(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ESTOCOLMO

Jimmie Akesson, o nacionalista que transformou a extrema-direita na Suécia


12/09/2022 09:05

Em 17 anos, o líder do Democratas da Suécia (SD), Jimmie Akesson, conseguiu transformar o partido de extrema-direita: de pária a um peso pesado da política sueca, sem o qual os conservadores não poderão governar o país.

Principal vencedor das eleições legislativas muito acirradas de domingo, Akesson, 43 anos, deputado desde 2010, cultiva a imagem de sueco "comum".

O mesmo acontece com a linha política que transformou um partido herdeiro de um grupo neonazista, a organização "Bevara Sverige Svensk" (Manter a Suécia Sueca), em um movimento nacionalista que tem uma flor como logotipo.

"Quer passar a imagem de uma pessoa comum (...) que cozinha salsichas, viaja para as Ilhas Canárias em um voo charter e fala de forma comum", disse à AFP Jonas Hinnfors, professor de Ciências Políticas na Universidade de Gotemburgo.

"Como se fosse um vizinho que vive em uma área acessível em uma pequena aglomeração", resume.

Akesson nasceu em Solvesborg, localidade de 9.000 habitantes no sul da Suécia, em uma família de classe média, com pai empresário e mãe auxiliar de enfermagem.

E foi nesta província rural, onde as casas exibem bandeiras da Suécia e existe uma grande preocupação com a cidade vizinha de Malmo - com grande população migrante - que o SD construiu seu primeiro reduto.

- "Tolerância zero" -

Akesson deu os primeiros passos na política ainda na adolescência e aderiu ao partido nos anos 1990, depois de passar algum tempo no principal partido da direita sueca, os Moderados.

Em 1998, ele se tornou vereador de Solvesborg, Em 2005, passou a liderar o partido de extrema-direita, quando o SD tinha apenas 1% das intenções de votos.

Sob seu comando, a identidade do partido mudou, tanto na forma como no conteúdo.

Em 2006, adota um novo símbolo: uma bela anêmona azul com um coração amarelo, as cores da Suécia, em vez de uma tocha, muito mais agressiva.

De modo paralelo, o partido tenta estabelecer distância dos pequenos grupos racistas e violentos e insiste em uma política de "tolerância zero" contra o racismo.

Para os críticos, tudo é uma questão de aparência. Em agosto, um relatório do centro de pesquisas sueco Ata Pública conclui que 289 políticos membros dos partidos presentes no Parlamento tiveram comportamento ou atividade de caráter racista ou nazista, sendo a grande maioria (214) do SD.

Apesar das polêmicas, o partido registra um grande avanço: 5,7% dos votos e os primeiros deputados no Parlamento em 2010, 12,9% e o posto de terceiro maior partido em 2014, 17,5% dos votos em 2018.

No domingo, de acordo com os resultados provisórios, o SD conquistou 20,7% dos votos e se tornou o segundo maior partido da Suécia, atrás apenas dos social-democratas.

Com o aumento da imigração, a Suécia recebeu 250.000 demandantes de asilo entre 2014 e 2015, o que significa mais que qualquer outro país europeu em relação ao tamanho de sua população, de quase 10 milhões de habitantes.

O SD conquistou eleitores conservadores, mas também eleitores social-democratas, em particular homens da classe operária.

- "Mais influente" -

"Acredito que (nosso sucesso) é explicado pelo fato de que as pessoas consideram que os outros partidos não levam a situação a sério", afirmou Akesson à AFP em agosto.

"NÃO como os outros partidos": esta é a frase de campanha do SD em 2022.

O partido fez todo o possível para suavizar sua imagem, como outros grupos nacionalistas na Europa, destacam os analistas.

Os comentários polêmicos acabaram, como quando Akesson chamou os muçulmanos de "maior ameaça estrangeira desde a Segunda Guerra Mundial".

O SD também desistiu em 2019 de um "Swexit", depois de observar que uma saída do país da União Europeia não tinha apoio entre a opinião pública.

Para Jonas Hinnfors, o SD passou de um partido "que diz não a tudo para um partido (...) que começa a ver onde pode ser mais influente".

Apesar do sucesso, Akesson também mostrou fragilidades: em 2014, ele admitiu que tinha um vício em jogos online e depois se afastou temporariamente da política por exaustão.

Fã de livros policiais, Akesson é divorciado e tem um filho de oito anos.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)