Guarapari (ES) – “Os mineiros respondem por cerca de 80% dos pratos servidos, mas esta semana vendi pouco, pois a greve da Polícia Militar do Espírito Santo afastou os turistas”, queixou-se Jandir Júnior, dono de um restaurante em Guarapari, ontem, antes do fim da greve dos policiais no estado. Em dezembro de 2014, Orly Gomes, prefeito do balneário, criou grande polêmica ao dizer que a cidade deveria selecionar seus visitantes. O recado foi, sobretudo, para moradores de BH e interior, de onde sai a maioria dos veranistas. Orly defendeu a cobrança de taxas das empresas de ônibus e dos donos que alugam casas de veraneio para “qualificar” o turismo. “Seria melhor ter 100 mil pessoas que gastassem R$ 200 por dia do que 1 milhão gastando apenas R$ 40 por dia”, disse o político, à época, sob alegação de que a prefeitura e a iniciativa privada precisavam justificar os investimentos no setor.
Dois anos e um mês depois, a greve de uma semana de policiais militares capixabas, encerrada ontem à noite, abriu a porteira para mais de 120 assassinatos e mostrou o quanto o mineiro é essencial para a economia do balneário. Os comerciantes que decidiram abrir as lojas ontem lamentaram a ausência de quem não saiu de Minas por causa da criminalidade no estado capixaba.
O ponto comercial de Júlio César é vizinho à farmácia onde Antônio Carlos Barbosa ganha a vida como balconista. Ele também torcia pelo fim rápido da greve dos militares. “Mineiro ‘manda’ na Praia do Morro (a mais movimentada da cidade). Mas as vendas caíram pela metade esta semana. Boa parte porque os mineiros não vieram em quantidade esperada”, calculou Antônio, acrescentando que “todos podem comer farofa (na praia)”.
