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Estado de Minas TURQUIA

Erdogan e Kiliçdaroglu vão disputar 2º turno

Com 97,87% das urnas apuradas, nenhum dos candidatos chegou a 50% dos votos e turcos voltarão às urnas em 28 de maio


15/05/2023 04:00

presidente da Turquia Erdogan
Há 20 anos no poder, Erdogan votou ontem nas acirradas eleições turcas (foto: Umit Bektas/Pool/AFP)


Uma das eleições mais tensas e disputadas dos últimos tempos na Turquia foi marcada pelo alto índice de comparecimento às urnas – 88,81% dos 64 milhões de turcos aptos votaram – e por denúncias de bloqueio de votos. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,  há 20 anos no poder, saiu na frente na disputa pela reeleição, mas não conseguiu fechar a fatura no primeiro turno realizado ontem. Durante a maior parte da apuração, Erdogan aparecia com mais de 50% dos votos, o que indicava que ele poderia seguir no comando do país por mais cinco anos. Mas a tendência da apuração na reta final apontou para um segundo turno. Com 97,87% das urnas abertas, o atual presidente contabiliza 49,35% dos votos, enquanto seu principal adversário, Kemal Kilicdaroglu, aparece com 44,98%, segundo a agência de notícias estatal Anadolu. Quando nenhum dos candidatos alcança mais de 50%, a lei eleitoral prevê uma segunda rodada, prevista para 28 de maio. 

Em terceiro lugar, ficou Sinan Ogan, nacionalista de ultradireita, tem 5,24%. Mesmo tendo anunciado a desistência a três dias da votação, Muharrem Ince aparece na quarta posição, com 0,43% dos votos, uma vez que seu nome não pôde ser removido da cédula. Aliados da oposição acusaram a Anadolu de divulgar, no início da contagem de votos, números parciais que eram favoráveis ao presidente, deixando-o em maior vantagem. Mais tarde, o prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, candidato a vice-presidente na chapa da oposição, disse que o partido de Erdogan estava apresentando objeções em distritos liderados por Kilicdaroglu, o que atrasou a apuração.

Por volta das 2h20 de hoje (20h20 de ontem em Brasília), Erdogan discursou do lado de fora do quartel-general do AKP, em Ancara, e declarou: "Ainda não sabemos se a eleição será concluída no primeiro turno, mas se o povo nos levar para um segundo turno, também respeitaremos isso. (...) Nosso povo é o vencedor, independentemente do resultado". O presidente aproveitou para provocar o adversário político. “Alguém está na cozinha, nós estamos na varanda”, disse, em alusão aos vídeos gravados por Kiliçdaroglu na cozinha, uma tentativa da campanha de humanizar a sua imagem ante os eleitores.

Erdogan também assegurou ter “clara vantagem” na apuração. Ele celebrou a vitória da coalizão governista nas eleições parlamentares, ao anunciar que a aliança entre o AKP, o ultranacionalista Partido de Ação Nacionalista (MHP) e facções islamitas conseguiram a maioria no Parlamento.

“Nosso país tem uma festa da democracia completa nessas eleições. Ainda que os resultados não sejam claros, ainda estamos na liderança, de longe. Os resultados das votações domésticas e estrangeiras levarão tempo para chegar", explicou o presidente. “Sempre fomos honestos com nossa nação, sabemos que estamos muito à frente nas eleições de hoje, mas esperamos que os resultados exatos cheguem.”

adversário de Erdogan, Kemal Kilicdaroglu,
O opositor Kemal Kiliçdaroglu protestou contra o processo de votação ontem (foto: Adem Altan/AFP)

Adversário

Kemal Kiliçdaroglu, adversário de Erdogan, prometeu hoje (noite de domingo no Brasil) vencer o segundo turno. “Se nossa nação decidir pelo segundo turno, nós certamente venceremos no segundo turno”, disse Kiliçdaroglu.. “A vontade de mudança na sociedade é maior que 50%”.

Kiliçdaroglu fez um breve pronunciamento à nação e acusou o AKP de bloquear a apuração, ao apresentar objeções aos resultados onde a oposição teve um número mais alto de votos. “Não bloqueiem a vontade da nação. Deixem os resultados virem e que todos o conheçam. O país não tem mais paciência para a instabilidade. Não dá para administrar a situação pela manipulação, não tenha medo da vontade do povo”, recomendou.

Morador de Bodrum (Sudoeste), o empresário de internet e ex-operador político Fatih Guner, 41 anos, afirmou ao Estado de Minas que as eleições de ontem ganharam importância pelo fato de o AKP, partido conservador e islamita de Erdogan, ter iniciado uma escalada autoritária em 2015. “A oposição, neste ano, tem uma poderosa oportunidade de quebrar a hegemonia do AKP. Mas parece que a opinião pública não está alinhada com ela. Não acho que Kiliçdaroglu seja o candidato ideal para derrotar Erdogan", alertou.

Guner afirmou que o comparecimento às urnas, na Turquia, é tradicionalmente um dos maiores do mundo. "Nós vamos, depositamos nossos votos, esperamos que sejam contados e temos que vigiar cada voto para fazer com que não seja roubado pelo partido governista. Nós, turcos, sempre achamos que, para a democracia funcionar melhor, temos que votar.” (Com agências)


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