
Após a série de ataques iniciada no sábado, os ônibus chegaram a parar de circular em São Luís, complicando a rotina da população. Ontem, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Maranhão negou uma nova paralisação da categoria. “Se houver, porém, mais algum ataque a ônibus, nós iremos recolhê-los imediatamente”, anunciou Gilson Coimbra. Também ontem, a governadora, Roseana Sarney (PMDB), encaminhou ofício ao Ministério da Justiça pedindo o aumento do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública em Pedrinhas — a tropa já está há um ano na unidade. Além disso, a governadora quer que a Força atue também nas ruas. “A capital maranhense, lamentavelmente, voltou a viver momentos de tensão e de horror”, diz trecho do documento.
Roseana confirmou a nomeação de Paulo Guimarães para a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). O defensor público será o terceiro nome a comandar a pasta em 10 dias, marcados por uma sequência de fugas e pela prisão de um diretor de Pedrinhas por corrupção. Dos presos que conseguiram escapar em duas ocasiões este mês — por um túnel e após um caminhão ter arrombado o muro do presídio —, 36 ainda não foram recapturados.
Redes sociais
Uma frase de Roseana declarada à imprensa — “não tenho medo de bandido” — repercutiu mal nas redes sociais. Internautas enfatizavam o forte esquema de segurança que cerca a governadora em contraste com a precariedade do policiamento das ruas. Muitos posts lembravam a trágica morte de Ana Clara. Filomena Carvalho, avó da menina, está desde janeiro na casa de uma irmã, em Brazlândia, no Distrito Federal. Ela acompanha o difícil tratamento da filha Juliane, que teve 75% do corpo queimado no ataque de janeiro. “Estou preocupadíssima com a minha filha que está lá (em São Luís). Pedi que ela não fosse para o serviço”, conta a mulher de 50 anos. “Eu sinto medo. Ontem (segunda), passei o dia preocupada, revoltada… Passa um filme na cabeça da gente, que fica pensando se não volta mais para o Maranhão”, desabafou ao Correio. Filomena critica a gestão de Roseana. “Ela não está nem aí. No fundo, eles tentam encobrir o que está acontecendo”, sentencia.
Em nota, o governo maranhense assegurou ter reforçado o policiamento nas ruas e listou medidas tomadas após os ataques de janeiro. Desde então, segundo o texto, foram entregues duas novas prisões, com 737 vagas, e outras cinco têm a conclusão das obras prometida ainda para 2014. Incluindo as reformas e as ampliações de estruturas já existentes, o Executivo local promete fechar o ano com 3,5 mil novas vagas no sistema penitenciário. Um dos destinos dos presos cujas possíveis transferências resultaram em tumulto em Pedrinhas, o Presídio de Segurança Média São Luís III, está em operação há duas semanas. Com capacidade para 470 detentos e construído na zona rural da capital, o local teria concreto quatro vezes mais resistente do que o de Pedrinhas. A medida, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, tornaria impossível a escavação de túneis, como ocorreu na semana passada.
