Em uma conversa com seu homólogo russo, Vladimir Putin, "Erdogan indicou que a Turquia pode desempenhar um papel facilitador na usina nuclear de Zaporizhzhia, assim como fez no acordo de grãos", informou a Presidência turca.
O relatório se referia ao acordo assinado em julho pela Ucrânia e Rússia, com a ONU e a Turquia como intermediadores, para permitir a exportação de milhões de toneladas de grãos bloqueados nos portos ucranianos do Mar Negro devido à guerra.
No momento não há sinal de que Erdogan já tenha proposto tal mediação ao presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
No mês passado, o presidente turco alertou para o perigo de um desastre nuclear durante uma reunião com Zelensky em Lviv (oeste da Ucrânia).
"Estamos preocupados. Não queremos outra Chernobyl", disse ele, referindo-se ao acidente naquela usina nuclear ucraniana em 1986.
A situação na fábrica de Zaporizhzhia (sul da Ucrânia), alvo de bombardeios que ucranianos e russos culpam uns aos outros, colocou a comunidade internacional em alerta.
A Ucrânia disse na sexta-feira que bombardeou uma base militar russa na cidade de Energodar, perto da usina nuclear.
Anteriormente houve outros bombardeios no recinto da usina, a maior da Europa.
A usina foi visitada na quinta-feira por uma delegação de 14 membros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Seu diretor, Rafael Grossi, disse que a "integridade física" da usina foi "violada".
Uma equipe da AIEA estendeu sua permanência e dois inspetores ficarão lá "permanentemente", disse Grossi.
- Gás, uma arma política -
A invasão russa da Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro, até agora deixou milhares de mortos e forçou milhões de pessoas a deixar seu país ou se mudar para o território ucraniano.
Potências ocidentais enviaram ajuda militar e financeira a Kiev e impuseram sanções econômicas a Moscou.
O G7 das economias mais avançadas tomou na sexta-feira a decisão de colocar um teto no preço do petróleo russo, para punir uma das principais fontes de renda de Moscou.
Horas depois, o grupo energético russo Gazprom anunciou o fechamento sem nova data do gasoduto Nord Stream, que liga a Rússia ao norte da Alemanha, alegando vazamentos em uma turbina. O grupo Siemens respondeu que esta não era uma razão válida para interromper o fornecimento de gás, que é distribuído para outros países europeus.
O comissário para a Economia da União Europeia (UE), Paolo Gentiloni, assegurou que a UE está "bem preparada" no caso de uma interrupção total do fornecimento de gás russo, graças a medidas de armazenamento e economia de energia.
"Não temos medo das decisões de Putin, o que pedimos aos russos é que respeitem os contratos. E se não o fizerem, estamos prontos para reagir", disse Gentiloni à margem de um fórum econômico no norte da Itália.
KIEV