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Estado de Minas DERRAMAMENTO DE ÓLEO

País tem resposta lenta a desastres


postado em 25/11/2019 04:00

Para o coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, é preciso monitoramento contínuo e sistemático na costa brasileira (foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Para o coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, é preciso monitoramento contínuo e sistemático na costa brasileira (foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

O número de praias, rios e mangues atingidos pelo derramamento de óleo continua aumentando desde agosto, mês em que as primeiras manchas começaram a aparecer. Segundo o balanço divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 724 localidades de 120 municípios brasileiros foram afetados pelo óleo. Ao todo, 10 estados sofrem ou sofreram consequências do desastre.

Para especialistas, ainda há pontos que precisam ser investigados para que o desastre ganhe respostas precisas. Para alguns deles, a demora vista em uma ação de resposta mostra a necessidade de um sistema de monitoramento contínuo e sistemático na costa brasileira. O Estado de Minas conversou com o coordenador e fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), meteorologista Humberto Barbosa, que defende a ideia.

O laboratório, que tem 12 anos de experiência com processamento de imagens de satélites, apontou recentemente outro navio como suspeito no derramamento do óleo: o Voyager I. A Marinha refutou o estudo. Humberto esteve em Brasília para participar de uma audiência pública da Comissão Externa do Derramamento de Óleo no Nordeste, na última quinta-feira.

Para o meteorologista, a possibilidade de que mais óleo atinja outras praias ainda é uma incógnita. “Há uma incerteza ainda sobre até onde esse petróleo pode chegar”, diz o especialista, que se preocupa com o tempo de reação dado aos desastres ambientais no Brasil. Para ele, o país sempre teve “uma resposta lenta a desastres”.

“Quando você tem um desastre, primeiro você precisa buscar todas as informações e dados para auxiliar a Defesa Civil, que precisa ser orientada na ação de resposta aos desastres. Para que ocorra a resposta, precisamos entender qual a área mais vulnerável que aquele desastre impactou. Quanto mais preparado a gente estiver, com informações, dados, e monitoramento para atender desastres, mais rápida será essa resposta.”

Humberto Barbosa lemba que, para alguns desastres, já temos um protocolo, porque foi baseado em experiências passadas. Porém, o derramamento de óleo na dimensão que ocorreu e vem ocorrendo na região costeira, não tinha acontecido. “Existia um plano nacional de contingência, mas, na 
prática, nunca foi colocado. E isso criou uma barreira de a gente ter uma resposta rápida. O governo federal demorou para entender a dimensão desse impacto. O sucesso de resposta vai depender da rapidez com que você enfrenta e como você atua para conter ainda mais o impacto.”

Para o especialista, a demora da resposta significa aumentar a exposição das pessoas que estão sofrendo com esse impacto. “Você precisa de planos de contingência, de grupos que tenham experiência nisso e, a partir daí, você terá uma ação muito mais eficiente. Um desastre começa antes, com a mitigação, durante, com o processo de observação e, depois, com a ação de resposta”, afirma.

maior participação O meteorologista concorda com a necessidade de um sistema de monitoramento operacional, contínuo e sistemático na costa brasileira. “Precisamos executar o que já temos e não criar um outro plano. E inserir mais a participação de estados e municípios. Eles já fazem algumas ações, como a coleta dos resíduos, mas ainda é preciso criar uma infraestrutura nesses estados para se processar mais informações e ajudar no descarte desse petróleo, por exemplo.”

Um monitoramento por imagens de satélites da localização dos navios e de possíveis derramamentos de óleos seria o ideal, na avaliação do especialista. “Se a gente tivesse um sistema de monitoramento, possivelmente, já poderia saber qual é a origem desse óleo. A gente percebeu que tem aumentado a quantidade de tráfego de navios cargueiros, em função da demanda da exploração do petróleo no Brasil nos últimos anos, que cresceu. Isso é um avanço, mas também é preciso criar uma estrutura de observação e fiscalização de quem está passando ali.” 

Para Humberto Barbosa, no geral, os governos têm cometido o erro de não ter ações práticas e não alocar recursos para essa e outras tragédias, como as enchentes de chuvas de verão. “É uma negligência em geral de todos os governos.”, conclui.
 



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