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Estado de Minas

"Há muitos Vinícius lá dentro", diz ator que foi preso por engano no Rio

Vinícius Romão deixa a cadeia depois de ficar mais de duas semanas preso por um crime que não cometeu


postado em 27/02/2014 10:36

O caso do ator preso injustamente depois de ser acusado de roubo suscitou o debate sobre a relação entre a abordagem dos agentes da segurança pública e o preconceito racial. Depois de ficar 16 dias preso, Vinícius Romão de Souza, de 26 anos, foi solto na manhã de ontem. O jovem foi detido no dia 10, acusado por uma mulher que havia sido assaltada momentos antes. Dias mais tarde, ela admitiu, em novo depoimento, que poderia ter se enganado ao reconhecer Vinícius como o ladrão que a assaltou, pois ele teria as mesmas características do bandido: negro com cabelo no estilo black power.

A decisão de libertar o ator foi da 33ª Vara Criminal, após o delegado titular da 25ª Delegacia Policial (Engenho Novo) do Rio, Niandro Lima, pedir um habeas corpus. Vinícius estava detido em uma cadeia pública de São Gonçalo, na região metropolitana da capital fluminense. A Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) vai apurar se houve irregularidades na prisão de Vinícius Romão. Em uma nota burocrática, a corporação informou que uma investigação preliminar deve avaliar as condutas do policial civil Waldemiro Antunes de Freitas Junior, da 11ª DP (Rocinha), responsável pela abordagem do ator e pelo registro da ocorrência, e do delegado de plantão William Lourenço Bezerra, que fez o flagrante.

No dia 10, Vinícius tinha acabado de deixar a loja em que trabalha quando foi abordado por dois policiais em uma rua do Méier, na Zona Norte. O ator foi obrigado a se deitar de bruços no chão e, em seguida, foi levado à 25ª DP. A prisão do rapaz repercutiu na internet. Amigos chegaram a fazer campanha em redes sociais para exigir a libertação dele, alegando que o ator teria sido

vítima de preconceito.Ao chegar em casa, ontem, no Méier, Vinícius declarou que se sentiu “acolhido pelos detentos” e que há “muitos Vinícius lá dentro (da cadeia)”. Recebido por amigos, vizinhos e jornalistas, ele disse que perdoou a mulher que o acusou pelo assalto e não quis comentar o erro da polícia que fez com que ele passasse 16 dias preso.

Para Fabiano Monteiro, professor de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador da organização não governamental (ONG) Viva Rio, o fato de o jovem ser negro facilitou a negligência policial. “Tanto a Polícia Civil quanto a Militar fazem ligação direta entre negritude e pobreza. Uma vez pobres, esses cidadãos seriam menos capazes de acionar seus direitos, como a corregedoria, a Justiça ou mesmo a opinião pública, e, portanto, esses agentes poderiam ser mais negligentes”, teoriza o pesquisador.


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