
Ainda pela manhã, quando o Instituto Estadual de Hematologia do Rio de Janeiro (Hemorio) fez um apelo à população em busca de doações de sangue. Em nota, a instituição relatou que precisava da colaboração da sociedade para repor o baixo estoque disponível. Atentos ao pedido, os cariocas lotaram a unidade da coleta do centro da cidade. Até o começo da noite de ontem, 900 pessoas já haviam passado pelo local.
A demonstração de solidariedade às vítimas do ataque mobilizou também 50 policiais militares de Unidades de Polícia Pacificadora, que também se prontificaram a fazer doações. A média de espera na fila foi de quatro horas. À tarde, o ex-atacante e atual presidente do Vasco, Roberto Dinamite, convocou torcedores do clube a fazerem o mesmo. A procura pelas unidades do Hemorio foi tão grande que a enfermeira responsável pelo setor de promoção de doações, Neusimar Carvalho, pediu ao público que voltasse hoje. “O importante é que os doadores continuem a vir nos próximos dias”, ressaltou.
Solidariedade
Pai de dois alunos da escola que sofreu o ataque, o técnico em eletrônica Robson de Carvalho, 48 anos, relatou que a filha ligou para a mãe para relatar a tragédia. Ele contou que, em seguida, correu em direção à Escola Municipal Tasso da Silveira em busca de notícias. O filho já estava fora da unidade de ensino, mas a menina continuava no terceiro andar, onde professoras trancaram as salas para evitar a entrada do assassino. Ao se deparar com os primeiros alunos que apareceram feridos em frente ao colégio, ele diz ter colocado seis deles em sua caminhonete e seguido rumo ao Hospital Albert Schweitzer. “Foi muito grave, nunca tinha visto nada igual. As crianças também vão ficar marcadas, mas graças a Deus meus filhos estão bem”, contou, emocionado.
José Marcos Sobrinho, 28 anos, também prestou socorro a um estudante ferido. Ele relatou que seguia para uma entrevista de emprego quando foi abordado por três crianças — uma delas atingida por um tiro. Sobrinho contou que pediu ajuda a um motorista que passava pelo local para que levasse a menina de 11 anos ao pronto-socorro. A garota teria dito, no momento em que era socorrida, que diversas crianças da escola foram atingidas com tiros na cabeça.
À medida que as crianças baleadas chegavam ao Hospital Albert Schweitzer, médicos e enfermeiros pareciam não acreditar no que viam. Uma médica disse que profissionais das mais diversas áreas da unidade hospitalar se juntaram à equipe de emergência para prestar socorro aos feridos. Segundo ela, enquanto prestavam atendimento, os profissionais choravam.
