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Estado de Minas NACIONAL

Saiba os riscos e benefícios de manter colegas de trabalho em redes sociais

"A noção do público e privado está cada vez menor, um processo que chamamos de 'espetacularização da intimidade' ", afirma especialista


postado em 18/06/2012 15:55 / atualizado em 18/06/2012 16:40

(foto: Reprodução/ Facebook)
(foto: Reprodução/ Facebook)


“Fulano de Tal quer ser seu amigo. Aceitar ou recusar?” A mensagem no canto da página chama a atenção. Nenhum problema em aumentar o círculo de contatos — até ver que quem faz o convite é o chefe. Vêm, em seguida, alguns momentos de hesitação… Afinal, você acaba de postar aquelas fotos de biquíni no álbum “baixaria” ou comentar a ressaca de segunda-feira no mural. Bastaria rejeitar o pedido de amizade on-line para evitar constrangimentos? Ou a recusa significaria uma indelicadeza social? Saiba que é possível ceder ao convite sem ficar em uma enrascada.

A preocupação existe porque a possibilidade de esbarrar com um colega de trabalho na rede é grande. O Facebook, por exemplo, possui aproximadamente 1 bilhão de usuários, segundo a companhia de métricas iCrossing. Fora o fato de que as próprias empresas estão on-line. Elas aumentaram em 300% o uso das mídias sociais no segundo semestre de 2011, em relação ao período anterior. O Twitter, em particular, cresceu 700% no ambiente corporativo, na comparação anual feita por uma pesquisa da empresa de segurança Palo Alto Networks.

Como o fenômeno tem expansão rápida, as regras de como se comportar na rede são construídas aos poucos, segundo a especialista em etiqueta empresarial Romaly de Carvalho. “É um caso delicado, porque no ambiente de trabalho temos uma personalidade voltada para o profissionalismo e seriedade — e somos diferentes na esfera pessoal. É complicado misturar”, explica. A consultora acredita que o bom senso é o segredo. E sugere: “Tenha dois perfis. Um para colocar as fotos particulares, bebendo aquela cerveja, e outro com contatos do trabalho”.

Se, ainda assim, o chefão insistir no convite do grupo íntimo, Romaly garante que o mais adequado é tentar direcioná-lo — gentilmente — ao perfil profissional. “Faça da rede uma vitrine com comentários e compartilhamentos interessantes para a equipe. É marketing pessoal”, comenta. A solução acomoda as necessidades de todos os círculos de contato ao alimentá-los de forma diferente.

Quem arriscar pode passar pela situação de uma postagem mal-entendida ser motivo de demissão e até responder civil e penalmente, conforme o artigo nº 482 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT).

Segundo o especialista em direito digital Alexandre Atheniense, as empresas cada vez mais monitoram seus funcionários e eles devem ficar atentos, porque certas informações podem ser ruins ao internauta. “Um desabafo no post pode ter repercussão jurídica, a depender do teor da informação”, comenta.

AMBIENTE CORPORATIVO

O advogado acredita que a estreita relação entre as redes sociais e o ambiente corporativo apresenta a necessidade de criar políticas de informação nas companhias. Seria um conjunto de normas para estabelecer os limites do uso dos dispositivos eletrônicos e da web para os funcionários. “Independentemente dessas regras, em qualquer lugar, as pessoas precisam se preocupar com a própria reputação”, reforça.

Estudo feito pela agência de consultoria de imagem Millenial Branding e pelo site Identified constatou que a maioria dos 4 milhões de perfis do Facebook limita os detalhes da vida profissional. Identificou, por exemplo, que 64% não incluem o nome do emprego no perfil — e que um usuário assíduo da rede está ligado a cerca de 700 amigos. Destes, em média, apenas 16 são colegas.

Para acalorar ainda mais a discussão, a Impacta Tecnologia encomendou uma pesquisa sobre a relação das empresas com as redes sociais. Foram entrevistados 252 profissionais de TI de todas as regiões do país. Constatou-se que manter contatos pessoais e profissionais é o benefício mais citado por, respectivamente, 79% e 74,2% dos entrevistados. E, ainda, que a área de recursos humanos está de olho no mundo digital. O setor aparece com 8,7% de participação (o marketing lidera com 44%). Portanto, as empresas estão atentas aos cliques… Seja para contratar ou demitir.

ENTREVISTA // Cristian Stassun

(foto: Reprodução/ ufsc.academia.edu)
(foto: Reprodução/ ufsc.academia.edu)
O consultor de carreira e doutorando em ciências humanas da UFSC, Cristian Stassun, fez a tese do doutorado sobre as novas formas de sociabilidade e intencionalidade que as redes sociais exercem sobre o (des)governo da vida humana. Na entrevista, ele dá dicas para se comportar nas redes sociais e evitar constragimentos no trabalho.

Adicionar o chefe ou os colegas do trabalho nas redes sociais é interessante? Por quê?


Sim, as redes sociais são meios de comunicação rápidos, baratos e eficientes. Mas existe o outro lado que se trata do que você expõe pela internet. A noção do público e privado está cada vez menor, um processo que chamamos de “espetacularização da intimidade”. É a manifestação de um “eu” melhorado que tentamos projetar na internet, e, principalmente, atitudes e comentários que perdem a noção de que aquela informação está sendo jogada publicamente para milhares de pessoas. Um dos riscos é ter seu chefe lendo comentários e vendo fotos indevidas, ou suas informações servirem de chacota dentro de espaços corporativos, ou ainda, ser usado juridicamente como prova. O cuidado deve ser sempre o mesmo: escreva pouco sobre intimidades (para isso tem chats próprios), seja sempre politicamente correto nos comentários. Não faça críticas efusivas à polêmicas, não emita comentários sobre preferências políticas e religiosas, e tenha um sensor fino sobre tudo que coloca na internet. Exerça seu direito de privacidade, pois quem estiver observando de fora, não vai se omitir em abusar dele para encontrar problemas no que você se expõe. A dica é: tenha uma meta. Quem quero ser na internet? Um perfil de executivo, de empreendedor, de profissional exemplar, uma pessoa dedicada a família. Se espelhe em alguém e coloque na internet um perfil condizente a essa meta.

Deixar que as pessoas do trabalho tenham acesso a fotos e comentários íntimos pode prejudicar ou alavancar a carreira?

As pessoas se sentem lisonjeadas quando podem ter acesso a intimidade de alguém, é sinal de que a outra pessoa confia em você uma informação importante da vida dela. É um sensação de crédito e proximidade. O ato de fazer isso é valido e pode ajudar na carreira, porém, o conteúdo desse ato é que importa. Se em seus comentários você criticar, fofocar, exercer com dolo alguma coisa ilícita ou descabida, claro que vai lhe prejudicar. O ideal é ter uma postura de retidão com os preceitos sociais, a cultura da empresa e a imagem que quer passar pela internet. O cuidado é extremo tanto para quem quer se manter em um emprego, como para quem quiser conseguir um, pois as agências de recrutamento e seleção serão as primeiras a investigar suas redes sociais.
É importante destacar, que o contrário, acessar comentários íntimos dos outros pode ser bem útil, pois sabendo o cotidiano e as preferências dos colaborados de sua empresa, você pode errar menos no trato com determinada pessoa, e como fator a mais para conquista de opiniões e decisões.

Qual é o limite de intimidade nas redes sociais quando entre os amigos estão os colegas de trabalho e o chefe?

Há pelo menos 10 anos, desde a evolução dos computadores e internet, no ambiente de trabalho acontece aquela história do velho e-mail de piadinhas e pornografia. Coisa de colega que pega no pé, de amigo que demonstra necessidade de aceitação e até de afirmação de sexualidade. Esses e-mails demitiram tantas pessoas, geraram tantos processos, que as empresas criaram regras internas de conduta e filtros inteligentes nas redes de sinal de internet. No caso das redes sociais, as informações são propagadas mais rapidamente e com um alcance muito maior, o risco de um processo criou uma nova atuação dos advogados, e muito mais do que isso, os gestores, às vezes, descobrem mais de um funcionário pelas redes sociais do que no cotidiano. Vários comentários são colocados como: “Tive que aturar mais uma vez ele (se referindo ao chefe); Estou cansado desse trabalho; Quero todo dia sexta feira”, ou mesmo percebendo que o funcionário fica mais tempo ocioso do que trabalhando, fazem com que tirem parâmetros para permanência do funcionário naquela empresa.


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