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O Enem não é um processo seletivo e, portanto, não há chances de candidatos serem reprovados

Imagem comlpartilhada milhares de vezes em redes sociais sugere que candidatos foram reprovados no exame por usarem pronome neutro


05/07/2022 19:50 - atualizado 06/07/2022 07:53

Desde abril de 2021, usuários compartilham uma imagem com a afirmação de que 87 mil candidatos foram reprovados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) por usarem o pronome neutro.

As publicações, que acumulam mais de 3 mil compartilhamentos, são falsas. A prova em si não é um processo seletivo, portanto, não há chances de haver reprovações.

As notas alcançadas pelos alunos podem ser utilizadas para a aplicação do Sisu e ProUni, estes, sim, sistemas de seleção para universidades, mas as notas de corte variam de acordo com o curso e instituição escolhidos pelo candidato. 

'Usaram pronomes 'Neutros'! Foram reprovados 87.000. Quá! Quá! Quá! Qua!', ironiza uma das publicações no Facebook (1, 2), Twitter (1, 2) e Instagram (1, 2). 
Captura de tela feita em 28 de junho de 2022 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 28 de junho de 2022 de uma publicação no Facebook ( . / )

Na imagem, afirma-se que os 87 mil candidatos teriam sido reprovados por usarem pronome neutro na prova. Dentre outros usos, esse tipo de linguagem é utilizada majoritariamente por pessoas que não se identificam com o gênero masculino e feminino ou por transgêneros. 

O Exame Nacional do Ensino Médio não tem o objetivo de aprovar ou reprovar qualquer candidato, já que a avaliação não se trata de um vestibular. Ele é um teste que serve para o Governo Federal avaliar o desempenho individual dos alunos de todo o país, medir indicadores sobre o ensino e fazer com que os alunos ingressem nas universidades públicas ou privadas por meio de sistemas unificados de seleção de candidatos. 

O Enem é composto por 180 questões objetivas e uma redação. Ele é dividido em quatro áreas de conhecimento: Ciências Humanas, Linguagens, Ciências da Natureza e Matemática. A pontuação é feita por área, ou seja, o candidato recebe cinco notas diferentes e, a partir delas, é calculada uma média final. 

Com essa média, o candidato pode se inscrever em dois sistemas de seleção diferentes: o Sisu, para faculdades públicas de todo o país, e o ProUni, caso preencha o perfil para receber bolsas de estudo em universidades privadas.

Esses sistemas de seleção calculam, a partir do número de vagas existentes e a quantidade de candidatos concorrentes, uma nota mínima necessária para que o aluno seja selecionado. Ou seja, é possível não ser admitido em alguma instituição por meio desses esses sistemas, não pela prova do Enem em si. 

No edital do exame de 2020 foram listados 30 motivos em que o aluno poderia ser eliminado da realização da prova, mas nenhum deles é por utilizar o pronome neutro. 

Em 2 de abril de 2021, circulou no Twitter postagens que afirmavam que 87 mil alunos teriam zerado a redação do Enem por usarem pronomes neutros. 

No exame de 2020, que ocorreu em janeiro de 2021 por conta da pandemia de covid-19, esse número foi do total de candidatos que zeraram a redação em todo o Brasil. No entanto, não há registros de que eles tenham zerado a redação por um único motivo.

Em nova consulta ao edital da prova de 2020, constata-se que, mais uma vez, nenhum dos motivos que poderiam fazer o candidato zerar a redação do Enem estão relacionados ao uso de pronomes neutros. 


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