A prisão neste sábado do traficante Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro, e a apreensão de 10 fuzis na comunidade do Caju, na região portuária, foram feitas após informações obtidas em ações de inteligência de delegacias especializadas da Polícia Civil visando identificar deslocamentos de chefes do tráfico e armamento em poder dos bandidos.
O delegado titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) da Polícia Civil, Maurício Mendonça, disse que as investigações indicaram onde estavam o traficante e o armazenamento de fuzis que seriam levados do Caju para o Morro de São Carlos, na região central da cidade.
Maurício Mendonça chamou atenção para o fato de alguns fuzis apreendidos terem um adesivo com o boneco do desenho animado Fantástico Mundo de Bob, tendo abaixo a inscrição Caju só Paz.
“As armas ostentam o símbolo do boneco Bob, fazendo referência a ele, justamente fuzis para serem emprestados e depois ser facilmente identificada a origem do armamento. Por isso, a logomarca é usada”, disse.
O delegado revelou ainda que a polícia está investigando se Bob do Caju teve algum tipo de participação na tentativa de retomada do poder do tráfico na Rocinha em apoio a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, preso na penitenciária federal de Porto Velho (RO). Nem é aliado de Bob na facção criminosa.
Grupo de criminosos
A participação seria por meio da organização de um grupo de criminosos e a entrega de armas que seriam usadas na movimentação. “Há uma possibilidade de ele não ter participado diretamente porque estava ferido. Ele sofreu um tombo de moto e estava bastante machucado no domingo”, contou.
As armas foram encontradas dentro de um carro na saída da comunidade do Caju e com a chave na ignição esperando o motorista chegar para levar, possivelmente, até o Morro de São Carlos, de onde seriam distribuídas. “Está sendo apurado se essas armas, efetivamente, foram empregadas [na tentativa de retomada do poder]. Há indícios que sim”, acrescentou, destacando, que criminosos da mesma facção, mesmo em comunidades diferentes, sempre se unem para manter o poder.
Dos fuzis apreendidos, apenas um é de fabricação nacional. Agora, a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) vai fazer o rastreamento das armas para saber como chegaram aos traficantes. O trabalho será difícil porque os números de identificação foram raspados, como já aconteceu quando foram apreendidos 60 fuzis no Aeroporto Internacional Galeão/Tom Jobim, em junho deste ano.
O delegado revelou ainda que investigações desse e de outros casos indicam que o transporte de armas de uma comunidade para outra tem sido feito por carros dirigidos por apenas uma pessoa.
“O armamento hoje circula entre as comunidades em carros normalmente clonados com uma pessoa sozinha [ao volante]. As informações de inteligência revelam que isso é um fato. A pessoa bota o armamento no carro e vai sozinha levando as armas justamente para não despertar a atenção da polícia. O veículo ficou estacionado, pronto para o motorista chegar, dirigir até o local do destino, estacionar e voltar de ônibus, táxi ou de carona. Essa é a dinâmica”, finalizou o policial.