O presidente Joe Biden elogiou os números oficiais de emprego publicados nesta sexta-feira como "mais notícias boas", destacando em um tuíte um mercado de trabalho que "continua forte" e o fato de que "ainda mais americanos estão voltando ao trabalho".
O Departamento do Trabalho disse que o índice de desemprego voltou a subir pela primeira vez desde janeiro, alcançando 3,7%. Registrou queda em julho, a 3,5%, seu nível de fevereiro de 2020, pouco antes de a economia ser duramente afetada pela pandemia de covid-19.
Este aumento também está ligado ao fato de que muitos trabalhadores que deixaram o mercado na pandemia voltaram no mês passado: a taxa de participação aumentou 0,3 ponto, situando-se em 62,4%. No entanto, continua um ponto abaixo da média anterior à crise sanitária.
As mulheres são as que mais estão se reintegrando ao mercado de trabalho depois que muitas fizeram uma pausa de mais de dois anos para cuidar de crianças e idosos.
"Um marco bem-vindo: dois indicadores-chave do acesso a oportunidades - a taxa de participação na força de trabalho e a relação - superaram pela primeira vez seus níveis de fevereiro de 2020 para mulheres de 25 a 54 anos", celebrou em nota o secretário do Trabalho, Marty Walsh.
- "Vigoroso" -
Por outro lado, a criação de empregos desacelerou drasticamente no mês passado, chegando a 315.000, depois das 526.000 contratações em julho (segundo dados revisados para baixo).
"Apesar de um aumento na taxa de desemprego, o mercado de trabalho dos Estados Unidos continua mostrando-se vigoroso", disse Ann Elizabeth Konkel, economista do site de ofertas de emprego Indeed. "Não está em recessão", acrescentou.
"Ainda assim, o avanço de agosto representa um ritmo sólido de crescimento do emprego pelos padrões históricos", disse Nancy Vanden Houten, economista da Oxford Economics, em nota.
Nem a desaceleração econômica, nem os temores de recessão, nem mesmo as medidas do banco central dos EUA (Federal Reserve, Fed) para limitar a demanda e, portanto, conter a inflação, até agora afetaram a saúde de ferro do mercado de trabalho.
Mostrou inclusive um dinamismo inesperado em julho, recuperando pela primeira vez os 22 milhões de empregos que haviam sido destruídos pela covid-19. No final do mês passado, havia mais de 11 milhões de vagas, ou duas para cada candidato.
- Fed contra a inflação -
O presidente do Fed, Jerome Powell, insistiu neste ponto na semana passada em uma conferência em Jackson Hole, Wyoming, ao alertar que o retorno à estabilidade de preços levará a "um longo período de crescimento mais fraco", assim como a "uma desaceleração no mercado de trabalho".
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos contraiu nos dois primeiros trimestres de 2022, o que é estritamente definido como uma recessão. E se a maior economia do mundo parece não se encaixar nesta definição desta vez, é sobretudo pelo bom desempenho do seu mercado de trabalho.
O Fed está elevando gradativamente suas taxas de referência, a fim de encarecer o crédito para pessoas físicas e jurídicas e, assim, conter o consumo e, consequentemente, a pressão sobre os preços. Vai aumentar as taxas novamente em sua próxima reunião de 20 a 21 de setembro.
"As autoridades do Fed provavelmente vão receber um ritmo mais lento de contratação e um aumento na oferta de mão de obra à medida que avançam em direção a um mercado de trabalho menos dinâmico", disse Vanden Houten.
No entanto, ele acredita que "tensões persistentes (...) e o crescimento salarial ainda robusto" podem levar o Fed a aumentar as taxas novamente em três quartos, como em junho e julho.
Membros do Comitê Monetário, órgão decisório do Fed, também ficarão de olho nos números da inflação de agosto, que devem ser divulgados em 13 de setembro.
A inflação nos Estados Unidos, em seu ponto mais alto em 40 anos, desacelerou em julho para 8,5% em relação ao ano anterior, de acordo com o índice CPI.
WASHINGTON