"Como primeiro-ministro, devo a todos, mas acima de tudo aos familiares das vítimas, desculpas", escreveu o líder em mensagem à nação, sem convencer os gregos. "Na Grécia, em 2023, não é possível que dois trens circulem pela mesma via em sentidos opostos e que ninguém se dê conta", acrescentou em sua mensagem, publicada no Facebook.
Em Lárissa, cidade mais próxima do local do acidente, o chefe da estação compareceu perante um juiz e foi acusado formalmente de responsabilidade pela "morte de um grande número de pessoas". Vassilis Samaras, 59, admitiu sua responsabilidade pela colisão frontal e foi colocado em prisão preventiva.
O choque entre um trem de passageiros e um de carga na última terça-feira, perto de Lárissa (centro), gerou uma onda de protestos no país e colocou em evidência um sistema ferroviário ultrapassado e uma série de descasos que levaram à tragédia.
Cerca de 12 mil pessoas, segundo a polícia, reuniram-se neste domingo em frente ao Parlamento, em Atenas, em protestos convocados por estudantes, ferroviários e funcionários. Centenas de balões foram lançados ao céu, em homenagem às vítimas.
"O interesse pelos lucros e a falta de medidas para proteger os passageiros levaram à pior tragédia ferroviária do nosso país", disse à AFP Michalis Hasiotis, presidente de um sindicato de contadores.
Segundo jornalistas da AFP, houve confrontos entre os manifestantes e a polícia, que acabou dispersando o protesto com gás lacrimogêneo.
- 'Assassinos!' -
Segundo uma fonte judicial, a investigação pode "apresentar medidas judiciais, se necessário, contra membros da administração da companhia" ferroviária grega Hellenic Train.
A empresa é acusada de várias negligências que levaram à colisão. Manifestantes escreveram a palavra "assassinos" em vermelho em sua sede em Atenas.
A companhia se defendeu na noite de sábado e alegou que "esteve presente no local desde o primeiro momento" e que disponibilizou "uma central de atendimento (...) para prestar informações".
A Hellenic Train também indicou que é responsável apenas pelo transporte de passageiros e mercadorias, mas que a gestão da rede, sua manutenção e modernização são de responsabilidade da estatal ferroviária OSE.
Os representantes sindicais da companhia já haviam alertado para a situação há três semanas.
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