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Estado de Minas

Aliviados e atônitos, sobreviventes da tragédia no Rio contam suas histórias

"Eu geralmente fico até as 21h. Foi Deus quem me tirou de lá às 20h10", diz Alexandre Quartarone, proprietário de uma empresa no 16º andar do Liberdade


postado em 27/01/2012 08:52 / atualizado em 27/01/2012 09:05

Rio de Janeiro – Das sacadas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, os familiares das vítimas observam um cenário desolador à esquerda. Assistem a uma operação digna de uma cidade destruída por um bombardeio ou catástrofe natural. Para quem assistiu às cenas na TV em 11 de setembro de 2001, o que se vê hoje no Centro do Rio lembra bem o horror da derrubada das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, nos Estados Unidos. Nuvens de poeira se fundem à fumaça, e um cheiro forte de fuligem e gás empesteia o ar. Tudo isso se mistura ao barulho de máquinas revirando os escombros, sirenes constantes dos bombeiros, polícia e defesa civil, além dos guardas apitando sem parar para organizar o caos que toma conta dos quarteirões do entorno da Avenida Treze de Maio, entre a Almirante Barroso e a Evaristo da Veiga, palco da tragédia da noite de quarta-feira, quando três prédios desabaram, por razões ainda desconhecidas.

Sócia em um escritório que funcionava no Edifício Liberdade, o mais alto dos três que foram ao chão, Tereza Andrade não conseguia conter as lágrimas ao observar os escombros. “Não dá para acreditar. Iria morrer todo mundo se fosse na hora do expediente”, resignava-se Tereza. Dias antes o seguro venceu e ela e o sócio, Alexandre Quartarone, decidiram não renová-lo, pois pensavam em mudar de endereço. O prejuízo calculado é de R$ 200 mil.

A advogada Cristina Dias também não conseguiu pegar os processos para um julgamento de que participaria ontem. Mas não reclama e agradece a Deus o fato de não estar lá no momento. “Geralmente, saio do trabalho às 21h, mas toda quarta-feira saio às 16h, pois vou à Igreja de Nossa Senhora da Vitória, na Barra da Tijuca”, conta, completando com uma exaltação: “Graças a Deus”.

O administrador Rodrigo Falcão trabalhava no prédio em frente aos que desabaram, na Avenida Treze de Maio, e foi ontem ao local tentar buscar alguns documentos. Não conseguiu. “Estava tomando um suco no restaurante em frente ao prédio. Escutei um barulho muito forte e vi uma nuvem de poeira e fumaça. Saí correndo para dentro do restaurante”, lembra.

No quarteirão de trás, na Rua Evaristo da Veiga, o manobrista do estacionamento Pit Stop Antônio Martins Chaves vê o impacto da tragédia na quantidade de carros que foram ao local. Diariamente, as 228 vagas divididas nos 19 andares do prédio ficam cheias, mas, ontem, até o fim da tarde, não passaram pelo local 30 veículos. “A maioria é mensalista e não veio trabalhar hoje”, destaca o manobrista. Na hora do desabamento estava trabalhando e escutou uma forte explosão. “Todo mundo saiu correndo para a rua e, de repente, veio muita poeira, sujando tudo."

Alexandre Quartarone olha os escombros com uma sensação que não sabe definir bem: entre o alívio e a desolação. Vinte minutos antes de o Edifício Liberdade – o maior dos três, com 20 andares – cair, Alexandre fechou o escritório e foi para casa. “Estava na Avenida Brasil, a caminho de casa, na Ilha do Governador, quando várias pessoas me ligaram para saber onde eu estava”, recorda. “Não dá para acreditar. Poderia ter sido na hora do expediente. Ia morrer todo mundo”, avalia, fazendo força para engolir as lágrimas e limpando os olhos com as mãos fechadas. Alexandre era proprietário de uma empresa de crédito instalada em uma sala de 90m², no 16º andar do Liberdade. Nos momentos de pico, circulam pela loja de Alexandre 30 pessoas, entre funcionários e clientes. A estimativa é que no horário comercial cerca de 1,5 mil pessoas poderiam estar nos três prédios que caíram. “Eu geralmente fico até as 21h. Foi Deus quem me tirou de lá às 20h10”, acredita Alexandre. 


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