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Estado de Minas

Lancha invade perímetro de segurança e bate no barco imagination


postado em 28/05/2011 08:14

(foto: Rafael Ohana/CB/D.A.Press)
(foto: Rafael Ohana/CB/D.A.Press)
 

O segundo dia de tentativas para resgatar o Imagination, que naufragou no Lago Paranoá no último domingo com 110 pessoas à bordo, não transcorreu como planejado pelo Corpo de Bombeiros. Ao contrário do primeiro ensaio, quando houve falhas no enchimento das boias que levantariam a embarcação, na sexta-feira o sistema de flutuação funcionou bem, mas tarde demais. Embora os 35 bombeiros tenham iniciado os trabalhos nas primeiras horas da manhã, a ponta da proa do Imagination só chegou à superfície às 15h50.

Como os procedimentos são demorados, anoiteceu antes que o barco ficasse na posição horizontal, fundamental para que fosse rebocado completamente. O comando da operação decidiu arrastá-lo até o ponto mais próximo possível do ancoradouro particular no qual passará por perícia. No entanto, por volta das 22h30, uma lancha de porte médio invadiu o perímetro de segurança marcado por boias e se chocou com proa do Imagination, que está acima do nível do espelho d’água. De acordo com o Corpo de Bombeiros, um dos cinco balões que sustentavam a embarcação teriam furado, mas o Imagination continuaria “estável”.

Ainda segundo os bombeiros, o piloto da lancha foi detido pela Marinha e pela Polícia Militar. De acordo com os policiais, ele teria apresentado sinais de embriaguez, mas recusou-se a se submeter ao teste do bafômetro. Ele foi levado para a 10ª DP (Lago Sul), onde seria interrogado. Os bombeiros irão reavaliar hoje a situação do Imagination, pois os quatro balões que sustentavam a embarcação poderiam não suportar o peso de 15 toneladas e havia o risco de o barco afundar novamente.

Como a embarcação está em uma profundidade consideravelmente menor do que no local onde afundou, os bombeiros deverão ter mais facilidade para instalar os outros seis globos de ar que ajudarão a colocá-la na horizontal e concluir a remoção. O barco será levado para um terreno privado entre o clube da Associação de Servidores da Câmara dos Deputados (Ascade) e a Ponte JK. O local foi cedido a pedido da Marinha para os exames periciais que contribuirão para o esclarecimento das circunstâncias do acidente.

Planejamento

Antes de iniciar os procedimentos, às 7h30, os bombeiros discutiram estratégias para retirar a embarcação, que tem cerca de 15 toneladas ou até mais, já que suspeita-se de que os três tubulões estejam cheios de água. Durante toda a manhã, os mergulhadores trabalharam para posicionar os cinco balões de ar, com capacidade de levantar até 12 toneladas, nas pontas do Imagination e no centro (veja arte). No dia anterior, foi justamente esse ordenamento que deu errado: as boias se moveram para dentro do barco.

Depois de muito tempo de mergulho e substituições, uma das boias apresentou problemas. Os nadadores a retiraram e trocaram o flutuador às pressas por volta das 15h. Essa tentativa durou pouco mais de uma hora e finalmente trouxe à tona a proa do barco. Quando a ponta de metal despontou da água, a alegria contagiou os homens, que aplaudiram e chegaram a disparar as sirenes das embarcações de apoio mais de uma vez.

Nesse momento, o barco rebocador, que já tinha passado pelo local outras duas vezes durante a manhã e ficou ancorado às margens do lago esperando que o Imagination chegasse à superfície, finalmente pôde entrar em ação. Com três andares, a embarcação preta batizada de Malbec estacionou próximo à balsa naufragada. Homens dos bombeiros deliberaram sobre a possibilidade de colocar mais uma boia no veículo afundado, mas decidiram, em vez disso, arrastar o barco até um local mais raso, próximo à Ascade.

Depois de amarrar o Imagination ao Malbec e puxá-lo por alguns metros, o cabo se desprendeu. Na segunda tentativa, finalmente a embarcação naufragada foi levada para as margens do lago. “Vamos reposicionar os balões para que a popa do barco também suba à superfície. Aí sim poderemos rebocá-lo para fora das águas do Lago Paranoá. Esperávamos que ele (o Imagination) saísse do lago hoje, mas não foi possível. Amanhã (hoje), temos 99% de chances de encerrar essa operação”, explicou o major dos bombeiros, Luciano Maximiano Rosa.

Segurança

A preocupação da equipe ao planejar o resgate era a de manter a integridade da embarcação para não prejudicar o trabalho da perícia. Segundo a major Vanessa Signale, chefe da comunicação dos Bombeiros, a demora em obter resultados práticos é decorrente da necessidade de segurança na execução dos procedimentos. “Para cada etapa feita pelos mergulhadores, é preciso que eles voltem à superfície e confirmem a situação. E também é extremamente perigoso para eles. Trabalhar no meio líquido é muito mais complicado do que no ar”, explicou.

A retirada do Imagination do Lago Paranoá é peça chave para esclarecer o que levou a embarcação a afundar e provocar terror nos cerca de 110 passageiros — número 20% superior à capacidade do barco, de 92 pessoas, de acordo com a Marinha. Os corpos das nove pessoas que morreram no acidente do dia 22 foram encontrados até última quarta-feira. Todas as vítimas já foram sepultadas.

Investigação

O barco será examinado por 15 peritos da Polícia Civil, além de dois especialistas — um oficial e outro civil — em acidentes navais da Diretoria de Portos e Costas da Marinha que vieram do Rio de Janeiro para compor o grupo da investigação. Segundo a polícia, o Imagination deve passar por perícia semelhante à feita na lancha que naufragou no ano passado, mas como o porte e as circunstâncias são diferentes, ainda não é possível detalhar os procedimentos.


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