, de 53 anos, que viajou pela Inglaterra e Suíça.
Existe um caso atípico em São Paulo, também dentre os confirmados. Uma jovem de 13 anos retornou da Itália, não apresentou sintomas, mas teve a presença do vírus confirmada no organismo. Ela procurou atendimento médico por outro motivo, ter rompido um tendão. E, durante os procedimentos médicos, os exames detectaram o vírus. Isso não significa que essa jovem pode transmitir o vírus. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, ela não está em isolamento e não transmitiu o vírus a ninguém. “Ela teve a presença, a identificação, de fragmentos do vírus. Ela pode ir pra escola, vida que segue. Ela é um portador assintomático, mas não quer dizer que esse vírus pode ser transmitido. O vírus não é viável, ele está fragmentado. As pessoas próximas não pegaram”.
Segundo ele, o brasileiro não deve mudar seus hábitos, como usar máscaras, por exemplo. O que deve ser feito é adotar práticas de higiene, como lavar as mãos e não levar as mãos à boca ao espirrar. “Não muda nada nas condutas adotadas até o momento. (...) Se apresentar sintomas gripais não vá trabalhar, não vá viajar e não vá estudar. Não vá para locais públicos, fique em casa se hidratando e se alimentando bem”. (Com Agência Brasil)