
Nas ruas, nenhum PM assume bater em nome da lei, mas eles admitem que a prática não é rara entre os colegas de farda. “Apesar de muito desestimulado com essa situação, procuro fazer o meu trabalho, respeitando todo mundo. Mas já ouvi dizer que alguns policiais estão usando desse artifício (bater) quando pegam moleques aprontando”, disse um sargento. “É uma forma que alguns colegas encontram para que esses garotos abusados nos respeitem”, reforçou um cabo.
Por meio da série Jovens sem lei, o Correio mostra, desde ontem, que a população e as autoridades do Entorno não sabem o que fazer para punir adolescentes acusados de roubos, homicídios, latrocínios e outros crimes bárbaros. Os dois centros de internação da região não comportam a demanda de meninos e meninas envolvidos com crime.
O coordenador do Programa do Entorno do Distrito Federal, promotor Bernardo Boclin, acusa o governo de promover a desordem nos municípios goianos vizinhos a Brasília. “Essas situações, inadmissíveis numa sociedade organizada, demonstram que retrocedemos pelo menos 2 mil anos. Quando o governo permite que os conflitos sejam resolvidos no ‘olho por olho, dente por dente’, parte da população e parte dos agentes públicos começa a resolver os problemas por conta própria. Isso é muito temerário”, afirmou. O Ministério Público goiano em Águas Lindas abriu diversos procedimentos para investigar os PMs locais.
