"Alguns de vocês podem ter dúvidas legítimas (...) estamos convocando um processo de diálogo e participação para reunir visões e conhecimentos sobre a nova governança do lítio", disse o presidente em um evento público.
Na noite de quinta-feira, Boric anunciou o Plano Estratégico de Exploração do Lítio, que dá ao Estado um papel majoritário na exploração deste mineral no Chile, o segundo maior produtor mundial.
O plano contempla a presença do Estado em todo o ciclo produtivo do lítio por meio de uma parceria público-privada com a criação da Empresa Nacional do Lítio, em um projeto que ainda precisa passar pelo Congresso.
"Definimos que o Estado esteja presente em todo o ciclo produtivo do lítio", acrescentou o presidente.
O programa não inclui expropriações, mas propõe negociar a participação do Estado na exploração de lítio desde o Salar de Atacama, o único lugar onde é extraído atualmente no Chile pela empresa local SQM e pela americana Arbemarle.
"Como a SQM, esperamos fazer parte deste diálogo e negociação que agora se inicia", afirmou a empresa em comunicado citado pela imprensa local.
O papel predominante que o Estado terá despertou críticas no mundo privado.
"Esperávamos que houvesse uma grande participação privada. O que o presidente propôs é que é o Estado que vai controlar qualquer empresa que seja criada para a exploração do lítio", alertou Ricardo Mewes, presidente da Confederação da Produção e do Comércio.
"Esperamos que o governo retifique esta política para restabelecer a confiança do setor privado, pelo bem do Chile e de seu povo", disse por sua vez Richard von Appen, presidente da Sociedade de Fomento Fabril (Sofofa).
O lítio é essencial para a fabricação de baterias de armazenamento de energia, de carros e ônibus elétricos. Sua demanda cresceu com força nos últimos anos em momentos em que o mundo busca se afastar dos combustíveis fósseis para combater o aquecimento global.
SANTIAGO