(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas REGIÓN DE DONETSK

Tropas ucranianas buscam consolo na fé e na oração


23/02/2023 11:23

No leste da Ucrânia, Mykola Berezyk dirige um Lada 1600 para levar a fé a todos os lugares. "Comprei para ter mais mobilidade, para ir ao front rezar com os soldados", diz este capelão da 95ª Brigada de Assalto Aéreo.

Usando roupas camufladas, botas pesadas de inverno e uma pequena barba, Berezyk parece um dos muitos soldados ucranianos que lutam contra as tropas russas na disputada região do Donbass.

No entanto, o "padre Mykola" não carrega uma metralhadora: sua única proteção é uma pesada cruz de prata pendurada no pescoço.

Do porta-malas do Lada azul, ele tira um recipiente de estanho com água benta, um pacote de velas e uma bolsa de couro preta contendo uma Bíblia.

Berezyk, de 28 anos, explica que sentiu o chamado espiritual para o sacerdócio há dez anos, quando começou a ir à missa na esperança de encontrar um sentido para a vida.

Antes de se consagrar na Igreja Ortodoxa Ucraniana, trabalhou por cinco anos em construções e depois integrou uma unidade de artilharia do Exército durante três anos, até 2020.

Ele voltou à linha de frente no ano passado, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. Em agosto, estilhaços o feriram a apenas dois centímetros do coração.

Enquanto se recuperava no hospital, recebeu uma "revelação" e decidiu que seu dever seria guiar seus irmãos de armas.

"A guerra nos mostrou que não basta alimentar, equipar e armar os soldados", disse à AFP. "Eles também precisam de apoio espiritual."

- "Peso na alma" -

Paraquedistas exaustos voltam do front para a casa onde estão hospedados e tiram o chapéu em sinal de respeito.

Na sala, o padre Mykola, agora com uma túnica preta ornamentada com bordados vermelhos e dourados, cumprimenta a congregação improvisada.

"O mundo inteiro deveria saber que não estamos lutando apenas com armas, mas com a palavra de Deus", diz ele. "Lutamos no campo de batalha com nossos corações e almas."

Os soldados se ajoelham enquanto a fumaça do incenso se espalha pela sala, eles leem passagens da Bíblia e o padre reza pela paz. Coletes à prova de balas e rifles dos soldados estão apoiados na parede.

"Tikhiy", um soldado de 37 anos, carrega enfeites de Natal e brinquedos nos bolsos para trazer sorte e diz que rezar antes da batalha o deixa "completamente calmo".

"Depois de lutar, é como se um peso tivesse sido tirado de sua alma", disse outro soldado, "Zalizny", de 28 anos.

Enquanto os paraquedistas entram em seus sacos de dormir, outra unidade se prepara para retornar às linhas de frente. Desta vez, as orações são ao ar livre, sob um telhado do lado de fora.

"Cook", um soldado de 40 anos, acredita que essas cerimônias são uma parte importante da batalha pela Ucrânia.

"Eu sei que a Ucrânia será salva", diz ele. "É muito difícil, mas vamos resistir."

O padre Mykola explica que tem refletido sobre a espinhosa questão de quebrar um dos mandamentos centrais do cristianismo: "Não matarás".

Ele acredita que as tropas ucranianas têm uma justificativa moral porque estão defendendo sua família, seus amigos e seu país. Deus está "sempre do lado da verdade e... também dos justos", diz ele.

"Há eventos na história em que o exército mais fraco derrota o mais forte com a ajuda de Deus porque é a vontade de Deus", diz ele.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)