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Estado de Minas

Barco que naufragou no Lago Paranoá estava superlotado

Pelo menos 103 pessoas estavam a bordo do Imagination, embarcação que afundou no Lago Paranoá. A capacidade era para 92. Além de um bebê, três corpos são encontrados pelo resgate


postado em 24/05/2011 07:38

O excesso de gente no barco naufragado é uma das poucas certezas no mistério em torno da tragédia ocorrida no Lago Paranoá na noite de domingo. Havia até 103 pessoas a bordo do Imagination, autorizado pela Marinha a transportar no máximo 92. Além da superlotação, surgem suspeitas de falhas na segurança e até na manutenção da embarcação. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros encontraram uma rachadura em um dos tubulões, na parte de baixo do barco. As estruturas cilíndricas e ocas ajudam na flutuação. Sobreviventes denunciaram a falta de coletes salva-vidas e de instrução para o uso do equipamento de segurança e de outras medidas em casos de emergência.

Devido à falta de luminosidade, os bombeiros suspenderam o resgate aos desaparecidos no fim da tarde de ontem, após terem encontrado três corpos ao longo do dia. Assim, com o bebê de sete meses que não resistiu logo após o naufrágio, subiu para quatro o número de mortos. Os mergulhadores reiniciam na manhã de hoje a busca por sobreviventes, apesar de admitirem a pouca possibilidade de ainda haver alguém com vida. Eles trabalham com a hipótese de existir mais cinco ou seis desaparecidos. A dúvida se deve à divergência na lista de ocupantes, informada à equipe de socorro. Há seis nomes completos mais um apelido, que pode ser o de um dos seis ou de uma sétima vítima.

A Marinha do Brasil e a Polícia Civil do Distrito Federal investigam o acidente. Representantes das duas instituições tratam o caso com cautela, mas falam na possibilidade de a tragédia ser consequência de uma série de fatores. O responsável pelo inquérito criminal, delegado Adval Cardoso, chefe da 10ª Delegacia de Polícia, no Lago Sul, diz que o estrago na estrutura do barco identificada ontem pelos bombeiros mergulhadores pode ser determinante na apuração. No entanto, é preciso saber se ela é anterior ao passeio que terminou no naufrágio, se foi causada por causa de uma suposta colisão com uma lancha ou se houve uma explosão dos tubulões na noite de domingo. “Aliada à avaria, a suposta superlotação pode ter colaborado para o naufrágio”, ponderou o delegado.

Adval se baseia nas declarações de sobreviventes, inclusive do comandante do Imagination, Airton Carvalho da Silva Maciel, 28 anos. Em um dos dois depoimentos na 10ªDP, ele apontou anormalidades no barco. A mais séria é que, de uma hora para outra, a embarcação começou a “empinar”. “Ele (Airton) afirma que não houve colisão com lancha nenhuma”, contou Adval. O piloto não deu entrevistas. Já um dos convidados da festa realizada na embarcação, o garçom Dionei Maffini, 30 anos, contou que o motor falhou duas vezes. “Vi dois apagões, ouvi um barulho e depois o barco começou a inclinar. Aí, houve o naufrágio.” Ele também negou que uma lancha teria batido no Imagination. “Ela estava ao lado, era de outras pessoas que queriam entrar na nossa festa, mas o comandante falou que não podia entrar. Não vi nada de colisão.”

Respostas Responsável pelo procedimento administrativo, o comandante da Delegacia Fluvial – órgão da Marinha –, Rogério Leite, é ainda mais cauteloso. Ele afirmou que a lancha estava superlotada, mas negou que isso seja relevante. “Ainda é cedo para afirmar que isso tenha causado o acidente”, ressaltou. Afirmou o mesmo sobre a rachadura em um dos tubulões. “Só vamos saber se isso contribuiu depois de içar o barco e da realização de perícia”, acrescentou. Não há previsão para o resgate da embarcação, que está a 18m de profundidade, segundo os bombeiros.

Após içá-la, será possível, entre outras coisas, descobrir se havia coletes para todos os ocupantes e também se ocorreu uma colisão. Técnicos da Marinha e da Polícia Civil farão perícias distintas. Dois peritos da Marinha virão do Rio de Janeiro para ajudar nas investigações. Já o resultado da perícia da Polícia Civil deve sair em dois meses. O processo da Delegacia Fluvial levará até três meses para ser concluído e pode culminar na cassação da permissão para conduzir embarcações, caso indique a responsabilidade do comandante do barco. Já o inquérito da 10ªDP não tem data para a conclusão. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, afirmou que há “evidência” de superlotação do barco naufragado. “Mas ainda não tem comprovação. Isso vai ser fruto de investigação”, observou. Como fez também em nota oficial, ele manifestou solidariedade às famílias e garantiu total apoio às equipes de resgate. “É lamentável, uma situação dramática. Nos solidarizamos com as famílias, com as vítimas. Mobilizamos a operação com tudo que dispúnhamos.”


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