
Após uma semana de audiências, a arquiteta e artista plástica Adriana Villela será interrogada hoje no Tribunal do Júri de Brasília. Defesa e acusação estimam que o depoimento dela durará o dia inteiro. Acusada de ser mandante do triplo homicídio dos pais, José Guilherme e Maria Villela, e da empregada da família, a ré protagoniza o julgamento mais extenso registrado na história do Distrito Federal. Desde a última segunda-feira, quando começaram as oitivas, 24 testemunhas prestaram esclarecimentos à Justiça em relação ao caso de 2009, conhecido como Crime da 113 Sul.
Para Sami, os Villela eram “vítimas de baixo risco para violência”. Ele comentou que, apesar de a família morar em um ambiente relativamente seguro, a condição patrimonial do casal contribuía para que fossem alvo em potencial. Após analisar laudos da investigação, o perito identificou o uso de pelo menos dois tipos de arma branca, o que apontaria a existência de dois agressores.
Durante a argumentação, Sami exibiu fotos dos corpos das vítimas para explicar a dinâmica do crime. Nesse momento, Adriana e familiares dela deixaram o plenário do Tribunal do Júri por orientação dos advogados. Ao júri, Sami defendeu que os elementos colhidos nas análises periciais indicam que o crime não se tratava de um homicídio, mas de um latrocínio. Os autores, segundo o perito, teriam entrado no apartamento para roubar. No entanto, por um motivo não identificado, mataram as vítimas. Para ele, o caso corresponde a um crime de oportunidade.
Questionado se a mesma análise poderia ser usada para indicar um homicídio, Sami refutou a possibilidade e disse que o fato de os criminosos deixarem itens como joias e dinheiro no apartamento mostra que eles agiram por impulso. “A própria incompletude do ato mostra isso (intenção de latrocínio). Se tivessem entrado para cometer um homicídio, teriam todo o tempo do mundo para completar o ato”, reforçou o perito.
Testemunha
Ontem, o ministro aposentado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Pedro Augusto de Freitas Gordilho também prestou depoimento a pedido da defesa. Amigo da família Villela desde 1960, ele acredita na inocência de Adriana. “Ela não contrataria assassinatos para matarem os próprios pais”, avaliou. Ele acredita que a ré era amada pelos pais e que não seria capaz de ser a mandante do crime.
Pedro definiu a personalidade de Adriana como forte, mas disse que os atritos entre ela e as vítimas não resultariam em homicídio. “Há momentos em que as cordas ficam mais esticadas e há necessidade de os pais colocarem freios em determinados procedimentos dos filhos“, argumentou o ministro aposentado, após ser questionado sobre uma carta com críticas enviada por Maria Villela à filha, em 2006.
