O anúncio representa uma grande vitória para o presidente azerbaijano, Ilham Aliyev, em sua ambição de assumir o controle do território disputado há décadas entre Azerbaijão e Armênia, que já foi cenário de duas guerras, uma nos anos 1990 e outra em 2020.
Desta vez, uma ofensiva militar de 24 horas das tropas azerbaijanas foi suficiente para derrotar os separatistas, encurralados pelo poder de fogo de Baku e pela decisão de Yerevan de não sair em sua ajuda. O balanço provisório da ofensiva é de ao menos 32 mortos.
Foi alcançado um acordo para o encerramento completo das hostilidades" desde quarta-feira às 13h locais(06h em Brasília)", indicou a presidência separatista em nota.
Segundo a mesma fonte, o acordo foi alcançado após a mediação das forças russas de manutenção da paz mobilizados na região do conflito de 2020.
- Putin espera uma "solução pacífica" -
Em declarações divulgadas pela televisão estatal pouco depois do anúncio, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que esperava uma "solução pacífica" para o conflito e não mencionou o cessar-fogo. Não foi indicado se suas declarações foram gravadas antes ou depois do anúncio das partes em conflito.
Em detalhes, o acordo firmado nesta quarta e confirmado por Azerbaijão prevê "a retirada das unidades militares restantes das Forças Armadas armênias (...) e a dissolução e desarmamento completo das formações armadas do Exército de Defesa de Nagorno-Karabakh".
Os separatistas também aceitaram manter na quinta-feira na cidade azerbaijana de Yevlakh discussões sobre a "reintegração" do território separatista ao Azerbaijão.
Azerbaijão disse que quer uma "reintegração pacífica" do enclave e a "normalização" das relações com a Armênia. Além disso, prometeu às forças separatistas armênias em Nagorno-Karabakh "um passo seguro".
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, denunciou "uma agressão de grande envergadura" com fins de "limpeza étnica" e disse que era importante que as hostilidades cessem. Afirmou ainda que o país "não participou" na redação dos termos da trégua e garantiu que a Armênia não tem unidades militares na região desde agosto de 2021.
O conflito anterior durou seis semanas no outono de 2020 e terminou com uma derrota militar armênia.
Pashinian, a quem seus opositores responsabilizam pela derrota denunciou nesta quarta pedidos por um "golpe de Estado". Choques foram registrados entre manifestantes que exigem sua demissão e a polícia em frente à sede do governo.
- Ao menos 32 mortos -
O Azerbaijão iniciou na terça-feira uma operação militar em larga escala para recuperar a região. Justificou suas ações pelas mortes de seis pessoas nas explosões de minas, colocadas segundo Baku por "sabotadores" separatistas armênios.
A Defensoria dos Direitos Humanos da Armênia anunciou que os combates deixaram pelo menos 32 mortos, incluindo duas crianças, e mais de 200 feridos.
As autoridades separatistas anunciaram na terça-feira a retirada de mais de 7.000 civis de 16 localidades, enquanto o contingente de paz russo retirou mais de 2.000 civis das zonas consideradas mais perigosas.
O reinício das hostilidades no território provocou inquietação entre a comunidade internacional.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu "o fim imediato dos combates".
A Rússia, que mediou o cessar-fogo de 2020, fez um apelo "às partes em conflito para interromperem imediatamente o derramamento de sangue, cessem as hostilidades e evitem vítimas civis".
O papa Francisco pediu a "todas as partes envolvidas que façam todo o possível para encontrar soluções pacíficas".
A Armênia considera Nagorno-Karabakh uma região central de sua história. Este enclave proclamou sua independência do Azerbaijão com o apoio da Armênia durante a dissolução da União Soviética em 1991.
Depois de vários anos de violência étnica, esta secessão desencadeou uma guerra aberta que causou a morte de cerca de 30.000 pessoas até 1994.
BAKU