A análise dos tubulões do Imagination deve trazer as respostas para o mistério que ronda o acidente. São esses compartimentos cheios de ar que mantêm as embarcações flutuando. Na última segunda-feira, mergulhadores do Corpo de Bombeiros verificaram que pelo menos um deles estava rachado. Para especialistas, essa informação pode ser a chave para desvendar as causas do naufrágio.
Em barcos grandes, como o Imagination, a Marinha exige que os tubulões sejam compartimentados (veja arte). Isso significa que a estrutura deve ser dividida em segmentos menores, sem comunicação entre eles. Dessa forma, se parte dela sofre danos, o ar permanece nas demais e a embarcação não afunda. Mesmo que não evite o acidente, o tubulão segmentado pode fazer com que o veículo naufrague bem lentamente, o que possibilita o resgate.
O Imagination foi construído há 14 anos na Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB). Inicialmente, ele era menor e não havia o segundo andar. “A estrutura servia de apoio para as regatas, ficava no meio do lago. Tinha capacidade para apenas 22 pessoas”, conta o vice-presidente de Náutica da AABB, José Bandeira Neto, um dos responsáveis pela construção artesanal.
Depois de três anos de uso, a AABB vendeu a embarcação, que, posteriormente, foi reformada e aumentou a capacidade de passageiros. A equipe da AABB usou material de preço baixo, como chapas mais simples e baratas. José Bandeira afirma que não usou tubulões segmentados. “Quando fiz, eram só dois tubos separados e sem subdivisões.”
O engenheiro naval Augusto Luiz Chagas diz que o casco de toda embarcação grande, como o Imagination, precisa ter compartimentos estanques. “Os catamarãs precisam dessas estruturas segmentadas. Se houver vazamento em algum deles, a embarcação não fica comprometida”, justifica o especialista.