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Estado de Minas CHECAMOS

Imagem de julho de 2020 é usada como 'prova de fraude' nas eleição nos EUA

Foto foi registrada em 30 de julho deste ano e mostra um procedimento padrão com os votos recebidos por correio; portanto, postagens são fake news


10/12/2020 18:30 - atualizado 11/12/2020 08:13

Publicações que contêm uma fotografia de uma caixa identificada com a frase “cédulas rejeitadas como ilegais” e outra com “cédulas aceitas como legais”, e que seria uma “prova” de que houve fraude nas eleições presidenciais dos EUA somaram mais de 5,8 mil interações nas redes sociais desde o último dia 18 de novembro.

Mas a imagem foi registrada em 30 de julho deste ano e mostra um procedimento padrão com os votos recebidos por correio.
“A mídia não mostra a fraude nas eleições americanas pq a mídia faz parte da fraude”, indica o texto sobreposto à foto, compartilhada mais de 3 mil vezes no Facebook (1, 2, 3) com legendas como: “GRANDE MÍDIA COMUNISTA”.

A imagem também circulou amplamente no Instagram (1, 2).

Mas apesar da foto ter viralizado nas redes como se provasse uma fraude nas eleições norte-americanas, isso não é verdade.

Uma busca reversa* no Google pela imagem das caixas com as cédulas de votação levou ao site da agência de notícias Associated Press.

Tirada pela fotojornalista Lynne Sladky em 30 de julho de 2020, a legenda da foto indica: “Um funcionário do Departamento Eleitoral do Condado de Miami-Dade coloca uma cédula de voto por correio da eleição primária de 18 de agosto em uma caixa de cédulas rejeitadas, enquanto o conselho de votação se reúne no Departamento Eleitoral do Condado de Miami-Dade, nesta quinta-feira, 30 de julho de 2020, em Doral, Fla [Flórida]. O presidente Donald Trump sugeriu publicamente pela primeira vez um ‘atraso’ nas eleições presidenciais de 3 de novembro, com alegações sem fundamento de que o aumento de votos por correio resultará em fraude”.

Em 18 de agosto, a Flórida realizou as primárias estaduais, nas quais foram escolhidos os indicados para o Congresso e a legislatura do estado. As primárias presidenciais, por sua vez, haviam ocorrido meses antes - em 17 de março - quando Donald Trump, republicano, e Joe Biden, democrata, venceram por seus partidos para, posteriormente, concorrerem ao cargo de chefe de Estado.

O voto por correio já era admitido nos Estados Unidos antes da covid-19, mas foi por causa da pandemia que esse sistema se expandiu para níveis recordes este ano.

Segundo informações que constam no site do governo dos Estados Unidos, o voto de ausente ou voto por correio é permitido, mas cada estado tem regras específicas sobre como isto pode ocorrer.
Captura de tela feita em 9 de dezembro de 2020 de uma publicação no Instagram
Captura de tela feita em 9 de dezembro de 2020 de uma publicação no Instagram

No caso da Flórida, estado onde a imagem foi feita, qualquer eleitor registrado pode aplicar para este tipo de voto. Mas existem algumas condições que devem ser respeitadas para que a cédula não seja rejeitada.

Para solicitar a cédula de voto por correio é necessário fornecer informações pessoais como nome, endereço, data de nascimento, além da assinatura do solicitante, obedecendo o prazo do pedido.

Deve-se, também, atentar ao prazo de envio do voto, que pode ser feito pessoalmente, pelo serviço de correio, por uma transportadora privada, colocado em caixas específicas no dia da eleição, ou em locais designados para votação antecipada.

As instruções para a votação por correio são enviadas juntamente com a cédula e devem ser seguidas para que esta não seja rejeitada.

O condado de Miami-Dade, local em que a foto agora viralizada foi tirada, publicou um vídeo explicativo em sua conta no YouTube sobre como realizar este tipo de voto. Há, inclusive, um exemplo de quando um voto pode ser rejeitado como ilegal, ao não seguir alguma das regras específicas - como a falta de assinatura no envelope, ou assinatura incompátivel com os registros eleitorais.



A Flórida prevê a possibilidade de correção quando um voto não cumpre os requisitos necessários para ser aceito. Nesse caso, um outro formulário precisa ser preenchido para que a cédula, então, seja aceita.

No final de outubro, a poucos dias do pleito de 3 de novembro, o site de notícias Sun Sentinel publicou um guia de como votar por correio no estado, já que muitos eleitores se mostraram interessados devido à pandemia de covid-19.

Dias depois, Biden foi considerado, pela imprensa, vencedor das presidenciais após conquistar uma liderança intransponível na Pensilvânia. Até o início de dezembro, Trump se negava a reconhecer a derrota e recorreu a mais de 20 ações judiciais ao alegar fraude, embora não tenha apresentado evidências significativas. No último dia 8, a Suprema Corte rejeitou o seu recurso para bloquear os resultados na Pensilvânia.

O Checamos já verificou (1, 2, 3, 4)  diversas afirmações que circularam nas redes sobre uma suposta fraude no processo eleitoral.

Em resumo, é falso que a imagem de duas caixas com os dizeres “cédulas rejeitadas como ilegais” e “cédulas aceitas como legais” comprove uma fraude nas presidenciais dos Estados Unidos. Além da fotografia ter sido registrada meses antes do pleito, uma cédula enviada por correio considerada ilegal significa que ela não preenche todos os requisitos necessários para que o voto seja aceito, mas que é passível de correção.

*Uma vez instalada a extensão InVid-WeVerify no navegador Chrome, clica-se com o botão direito sobre a imagem e o menu que aparece oferece a possibilidade de pesquisa da mesma em vários buscadores.


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