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Estado de Minas

Polícia indicia médica que atendeu filho de presidente da Embratur por homicídio culposo


postado em 13/04/2012 17:44 / atualizado em 13/04/2012 17:52

(foto: Reprodução/Facebook/CB)
(foto: Reprodução/Facebook/CB)
A 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) indiciou por homicídio culposo a médica Izaura Costa Rodrigues Emídio, responsável pelo atendimento a Marcelo Dino, filho do presidente da Embratur, Flávio Dino. O jovem, à época com 13 anos, morreu no dia 14 de fevereiro no Hospital Santa Lúcia, após uma sofrer uma crise asmática.

O delegado-chefe da 1ª DP, Anderson Espíndola, concluiu que houve falha no atendimento ao garoto. As investigações apontaram que o óbito foi causado por asfixia. O chefe da unidade policial comprovou que, quando Marcelo entrou em crise, a médica atendia na sala de parto e demorou a prestar socorro. Ainda de acordo com informações de Espíndola, houve demora na entubação do garoto. Ele levou de seis a sete minutos para ser entubado.

Crise de asma


Em 13 de fevereiro, Marcelo Dino teve uma crise asmática no Colégio Marista da 609 Sul, enquanto praticava atividades esportivas. A mãe dele foi acionada e o estudante deu entrada no Hospital Santa Lúcia pouco depois do meio-dia. O garoto foi internado na unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica. Por volta das 6h do dia seguinte, ele apresentou a segunda crise mais grave.

O jovem estava com dificuldades para respirar e os médicos tentaram, sem sucesso, reanimá-lo com medicamentos e massagens. Os pais de Marcelo, Flávio Dino e a professora universitária Deane Fonseca, presenciaram as tentativas do médico em salvar o garoto. No mesmo dia da morte, o tio de Marcelo, o procurador da República Nicolau Dino, registrou uma ocorrência na 1ª DP (Asa Sul), acusando o hospital de negligência.
 
 "Nenhum dinheiro vai nos calar",

A professora universitária Deane Fonseca de Castro e Costa usa dois anéis de coco na mão esquerda, que simbolizam seus filhos. Um deles traz o desenho de um peixinho, apelido do caçula, Marcelo, morto em fevereiro após uma crise de asma. No braço, ela carrega uma pulseira com detalhes em vermelho, amarelo, verde e preto. “São as cores do reggae, ritmo preferido do meu filho".

Ele estava usando essa fitinha quando morreu, então eu cortei e amarrei no meu pulso”, revela Deane, em sua primeira entrevista desde que perdeu o filho. As lembranças que a professora carrega no corpo são insignificantes se comparadas com a saudade que Marcelo deixou entre os familiares. Diante da dor da perda, Deane e o pai de Marcelo, o presidente da Embratur, Flávio Dino, irão à Justiça para tentar responsabilizar o Hospital Santa Lúcia pela morte do menino. Eles acreditam que uma série de erros no atendimento fez com que uma crise de asma banal tirasse a vida do filho.

Às 6h de 14 de fevereiro, uma terça-feira, depois de uma madrugada tranquila no hospital, Marcelo teve uma nova crise grave. Morreu em apenas uma hora. O que aconteceu nesses 60 minutos ainda é um mistério. Os pais acreditam que um atendimento ágil poderia ter salvado a vida do estudante.

Quando a pediatra voltou à UTI, a vítima já estava com os lábios roxos e praticamente não conseguia respirar. Na última quinta-feira, os pais do garoto conversaram com o Correio por uma hora e meia. Querem provar na Justiça que houve imperícia da unidade de saúde. “Não há, na literatura médica, registro de pacientes que morreram de asma dentro de um ambiente hospitalar, sobretudo em uma UTI. Isso só aconteceu com o Marcelo porque houve negligência e imperícia”, afirma Flávio Dino.

O que diz o hospital
O Hospital Santa Lúcia afirma que o menino Marcelo Dino deu entrada na emergência apresentando crise grave de asma e, por isso, foi encaminhado à UTI. De acordo com a unidade, o paciente passou a noite bem, mas sofreu uma crise pela manhã de 14 de fevereiro e não respondeu ao procedimento de ventilação mecânica. Os médicos, conforme informações do hospital, ainda tentaram ressuscitá-lo e realizaram a entubação.

A equipe afirma que a morte do garoto foi causada por uma asma fatal ou catastrófica e garante ainda que não houve atraso no atendimento prestado ao paciente. Em relação a ausência de um profissional na UTI, o Santa Lúcia ressalta que “ambas as unidades de terapia intensiva e a sala de parto estão integradas, ocupando um espaço único no ambiente. Portanto, a médica não se ausentou do local”. Sobre o possível atraso na aplicação do remédio, o hospital afirma que os medicamentos foram administrados de forma correta, com tempo e dose adequados. Por fim, o Santa Lúcia ressalta que, a respeito da sobrecarga de plantões dos profissionais, “os médicos, do ponto de vista de regulamentação trabalhista, são considerados autônomos, ou seja, o mesmo profissional pode trabalhar em mais de um hospital.”


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