"Entendemos que existe uma circunstância excepcional" que exige "uma pronta reação da Comissão Europeia", justificou o ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas, na coletiva de imprensa após o conselho de ministros.
Planas formalizou o pedido em uma carta ao comissário europeu para a Agricultura, Janusz Wojciechowski. No entanto, não especificou o montante que espera desbloquear para auxiliar os agricultores espanhóis.
A "reserva de crise" da UE, destinada a responder a incidentes nos mercados agrícolas, é avaliada em 450 milhões de euros (2,5 bilhões de reais).
Paralelamente ao pedido, o governo espanhol anunciou no mesmo dia uma série de benefícios fiscais aos agricultores do país. Entre eles, a redução de 25% no imposto sobre a renda, o que deve beneficiar a 800 mil profissionais.
Afetados há vários meses por uma seca prolongada, estes trabalhadores rurais viram a situação se agravar esta semana pela chegada de uma onda de calor subitamente precoce.
De acordo com a Agência Meteorológica do Estado, as temperaturas podem se aproximar dos 40ºC no sul do país já na próxima quinta ou sexta-feira.
O Ministério de Transição Ecológica diz que os reservatórios do país - que armazenam a água da chuva para uso nos meses mais secos - estão com apenas 50% de sua capacidade, chegando a um quarto em algumas áreas, como a Catalunha (nordeste).
Nesta região, que enfrenta a pior seca em décadas, as autoridades fecharam pela primeira vez as válvulas do canal Urgell, que irriga 70.000 hectares de plantações, para economizar a pouca água que resta para o verão.
A falta deste recurso hídrico primordial fez com que muitos agricultores desistissem do plantio na primavera, sobretudo de cereais e oleaginosas.
De acordo com a Coag, o principal sindicato agrário, 60% das terras cultiváveis na Espanha estão atualmente "asfixiadas" pela falta de chuvas, o que causou "perdas irreversíveis em mais de 3,5 milhões de hectares de cereais de sequeiro".
"A seca está gerando verdadeiros dramas para milhares e milhares de irrigantes em toda a Espanha", disse Juan Valero de Palma, da Federação Nacional das Comunidades de Irrigação da Espanha (Fenacore), em coletiva de imprensa em Madri nesta terça-feira.
Segundo a ONU, cerca de 75% do território espanhol está atualmente em processo de desertificação devido às mudanças climáticas. Esta situação coloca em risco o setor agrícola, um dos grandes pilares da economia espanhola, que utiliza 80% da água do país.
MADRI